Está mais do que na hora de Assassin’s Creed se reinventar — e a Ubisoft sabe disso. Todas as críticas que Unity recebeu no ano passado deixam mais do que claro que a série precisa de uma reformulação e, para isso é preciso de tempo. Depois de todos os problemas, não vai ser do dia para a noite que a franquia vai se reerguer. Assim, o novo Assassin’s Creed: Syndicate mais parece um título feito para preencher a tabela do que a tão espera renovação.

Mas isso não quer dizer que ele não se esforça. Ainda que esteja longe de trazer algo de novo ou mesmo de se reinventar, Syndicate tenta consertar alguns dos erros de seu antecessor ao mesmo tempo em que introduz elementos inéditos à jogabilidade. Pode não ser o suficiente para devolver o brilho a saga, mas o bastante para ser divertido.

Briga de rua

A demo presente no estande da Ubisoft na E3 era exatamente a mesma que foi mostrada durante o anúncio do jogo. Vemos os irmãos Jacob e Evie Frye discutindo sobre a melhor forma de acabar com a influência dos Templários em Londres. Como já havíamos visto antes, cada um deles possui um temperamento próprio e isso vai determinar o seu estilo de jogo.

Assassin's Creed: Syndicate

Com Jacob, as coisas são bem mais explosivas e intensas. Como visto anteriormente, todo aquele clima de gangues que será um dos pontos principais do jogo fica bem mais forte e, por mais que isso não tenha sido mostrado na demonstração, já foi possível ter uma rápida ideia de como ele é um personagem mais voltado para a porrada.

Para isso, Assassin’s Creed: Syndicate deixa de lado as mudanças feitas em Unity em relação ao sistema de combate e volta a trazer algo bem simplificado. Esqueça aquela ideia de saber o momento certo ou de ficar esperando o adversário abrir uma brecha para atacar. Como em uma boa briga de rua, a coisa aqui é caótica, ágil e bastante brutal, com vários inimigos vindo para cima ao mesmo tempo e você tendo de se desdobrar para derrubar todo mundo.

Assassin's Creed Syndicate

Nos controles, isso tudo faz com que Syndicate fique muito próximo daquilo que vimos na série Batman: Arkham. Com tudo sendo resolvido em apenas um ou dois botões, você quase não sente dificuldade nos combates, tendo sua maior preocupação com o contra-ataque — assim como já acontece com os games do Homem-Morcego.

Assassinos com quê de Homem-Morcego

Só que a pancadaria não é a única coisa retirada dos jogos da Rocksteady. A Ubisoft também se baseou no arpéu usado pelo herói para otimizar a movimentação de Jacob em Assassin’s Creed: Syndicate. Um dos produtores do jogo, Alexandre Letendre, explica que a decisão de usar esse recurso surgiu para facilitar a vida dos jogadores naquele período histórico.

Segundo ele, os prédios de Londres no século XIX eram bem mais altos que aqueles que estamos acostumados a ver na série e isso fez com que a escalada ficasse um pouco mais demorada. Assim, para que isso não se transformasse em problema, a solução foi introduzir esse elemento para deixar as coisas mais simples.

Assassin's Creed Syndicate

E, apesar de a semelhança com Batman ser mais do que descarada, a novidade funciona e realmente traz um dinamismo maior. Sem precisar ficar pulando de janela em janela, você tem muito mais tempo para perseguir um alvo ou fugir de uma luta desnecessária.

Por outro lado, o game conta com algumas novidades para chamar de suas. O sistema de charretes mostrado durante o anúncio do jogo é um exemplo disso. Ainda que controlar a carroça não seja a melhor coisa do mundo, ela oferece novas opções de movimentação que vão ajudá-lo a explorar o cenário de maneira mais eficiente.

“O mapa de Syndicate é quase do mesmo tamanho de Unity, mas o jogador vai sentir que ele é bem maior”, conta Letendre, explicando que não teremos mais zonas vazias apenas para criar a sensação de volume. “Ele é muito mais utilizado e não há mais áreas inúteis. Tudo está lá com um propósito e as carroças vão ajudar você a conhecer tudo isso”.

Assassin's Creed: Syndicate

Com isso, o novo Assassin’s Creed chega não com a proposta de ser um recomeço para a série, mas uma tentativa de colocá-la novamente sobre os eixos. Ele deixa de lado os exageros de Unity e se concentra em aparar as várias arestas deixadas por ele. “Não queremos que ele seja maior, mas melhor”, explica o produtor.

E a demo mostrou que Syndicate está no caminho certo — ainda que não seja uma tarefa tão difícil assim. Desse modo, por mais que o jogo não traga a renovação que a franquia precisa, pode ser que tenhamos um bom passatempo enquanto isso não acontece.

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