Beyond: Two Souls

Beyond: Two Souls

por Felipe Demartini

A mesma emoção de sempre, com pequenas melhorias

Beyond: Two Souls chega ao PlayStation 4 pouco mais de dois anos depois de seu lançamento original para o PS3, em versão exclusivamente digital. É, ao mesmo tempo, uma preparação para a Quantic Dream, que ainda não entrou de vez na atual geração, e também uma demonstração aos fãs sobre o que ela será capaz de fazer. O maior problema aqui (ou não), é que seguir de uma base como essa nem sempre apresenta um resultado realmente impressionante.

Em seu lançamento original, o game já era extremamente bonito, o que faz com que, na remasterização, a diferença esteja mesmo nos detalhes. As cenas com Aiden contam com muito mais partículas e efeitos, assim como os muitos momentos na chuva e neve aparecem mais bonitos. Os modelos de personagens também apresentam maior detalhamento, principalmente no caso da protagonista Jodie Holmes.

Além do pacote gráfico, mais algumas novidades. A remasterização para o PS4 possui um modo “remixado”, que na verdade é o oposto disso – agora, dá para jogar as cenas em ordem cronológica e acompanhar a narrativa na medida em que a protagonista vai crescendo. Isso, por outro lado, pode acabar entregando algumas surpresas antes da hora.

Apesar de todas as adições e novidades, é a performance de Ellen Page que realmente rouba a cena em Beyond: Two Souls.

O DLC Advanced Experiments também está o pacote e é parte integrante da remasterização. Além disso, o relançamento traz também uma pequena novidade ao final de cada capítulo, exibindo a porcentagem de jogadores que tomaram as mesmas escolhas que você e facilitando na elucidação de novos caminhos e escolhas que poderiam ser feitas.

Por outro lado, ao adicionar alguns elementos extras, o desenvolvimento da remasterização peca no polimento. Durante nossos testes, Beyond: Two Souls apresentou travamentos aleatórios, que obrigavam o desligamento do console para serem resolvidos. É uma falha esporádica, e que pode acabar não acontecendo para todos, mas quanto dá as caras, quebra totalmente o envolvimento com a boa trama apresentada.

Uma história tocante

Beyond: Two Souls

Apesar de todas as adições e novidades, é a performance de Ellen Page que realmente rouba a cena em Beyond: Two Souls. No papel de Jodie, a atriz entrega uma das melhores interpretações já vistas em um game e, não à toa, seu modelo é um dos mais trabalhados do jogo.

Esse foco no trabalho artístico é um dos responsáveis por transformar o título em mais um filme interativo do que um jogo. A história é emotiva e cheia de nuances, perfeita para o show que Page é capaz de dar na frente das câmeras, mas por outro lado, acaba deixando a jogabilidade de lado, baseando-a apenas em pressionamento de botões e movimentos simples do analógico.

Quem já jogou a versão original não perde muita coisa se não tiver acesso ao relançamento nem deve ver grandes atrativos nele. A não ser, claro, no caso dos fanáticos pela história de Jodie.

Além disso, em muitos momentos, as escolhas a serem feitas não ficam muito claras, e existem situações em que, independente da atitude do jogador, o desfecho acaba sendo o mesmo. Ao lado das QTEs, esse aspecto passa a sensação de que o controle está nos sendo constantemente tirado das mãos, e que a tarefa ali é apenas apertar um botão para que a próxima cutscene possa ser exibida na tela.

Esse é um aspecto que pode ser bom ou ruim, dependendo da atitude de cada um. Quem procura apreciar um bom enredo, a partir de uma proposta leve, vai se sentir em casa. Por outro lado, a falta de controle pode acabar incomodando, principalmente quando se leva em conta os amplos cenários, cheios de elementos com os quais não se pode fazer absolutamente nada.

Beyond: Two Souls

De resto, não há muito o que falar. A remasterização de Beyond: Two Souls traz ao PlayStation 4 exatamente o mesmo game que todos já conheciam, só que com gráficos um pouco aprimorados. É muito difícil melhorar aquilo que já era bom, e a ausência de diferenças claras no conjunto visual, principalmente, são uma demonstração do trabalho bem feito pela Quantic Dream no lançamento original.

Sendo assim, quem já jogou a versão original não perde muita coisa se não tiver acesso ao relançamento, e mais do que isso, não deve ver grandes atrativos nele. A não ser, claro, no caso dos fanáticos pela história de Jodie, que agora, poderão aproveitar o enredo a partir de uma perspectiva diferente e acompanhar seu progresso online, junto com o de outros jogadores. Vai de cada um saber se isso é motivo suficiente para uma nova compra.