É inegável que a Brasil Game Show vem numa ascendente desde seus tempos de Rio Game Show. Tudo cresceu, o público, o local e as atrações. Neste ano, então, de casa nova, no São Paulo Expo, o evento mais uma vez mostrou sinais de evolução, não fosse pelo que vi em relação aos espaços destinados aqueles que nos trouxeram até aqui, aqueles que viram o nascimento da indústria, participaram do grande crash de 1983 e os que fizeram renascer o mercado.

Começando pelo espaço “Evolução do Videogame”, que segundo relatos, estava menor neste ano. Porém, como essa foi minha primeira BGS, o natural seria eu me impressionar com a invejável coleção de Marcelo Tavares, idealizador do evento, mas o que eu vi me deixou ora triste e ora angustiado. Itens fantásticos que iam dos mais populares, como o Atari 2600 e Telejogo, até itens pouco comuns nos Brasil, como o PC Engine / TurboGrafx 16 e Wonderswan da Bandai. Uma infinidade dos populares (e inacessíveis para a maioria, na época) Game & Watch. Tudo isso exposto de maneira meio que jogada, com pouquíssima ou nenhuma informação, em vitrines mal iluminadas.

Outro ponto que decepciona é o potencial desperdiçado, em um evento que recebe milhares de pessoas, todas ávidas por poder jogar video games. Você se depara com dezenas de consoles desligados, nem ao menos exibindo seus pixels que tanta alegria já trouxeram e que poderiam continuar fazendo isso, seja dos marmanjos por pura nostalgia ou dos mais novos descobrindo como seus pais se divertiam.

Falando agora da área dos arcades, a decepção se seguiu. Tinha ouvido falar que em outras edições o local fora tomado por vários apreciadores das diversões eletrônicas tipicas dos botequins, onde rolaram pequenos campeonatos, organizados ali mesmo na hora. Mas o que encontrei me lembrou mais um daqueles buffets infantis com máquinas, pequenas, genéricas e em péssimo estado. Quem viveu a época de ouro dos fliperamas, ali entre 1980 e final da década de 1990, sabe como eram os equipamentos da época, com dois, três, quatro, até seis controles simultâneos. Aparelhos adesivados, decorados com imagens dos personagens e letreiros iluminados ostentando o título dos games.

A impressão que tive é que para essas áreas retro faltou uma curadoria, um pouco mais de cuidado e dedicação. Com um pouco mais de esmero, seria possível encontrar, mesmo que apenas para exposição, gabinetes originais, montar estações para consoles mais populares como Mega Drive, Super Nintendo e Nintendinho. Um pouco mais de informação além de nome, fabricante e ano de lançamento. Quando logo depois de visitar o local, um pouco distante dali, me deparei com o estande da Warpzone, publicação especializada em retrogames, fiquei pensando, por que não uma parceria e juntar tudo isso numa grande área dedicada à memória dos videogames?

Bem, não sou um produtor de eventos, posso estar fazendo parecer que seria fácil e talvez não seja, mas fica aqui meu relato e desejo de que, nos anos vindouros, eu não veja tantas pérolas como as da coleção do Marcelo “largadas” como velhinhos em um asilo, que são visitados uma ou duas vezes por ano.

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