Adrian Chmielarz, ex-diretor criativo da People Can Fly, deu uma entrevista ao site GamesIndustry International criticando duramente a atual política de preços praticada no mercado americano. Na opinião dele, os jogadores pagam caro demais pelos títulos e, sendo assim, acabam esperando demais deles. Foi isso que levou a indústria, como um todo, a dar cada vez mais destaque aos AAAs, os únicos títulos capazes de reverter o investido em seu desenvolvimento levando em conta os valores exercidos hoje em dia.

Ele se considera uma das primeiras vítimas do que chamou de “morte da classe média” da indústria, com seu próprio Bulletstorm sendo caracterizado como curto e pouco variado. Sem “dez modos multiplayer, coop e tudo isso”, como definiu Chmielarz, o título acabou sendo considerado pouco atrativo pela crítica e pelos jogadores.

Na visão dele, jogos precisam ter um valor de mais de US$ 200, apesar de continuarem sendo vendidos por US$ 59,99. É uma ideia que se traduz não apenas em qualidade, mas também inovação, variedade e profundidade. E, no final, a conta não fecha, com muitas desenvolvedoras pequenas sendo incapazes de entregar o mesmo que grandes potências dessa indústria.

É justamente esse “medo” de entregar pouco e vender menos ainda que leva, por exemplo, a desastres como Dead Space 3, que transformou a franquia para pior. Na opinião do ex-People Can Fly, a EA cometeu um erro ao tentar transformar a série de terror em um proto-Call of Duty e tentar vender bazingões de cópias em vez de criar um jogo dentro das bases sólidas já criadas antes.

Em sua nova desenvolvedora, Chmielarz se posiciona no contrassenso da indústria. Ele trabalha em The Vanishing of Ethan Carter com seu recém-formado estúdio The Astronauts e diz querer passar longe dos “fillers” para justificar o valor pago pelos jogadores. Segundo ele, um título lotado de colecionáveis e modos vazios tem pouco valor, e títulos mais baratos poderiam permitir que os desenvolvedores pensassem mais em inovação do que em atolar suas propostas de conteúdo para justificar a compra feita pelos jogadores.

A ideia de Chmielarz faz sentido e, inclusive, é mais uma amostra dos motivos pelos quais cada vez mais gente importante da indústria está preferindo seguir para o mundo independente, com práticas mais simples, custos menores e, acima de tudo, preços mais baixos. Para muita gente, o atual mercado de games, apesar de estar lucrando muito, é insustentável no longo prazo e já tem muito teórico por aí prevendo um novo crash como o que aconteceu nos anos 80.

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