Crueldade e beleza, novidade e repetição

Quem vê os gráficos bonitinhos e cartunescos de BattleBlock Theater, o mais novo game dos mesmos criadores de Castle Crashers, nem imagina estar diante de uma trama bastante cruel. No enredo, você é um prisioneiro cujo propósito de vida é garantir a diversão dos mais ricos, que assistem às suas desventuras no teatro. O que eles querem é te ver morrer, e da pior maneira possível, seja ela por explosão, afogamento ou um ataque de animais.

É assim que começa mais um título independente que reaproveita uma das premissas mais velhas do mundo dos games – as boas e velhas plataformas – para transformá-las em algo novo e inusitado. Com foco na customização e utilização de diferentes estratégias, BattleBlock Theater chega agora ao PC após uma longa temporada servindo de exclusivo no Xbox 360.

Lute pela própria vida (de novo, e de novo)

BattleBlock Theater é um título independente que reaproveita uma das premissas mais velhas do mundo dos games para transformá-las em algo novo e inusitado.

Apesar de parecer simples em um primeiro momento, BattleBlock Theater pega o estilo consagrado dos games de plataforma e o transforma de maneiras não tão inovadoras, mas que nem sempre aparecem combinadas desta forma. Aqui, nada de matar inimigos com pulinhos ou ataques especiais. O personagem tem à disposição um arsenal de armas eficientes para diferentes ocasiões, que poderão ajudar bastante em seu progresso.

Tudo funciona a partir de pontos obtidos ao completar os estágios e ganhar diamantes e novelos de lã que servem como o dinheiro do game. Assim como toda prisão, esta também tem sua própria economia interna, com itens de personalização e equipamentos sendo vendidos pelos mesmos guardas que deviam zelar pela segurança dos prisioneiros, mas acabam fazendo parte do show de horrores que está montado ali.

Diversos itens podem ser utilizados pelo jogador de acordo com sua vontade e estratégia. Está achando aquela fase particularmente difícil? Recrute a ajuda de um sapo suicida que explora o local para você e explode o próprio corpo quando encontra um inimigo. Prefere partir para o combate direto? Use socos e tiros para afogar os oponentes antes que eles façam o mesmo com você.

São inúmeras as situações e diversas as maneiras de abordar cada fase. Essa variedade de BattleBlock Theater é também um de seus poucos problemas, já que os desafios são repetidos à exaustão. Você vai se cansar de resolver desafios semelhantes relacionados a blocos explosivos, enquanto segue por fases com poucas diferenças até ver o próximo inimigo ou estilo de enigma habilitado para jogar.

Animação da melhor qualidade

Se a repetição acaba maculando o que poderia ser uma jogabilidade interessante e inovadora, o mesmo não pode ser dito dos aspectos técnicos de BattleBlock Theater. Partindo dos visuais já conhecidos da desenvolvedora Behemoth, o game traz animações de qualidade, áudio na medida e um roteiro bastante inteligente.

O título contou com grande ajuda da comunidade do site Newgrounds, já bastante especializado em animações e títulos com premissas fora do comum. Aqui, a influência dos fãs aparece na trilha sonora, criada de maneira dedicada a cada uma das fases e dando o tom dos momentos aflitivos, movimentados, parados e irônicos do game.

Se a repetição acaba maculando o que poderia ser uma jogabilidade interessante e inovadora, o mesmo não pode ser dito dos aspectos técnicos de BattleBlock Theater.

Falando em ironia, o narrador, Will Stamper, merece uma menção honrosa. Já conhecido como um dos principais nomes do Newgrounds, ele empresta sua voz à trama de crueldade disfarçada de otimismo que envolve o grupo de amigos protagonistas após um naufrágio. Com um humor que o Wheatley, de Portal 2, o anunciante age como um verdadeiro personagem da história. Ajuda muito o fato de BattleBlock Theater contar com legendas em português para completo entendimento.

A criatividade dos criadores também se estende aos aspectos da jogabilidade. Já falamos do conjunto de armas do título, mas merecem ser comentadas também as inúmeras possibilidades de customização, que permitem ao jogador dar a cara que quiser para os personagens ao longo do game.

Se a animação já era boa no Xbox 360, aqui ela aparece muito mais bonita.

Apesar de, nas cenas de corte, os protagonistas manterem suas características padrão e bastante sem graças, ao longo do game, é possível pirar loucamente. Cabeças de pug, monumentos históricos, personagens conhecidos e até referências ao cinema aparecem entre os elementos que podem ser adquiridos e usados pelos até dois jogadores que podem participar da aventura, em modo cooperativo.

Maluquices inéditas

Lançada um ano após a chegada original de BattleBlock Theater, a versão para Steam não poderia chegar sem sua cota de novidades. E, aqui, a principal delas é o sistema de criação de fases, que permite aos jogadores criarem estágios devastadores ao melhor estilo Cat Mario e levar adiante as loucuras imaginadas pela equipe da Behemoth.

Além disso, se a animação já era boa no Xbox 360, aqui ela aparece muito mais bonita. Os gráficos aparecem com resolução 1080p e tudo roda a 60 frames por segundo, com o título tendo uma boa apresentação até mesmo nas máquinas mais modestas.

Basicamente, o conteúdo é o mesmo. O grande trunfo do lançamento de BattleBlock Theater para PC, porém, é garantir que um sem número de novos jogadores tenha acesso a um dos melhores jogos independentes do ano passado que, apesar de se tornar repetitivo em alguns momentos, traz uma proposta interessante o bastante para ser lembrada e acabar até mesmo servindo como referência.

Este jogo foi analisado no PC e Xbox 360.