Fallout SHelter

Fallout Shelter

por Cássio Barbosa

Apesar de alguns tropeços, um gratuito exemplar

Uma das grandes surpresas da E3 2015, Fallout Shelter foi revelado pelo game designer Todd Howard durante a conferência da Bethesda na feira. O primeiro game mobile da companhia coloca o jogador no papel do Supervisor (Overseer) de um dos famosos Refúgios (Vaults) da série. Desse modo, é preciso gerenciar não apenas a fortaleza, mas também todos os seus moradores e as suas necessidades.

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Além de saciar uma vontade do time de desenvolvimento de criar um jogo mobile (que, de acordo com Howard, surgiu com o lançamento do primeiro iPhone), o game para iOS e Android também serve como um aperitivo para os jogadores provarem um pouco mais do universo série antes do lançamento de Fallout 4 – previsto para o dia 10 de novembro para PlayStation 4, Xbox One e PC.

Monte a planta do seu abrigo

O game não conta com nenhum tipo de barreira clássica de jogos freemium, como propagandas, sistemas de vidas temporárias ou exigência de conexão à internet.

Após escolher o seu Vault (o jogo permite manter até três campanhas no mesmo aparelho), é hora de organizar seus primeiros moradores para sustentar o abrigo. Entre os cômodos iniciais, há desde estações de saneamento d’água até restaurantes – necessários para produzir água e comida para os seus residentes.

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Conforme o seu progresso, novos tipos de quarto podem (e devem) ser adicionados montanha abaixo. Assim, mais alojamentos são necessários para abrigar novos moradores, enquanto usinas de energia precisam ser construídas com frequência para acomodar os maiores gastos de sua comunidade em ascensão.

Se tudo isso pode soar complicado, fique tranquilo, pois há um esforço por parte do game para manter tudo do jeito mais simples possível. Assim, cada cômodo conta com ícones indicativos que apresentam não apenas o que é produzido pela sala em questão, mas também qual atributo do sistema SPECIAL os cidadãos precisam para conduzi-lo melhor.

Ao mesmo tempo, a construção das salas é feita de maneira instantânea, de modo que o único tempo de espera enfrentado pelo jogador é o levado para acumular as tampinhas de garrafa (as chamadas Bottle Caps) necessárias para construir ou melhorar cada cômodo.

Cuide dos pilares do seu refúgio

Se é necessário planejar com cuidado a montagem do seu abrigo com a colocação de cada cômodo na hora e ordem corretas, igualmente importante é prestar atenção nos seus moradores. Representados no estilo do simpático Vault Boy, os seus residentes são as engrenagens que movimentam o seu abrigo.

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Assim, cada cidadão contém a sua própria pontuação no sistema de atributos SPECIAL, além de medidores de vida, radiação e felicidade. Ao mesmo tempo, todos também podem passar de nível e tornarem-se mais resistentes não apenas a eventuais ataques de monstros e bandidos, mas também mais aptos para explorar a Wasteland em busca de novos recursos para o seu abrigo.

Mandar alguém para o lado de fora do seu Refúgio pode ser arriscado, mas também traz as suas recompensas. Enquanto os seus exploradores podem enfrentar ataques de monstro (mais poderosos quanto mais longe estiverem), esta é uma das melhores de obter espólios como armas, roupas e dinheiro para equipar os seus cidadãos.

É uma pena, no entanto, que quanto maior o sucesso de seu abrigo, mais fácil fica manter-se no jogo. Apesar de o gerenciamento de tantos medidores dos seus residentes soar complexo a princípio, a dificuldade de ameaças como ataques de monstros ou desastres eventuais no seu Vault não é adaptada de acordo com o crescimento de sua população. Desse modo, após a marca do 50º residente, manter o seu Refúgio torna-se um verdadeiro passeio.

Modelo grátis exemplar

Durante o anúncio de Fallout Shelter, o game designer Todd Howard comentou que um dos objetivos da companhia com o game não era lucrar, mas sim oferecer um game grátis desenvolvido do jeito certo. Dessa maneira, o game não conta com nenhum tipo de barreira clássica de jogos freemium, como propagandas, sistemas de vidas temporárias ou exigência de conexão à internet.

Quanto maior o sucesso de seu abrigo, mais fácil fica manter-se no jogo. A dificuldade de ameaças ou desastres eventuais não é adaptada de acordo com o crescimento de sua população.

Apesar de ser possível comprar lancheiras especiais (que oferecem itens de maneira mais fácil) com dinheiro de verdade, não é uma tarefa impossível ignorá-las e ainda assim ser bem-sucedido em Fallout Shelter. Ao mesmo tempo, sem barreiras freemium, também é possível continuar jogando pelo tempo que o jogador quiser.

Enquanto esse modelo flui muito bem e faz com que o jogador imagine como seria se todos os aplicativos gratuitos fossem distribuídos de maneira similar, é importante lembrar que Fallout Shelter é um caso bem à parte. Afinal, a Bethesda pôde se dar ao luxo de distribuir um jogo dessa maneira, uma vez que a marca Fallout é suficiente para atrair os milhões de fãs da franquia.

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Ao mesmo tempo, lançado alguns meses antes de Fallout 4, o aplicativo também serve como uma ferramenta de marketing para o seu irmão maior. Afinal, ao apresentar uma pequena parcela do universo Fallout em um formato mais casual para aqueles que, como eu, nunca jogaram outro título da franquia, Fallout Shelter é bem eficiente em despertar a curiosidade a respeito da série principal. Que o digam as horas que passei pesquisando o que eram os tais Ghouls, Radscorpions e Mirelurks encontrados ao longo das minhas explorações.

Mesmo sem nenhuma pretensão de fazer dinheiro, a fluidez de Fallout Shelter o ajudou a tornar-se um dos jogos mais lucrativos da App Store, conquistando mais de US$ 5 milhões apenas em suas duas primeiras semanas. Assim, é impossível não se questionar se outras companhias donas de marcas tão conhecidas quanto Fallout não poderiam seguir o mesmo modelo. Ganhariam os jogadores, com games melhores e sem travas freemium, e as empresas, que poderiam ter mais aplicativos populares (e consequentemente lucrativos) ao apostar na qualidade.