Com uma enxurrada de jogos novos e potencialmente interessantes, a Capcom é, claramente, uma empresa que parece ter aprendido com os próprios erros e soube se reerguer, entregando aquilo que os fãs querem. E isso se aplica, também, à lista recente de coletâneas, uma tradição constante na história da companhia, mas que, ultimamente, não tem se limitado apenas a reunir títulos do passado em um pacote para as atuais gerações.

O Capcom Beat ‘Em Up Bundle é o mais novo expoente dessa caminhada, seguindo a lógica do que vimos recentemente com, por exemplo, Mega Man X ou o 30º aniversário de Street Fighter. Mais uma vez, temos a transposição de títulos nostálgicos da era arcade, desta vez com foco na porradaria. São sete jogos ao todo: Knights of the Round, Final Fight, Captain Commando, Warriors of Fate, The King of Dragons, Armored Warriors e Battle Circuit, sendo que os dois últimos jamais receberam versões para consoles domésticos.

No PlayStation 4, Xbox One e Switch (uma versão PC também está prevista, mas foi adiada), os títulos aparecem apenas emulados, sem remasterizações ou alterações visuais, no máximo, pequenas adequações para que rodem sem problemas nos monitores recentes. Porém, isso também significa que eles aparecem sem tirar nem pôr em relação aos lançamentos originais, o que inclui a crocância dos pixels do passado, mas traz juntos quedas na taxa de quadros por segundo e outros bugs que não deveriam mais existir.

Essa preservação de experiência também se reflete no modo como a Capcom tratou o multiplayer, com o mesmo estilo drop in drop out do passado. Se antes podíamos chegar com um monte de fichas na máquina que o amiguinho estava e começar e jogar imediatamente ao lado dele, agora isso é feito com um pressionamento do botão Start. Os continues são infinitos e podemos entrar e sair sempre que quisermos e a qualquer momento.

Isso também se reflete no modo online, citado como o grande diferencial do Capcom Beat ‘Em Up Bundle, mas, também, sua principal fonte de problemas. Isso se deve ao fato de os títulos ficarem praticamente injogáveis quando temos três ou mais jogadores na partida, com um lag inexplicável que acontece em todas as plataformas e não pode ser corrigido nem com as opções de atraso de frames disponíveis e pensadas, justamente, para compensar problemas de conexão.

O único game a escapar dessa maldição é Final Fight, que dá suporte a apenas dois jogadores, no máximo. Em todos os outros, o problema é grave e soa ainda pior em títulos como Battle Circuit e Armored Warriors, com visuais mais complexos e muitos elementos na tela. Com três usuários, tudo fica lento e, com quatro, é como assistir a uma apresentação de slides.

Encontrar partidas não é tão fácil, já que parece haver pouca disponibilidade de jogadores, mas o jeito mais fácil de se unir a anônimos pela internet é iniciar uma partida e aguardar que eles venham. Diante da drástica queda de frames por segundo, porém, o abandono é quase instantâneo, o que nos leva a outro grande problema da coletânea, que atrela os controles dos personagens largados aos do jogador principal, mas sem que os protagonistas possam bater. Eles andam e seguem nossos passos, mas apenas isso, servindo, no máximo, como iscas para os inimigos até que morram e deixem a porradaria continuar transcorrendo normalmente.

Capcom Beat 'em Up Bundle

São falhas que não condizem com o cuidado usual dado pela Capcom a coletâneas desse tipo. No Beat ‘Em Up Bundle, por exemplo, estão inclusas as versões japonesas de todos os títulos, com inimigos e conceitos inexistentes nas versões ocidentais, além de configurações avançadas que levam em conta o tipo de máquina existente na época, a quantidade de vidas e até quantos pontos garantem uma extra. Os continues, claro, são infinitos, enquanto a dificuldade pode ser ajustava para melhor abraçar um lançamento nos consoles.

Além disso, como no caso de Street Fighter e Mega Man, uma extensa galeria completa o pacote, trazendo artes conceituais, esboços e documentos da época. Ela inclui, também, fichas de personagens, manuais de instrução, folhetos publicitários e até mesmo placas e adesivos com breves tutoriais que eram colados nas máquinas.

No anúncio do Capcom Beat ‘Em Up Bundle, a ausência de games consagrados como Cadillacs and Dinossaurs e Alien Vs. Predator fez muita gente pensar que a empresa estaria preparando uma óbvia segunda edição da coletânea. Entretanto, quando graves problemas de jogabilidade atingem, justamente, o grande diferencial de um pacote desse tipo, uma continuidade não soa mais tão desejável assim.

É sempre bom ter títulos consagrados ao alcance da mão, de forma simples e rápida, e o pacote faz exatamente isso. Quem joga com os amigos vai sorrir satisfeito, entretanto, ao tentar modernizar os clássicos, a Capcom acaba falhando com força. Felizmente, os problemas parecem resolvíveis com uma atualização; resta aguardar e torcer para que a desenvolvedora faça isso o mais rapidamente possível.

O jogo foi testado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Capcom.

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