Deadlight

Deadlight Director's Cut

por Felipe Demartini

Uma nova perspectiva, mas cheia de problemas

Vivemos em um mercado atolado de jogos de zumbis, alguns bons, outros nem tanto. E nesse meio, ver uma nova perspectiva chega a ser um sopro de ar fresco, justamente o que Deadlight fez ao adicionar uma perspectiva 2.5D ao apocalipse desmorto. O problema é que, aqui, temos uma proposta que é bem mais interessante do que sua execução.

Lançado originalmente em agosto de 2012, o jogo chega pela primeira vez a um console da Sony, o PlayStation 4, em uma versão do diretor. Disponível também para Xbox One e PC, essa edição estendida traz um novo modo e melhorias gráficas. São as de sempre: visuais em 1080p e que rodam a 60 frames por segundo, aproveitando-se do poder de processamento mais alto das gerações atuais.

Isso tornou a arte do título bem mais bonita, quando é possível vê-la. Deadlight está cheio de trechos absurdamente escuros, que acabam se confundindo ao estilo artístico, que aposta em uma mistura de backgrounds detalhados com silhuetas e objetos em primeiro plano destacados. Muitas vezes, é difícil ver o que está a frente e entender o que devemos fazer para prosseguir.

Deadlight Director’s Cut tem um bom final, mas requer um nível considerável de tolerância a problemas de jogabilidade para se chegar até ele.

Quando é possível enxergar, entretanto, o conjunto gráfico se destaca bastante. Os cenários são vivos e cheios de elementos, com zumbis se movimentando e coisas acontecendo enquanto o jogador os explora. Pichações, fotos, cadáveres, pinturas e tudo mais contam um pouco da história dos lugares por onde passamos, mostrando como o apocalipse afeta cada um de forma individual.

Deadlight

Durante mais de metade do título, isso acaba sendo até mesmo mais interessante do que a trama do protagonista em si, que se resume a nada mais do que resgatar seus companheiros e seguir sobrevivendo. De início, até dá para ter algum contexto pelo diário de Wayne, o personagem principal, que contém nada menos do que 60 páginas para serem lidas. Parece pedir demais de um jogador que ainda não foi conquistado pelo título.

Mais perto do final, entretanto, alguns elementos novos são revelados e Deadlight acaba ganhando contornos bem mais soturnos e sombrios. Se você conseguir chegar até o fim, e gosta de boas viradas de roteiro, não deve se arrepender do desfecho.

Outro problema para finalizar Deadlight, além da trama com cara de tudo o que já foi visto antes, é a jogabilidade. Aqui, temos mais um caso de remasterização que foca única e exclusivamente no aspecto gráfico e deixa de lado outras características, muitas vezes, até mais importantes. Se você jogou o game em seu lançamento original, saiba que os bugs continuam presentes aqui.

Temos uma proposta que é bem mais interessante do que sua execução. E na remasterização, a Tequila Works não se importou muito em corrigir os problemas.

Há um atraso generalizado nos controles e bugs na movimentação, principalmente em saltos ou em momentos nos quais Wayne se pendura em beiradas. Levando em conta que muitos momentos de Deadlight se baseiam na precisão de pulos e movimentos, isso já conta como um grande ponto negativo, ainda maior que no original, pois aqui, os desenvolvedores tiveram tempo o bastante para melhorar o conjunto, mas optaram por não fazer isso.

Deadlight

Temos também algumas falhas bastante críticas, como quando objetos do cenário não carregam, incluindo até mesmo alguns inimigos, que só aparecem quanto atacam Wayne. Existem também sequências de ação que são iniciadas antes mesmo de o jogador ter controle do protagonista, durante um carregamento, e podem acabar dificultando muito as coisas.

Na soma de tudo isso, Deadlight Director’s Cut acaba passando longe da edição definitiva prometida pela desenvolvedora Tequila Works. Ainda assim, é divertido para quem procura algo diferente, mas requer um nível considerável de tolerância a problemas de jogabilidade e bugs para ser finalizado.

O game foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Deep Silver.