Diversão, inteligência e muita metalinguagem são três termos que definiriam muito bem a experiência de Chroma Squad, uma das principais ofertas independentes disponibilizadas pela Sony durante a Brasil Game Show 2014. O título da Behold Studios, a mesma de Knights of Pen and Paper, já está disponível no Steam Early Access e chega no ano que vem para PS3, PlayStation 4 e PS Vita. Foi justamente no console de nova geração da Sony que vimos o game em ótima forma.

Mostrando verdadeira paixão pelo trabalho que vem realizando, Saulo Camarotti apresentou o título ao lado do diretor de arte, Betu Souza. Em uma sala fechada, longe da barulheira dos estandes e da movimentação de pessoas que cada vez mais lotam o Expo Center Norte, o que vimos foi um título cheio de metalinguagem, que sabe brincar com a própria realidade. Além disso, vem como uma grande homenagem aos Tokusatsus, os nem sempre refinados heróis japoneses que povoaram a infância de muita gente.

Quem ajudou a financiar o título pelo Kickstarter tem uma ideia exata de como isso funciona. Para eles, a versão Beta de Chroma Squad começa justamente com um crowdfunding, que garante mais dinheiro para a produção de episódios. Tudo gira ao redor da independência, um aspecto que reflete exatamente a experiência da Behold, estúdio que cada vez mais assume ares de grandiosidade na mesma medida em que se mantém fiel às raízes, com pouca gente envolvida e games criados com o coração.

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Tudo em Chroma Squad cheira aos anos 90. Não se trata apenas dos gráficos e a trilha sonora, ambas no velho estilo 8-bit, mas também do clima da produção. A produtora virtual que o jogador administra no game tem um início modesto, e grava suas produções em becos, estúdios improvisados e em qualquer canto possível. Cones de trânsito, papel crepom e cola aparecem aqui e ali, transformando-se em armas, armaduras e vestimentas.

Chroma Squad traz saudosismo e metalinguagem

Com o tempo e a evolução do show e do estúdio, novidades vão sendo habilitadas. O time inicial de heróis pode ganhar a adição, por exemplo, de um “Metal Man” a la Jaspion, um Kamen Rider ou até mesmo um novo integrante “comum”, mas que chega com habilidades especiais. Robôs gigantes tambem fazem parte da fórmula e, como em qualquer seriado do tipo, protagonizam as grandes batalhas.

É um saudosismo que transparece e, inclusive, chegou a chamar a atenção da Saban, que quis conversar com a Behold sobre um possível uso irregular da marca Power Rangers. Essa polêmica foi deixada de lado durante a BGS 2014, com o foco permanecendo totalmente no jogo. Aspectos mercadológicos, aqui, não tiveram espaço.

Conectado aos jogadores

Camarotti e os outros da Behold são gamers como a gente. Sendo assim, eles não têm a menor vergonha de exibir suas preferências e afirmar exatamente quais são as influências que levaram Chroma Squad a ser o que é. Uma é citada o tempo todo, a franquia XCOM, com sua jogabilidade e ação táticas transparecendo como as bases da experiência.

Chroma Squad é, essencialmente, um RPG. O aspecto de gerenciamento aparece antes dos combates, com o jogador tendo de administrar um estúdio de produção de tokusatsus: contratando atores, criando o figurino, adquirindo novos equipamentos e lidando com o ego de todos os envolvidos. Todas essas atividades se convertem em audiência, essencial para obter fãs, dinheiro e garantir a sobrevivência da produtora.

Chroma Squad traz saudosismo e metalinguagem

Depois, durante a gravação dos episódios, é que acontecem os combates. Em turnos e com uma jogabilidade baseada em grids, os jogadores podem realizar movimentos acrobáticos e ataques combinados, que garantem mais audiência. O desafio tem um papel fundamental aqui e o jogo tem três níveis de dificuldade, voltados para jogadores de casuais a hardcore.

As batalhas contra monstros gigantes, usando robôs, assumem ares mais dinâmicos. O jogador pode realizar ataques sucessivos, cada um com menos eficácia que o anterior, até errarem. Aí é a vez do oponente, que ataca três vezes. A defesa depende do reflexo do usuário, que deve apertar o botão no momento correto para reduzir o dano.

À medida em que o tempo vai passando, é preciso se diferenciar para seguir em frente. Os fãs não vão gostar quando um episódio for igual ao anterior ou se os heróis não apresentarem uma evolução em sua vestimenta. Da mesma forma, na medida em que o show vai ganhando ares maiores, os atores começam a exigir salários mais altos, instalações mais luxuosas e podem até mesmo se recusar a trabalhar.

Chroma Squad traz saudosismo e metalinguagem

O velho dilema do mundo dos games também aparece em Chroma Squad: qual o equilíbrio correto entre dinheiro e amor? No game, você pode escolher ser uma produtora extremamente mercenária, como dizem, investindo em licenciamento, bonequinhos e outros produtos para lucrar mais. Ou então, investir na base de fãs, ouvindo o feedback apresentado por eles e aumentando o contato com a comunidade, mas ganhando menos. A forma de agir cabe a cada jogador e influencia no andamento da história, além de mudar o final da aventura.

Sim, ao contrário de outros gerenciadores, Chroma Squad tem enredo e um final. Segundo Camarotti, até mesmo as barreiras da realidade são distorcidas quando os atores começam a acreditar estarem realmente enfrentando ameaças do espaço, e eles podem acabar realmente salvando o mundo usando suas armas improvisadas e armaduras de papelão.

Ao todo, serão seis temporadas e aproximadamente 15 horas de jogo. Além, é claro, de opções variadas para recomeço, no modo New Game Plus, e os diversos finais que prometem incentivar os jogadores a variarem as escolhas para ver o que acontece. Tudo compõe uma evolução, que aparece em alto e bom som. A Behold está seguindo adiante, e Chroma Squad é prova disso.

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