Por quê?

É com essa pergunta direta e sincera que começamos nossa conversa com Peter “Combofiend” Rosas, gerente de comunidade da Capcom e responsável por nos apresentar a irreverente versão Omega de Ultra Street Fighter IV. Com a empolgação de um fã e abraçado em seu controle arcade, ele recebeu a gente no estande da Warner durante a Brasil Game Show 2014 para mostrar um pouco dos absurdos que estão por vir.

“A ideia é manter o jogo sempre atualizado”, explica Rosas em meio a um combo em que Ryu arrancou cerca de um quarto de energia do oponente. “Para isso, focamos em algo que queremos que seja divertido para os jogadores. Algo muito mais diferente do que fizemos com a versão Ultra e que incentive o pessoal a encontrar todas as novidades, criar novos combos e se readaptar à jogabilidade”.

E não há como negar que a Capcom está no caminho certo para isso com a Omega Edition. Trata-se da quarta grande expansão de Street Fighter IV e é, de longe, a mais impactante, já que ela altera radicalmente a lógica de alguns personagens e revoluciona o estilo geral de combate. Não é à toa que ele vem sendo chamado de “o Street Figher de rodoviária oficial” por muita gente.

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Contudo, ao contrário do que muita gente pensa, a tal “Bus Stop Edition”, como Combofiend se refere ao clássico hack, não foi a inspiração para a nova atualização — tanto que ele apenas ficou sabendo de sua existência a partir de conversas com amigos brasileiros. Segundo ele, o game nasceu como uma piada dentro dos próprios estúdios da Capcom no Japão. “Os programadores alteraram o estilo de alguns personagens como brincadeira, começando por Ryu. Então eles decidiram expandir isso para outros rostos mais conhecidos, como Ken e Sagat. Em determinado momento, a coisa estava tão louca e única que eles viram que precisavam disponibilizar aquilo para o público”.

Contudo, apesar de a coisa parecer bastante caótica, é possível perceber que há uma lógica por trás de todas as mudanças. Ver um Ken soltando Hadoken pelo pé ou um Guile lançando diversos Sonic Boom na sequência pode assustar o jogador mais tradicional e dar a impressão que tudo foi feito a partir da roleta da aleatoriedade, mas há uma lógica e uma organização perdida em meio a essa bagunça. De acordo com o gerente de comunidade, apesar de o jogo ter uma ideia similar ao do Street de Rodoviária, a Omega Edition ainda tem suas regras e as coisas funcionam dentro disso.

E é exatamente aí que surge a dúvida em relação ao equilíbrio entre os personagens. Afinal, como um dos títulos mais competitivos entre os fighting games, essa era uma preocupação bastante recorrente. No entanto, Combofiend explica que esse o intuito da Capcom não é tornar Omega o novo título principal da série, mas algo diferente. “No caso dos torneios e do cenário competitivo, Ultra Street Fighter IV ainda é o foco. Com esta nova edição, nós apenas trouxe os uma quebra na lógica. É claro que nada impede um campeonato de usá-la, mas ela não é nosso principal produto nesse sentido.

Mas o que mudou?

Vale notar, porém, que nem tudo é bagunça. Quando Combofiend me passou o controle e pediu que eu escolhesse um dos personagens disponíveis para testar as novidades, fui na escolha mais óbvia: Ryu. E, apesar das tentativas de soltar Hadoken em meio a um Shoryuken ou fazer meu inimigo explodir com um Tatsumaki Senpuu Kyaku flamejante, nada de extraordinário aconteceu.

“Algumas das mudanças da Omega Edition são bem sutis”, explica Rosas. “Com o Ryu, por exemplo, o que muda é o tempo dos frames e a quantidade de hits de alguns golpes”. E, enquanto eu não consegui fazer nada de espetacular com o herói da série, Peter mostrou porque ele é referência dentro de Street Fighter e mostrou o quanto o lutador da faixa vermelha mudou. Golpes mais ágeis e combos devastadores surgem com mais facilidade (nas mãos treinadas), embora sem o apelo visual que esperávamos de um Street de Rodoviária.

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Segundo o gerente de comunidade, a ideia da nova versão do jogo é exatamente essa. Como vimos com Ken e Blanka, que estão bem mais absurdos em termos de golpes improváveis, a galhofa está presente, mas não em todos. “Personagens como Ryu e Sagat, por exemplo, têm mudanças que somente aquele jogador que realmente conhece o game vai perceber. Já outros são mais nítidos”.

Outro exemplo que pode passar despercebido aos olhos leigos é Dhalsim. “A gente se acostumou a vê-lo como uma opção para ataques à distância, mas lento. Em Ultra Street Fighter IV Omega, ele está mais rápido e com golpes próximos. Ele está bem mais agressivo”. Com isso, Combofiend deixa de lado os irritantes telefortes e as sequências de Yoga Fire/Flame para apostar em uma sequência de golpes que você dificilmente veria em outra versão do título.

Com todas essas alterações, fica a dúvida: como a comunidade em geral vai se adaptar. Afinal, praticamente todos os personagens tiveram sua mecânica refeita e isso vai influenciar no estilo de combate de cada um. E é aí que está o grande interesse da Capcom. “É o jogador quem vai definir a melhor forma de adaptação”, afirma Rosas. “Usando o exemplo do hardc0re [jogador brasileiro], ele já tem experiência com o Dhalsim e sabe usá-lo numa luta. Se ele aprender como combinar isso com as novidades, pode surgir algo bem destrutivo”.

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O mesmo acontece com Bison e Balrog, que também ganharam habilidades que vão mexer diretamente na dinâmica existente. O chefe da Shadaloo agora é capaz de refletir projéteis, de maneira similar ao que Rose já fazia, enquanto o boxeador consegue desviar de Hadoken em uma esquiva que lembra muito o Lariat de Zangief. “São ataques retirados do Alpha, 3rd Strike e outros Street Fighter, além de alguns movimentos inéditos”, confessa o gerente.

E, apesar de a demonstração apresentada na BGS se limitar apenas ao elenco clássico, Combofiend confirma que todos os personagens de Ultra Street Fighter IV vão ser alterados. “Novamente, nem todos vão ter novidades tão aparentes. Poison, por exemplo, já é uma lutadora bem forte normalmente, então ela vai trazer coisas mais sutis. Mas pode esperar coisas mais ousadas dos outros”, conclui Rosas.

Enquanto isso, ficamos no aguardo para soltar mais uns Hadoken com o pé.

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