Nem todo mundo esperava grandes coisas do The Game Awards 2015. Em um evento de grandes jogos, a cerimônia parecia chegar com as cartas já marcadas, motivada, como sempre parece ser, mais por interesses comerciais e marketing do que efetivamente por premiar a qualidade na indústria. Felizmente, esse não foi o caso, e alguns jogos como Her Story, Splatoon e The Witcher 3: Wild Hunt acabaram roubando a cena de alguns figurões, esse último, inclusive, levando para casa o grande prêmio da noite.

Mas em meio a uma premiação com alguns prêmios bastante esperados, outros bem importantes e anúncios pouco empolgantes, o que ficou mesmo foram os momentos tensos. E menos de 24 horas depois do fim da cerimônia, a novela “Konami contra Hideo Kojima” tomou a capa dos principais noticiários de games do mundo, uma situação escrota que foi transmitida ao vivo aos olhos de todos.

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Desde o começo do show, dava para perceber que o apresentador e idealizador do The Game Awards, Geoff Keighley, parecia desconfortável. E da metade para o final, descobrimos o motivo: o criador de Metal Gear Solid, também grande amigo do frontman do evento, havia sido impedido de ir receber sua estatueta de melhor game de ação no evento, um bloqueio que já seria ruim o suficiente, e se tornou pior ainda quando se falou que advogados estiveram envolvidos em toda a questão.

A situação foi revelada no palco, com palavras duras de Keighley, vaias da plateia presente e seguida por uma bela apresentação da atriz Stephanie Joosten, que interpretou o tema de sua personagem, Quiet, em homenagem a Kojima. Na internet, claro, o mundo explodia e fãs de todo o mundo demonstravam seu apoio ao criador, que depois de algumas horas, respondeu apenas com um simples “Muito obrigado”.

Mais interessante do que o agradecimento, porém, é o fato de que o designer, em dois momentos, também retuitou críticas à Konami. Primeiro, ao reproduzir o comentário do YouTuber Yong sobre a decisão, taxada por ele como “um monte de bosta de D-Horse”, e depois, replicando a postagem do também produtor Cliff Bleszinski, que alegou ter sido um dos primeiros a puxar as vaias à Konami.

Hideo Kojima
É uma situação que não tem como defender a Konami e, goste ou não de Hideo Kojima, a ideia de uma empresa impedir seu criador de ir ao palco de uma premiação de jogo do ano receber uma estatueta é, para dizer o mínimo, asquerosa. Além, claro, de ser uma forma extremamente estúpida de silenciar o ídolo, causando o efeito oposto do desejado.

O que veio depois, porém, é a prova viva de que tudo aquilo que é ruim sempre pode piorar.

Um combo de mal estar

Para que os ânimos se acalmassem, mais um trailer foi chamado. De volta ao show, Jade Raymond, a antiga diretora da Ubisoft Toronto que agora trabalha ao lado da EA e da Visceral em um novo game de Star Wars, apresentaria a estatueta de melhor performance. E como dizem no Facebook, você não vai acreditar no que aconteceu a seguir.

Após falar rapidamente sobre a importância da interpretação e da dublagem para contar a história de um game, Raymond achou que aquele era um bom momento para dar uma cutucada em Hideo Kojima. “Quem poderia imaginar Metal Gear sem a voz de David Hayter?”, perguntou, com um nervoso aplauso da plateia.

Isso aconteceu, é importante lembrar, minutos depois do atual intérprete de Snake, Kiefer Sutherland, subir ao palco para receber o prêmio de melhor game de ação no lugar de Hideo Kojima. A substituição gerou diversas críticas dos fãs desde o lançamento de Metal Gear Solid V: Ground Zeroes, principalmente devido ao fato de Hayer ser o dublador do personagens desde os tempos do PlayStation.

E como se não bastasse apenas isso, ao apresentar o prêmio, ela colocou o troféu no chão, alegando que ele era pesado demais, e se confundiu toda, revelando a vencedora correta, Viva Seifert, mas pelo game errado, citando The Witcher 3: Wild Hunt no lugar de Her Story. Após alguns segundos de hesitação, e de Raymong sozinha no palco, a atriz finalmente subiu para receber a estatueta e deu seu discurso como se nada tivesse acontecido.

 

 

Pelo Twitter, depois da cerimônia, Raymond afirmou que a confusão aconteceu pois o envelope entregue a ela com o nome da ganhadora veio com as informações erradas. Além disso, negou o questionamento de um seguidor sobre estar “alterada” durante a cerimônia, afirmando ser straight edge, ou seja, não consome álcool ou drogas.

Em meio a todos esses problemas, pode-se chegar à conclusão de que, para muitos jogadores e boa parte da imprensa, o The Game Awards ainda carece em representatividade. Seja devido à sua proximidade com estratégias de marketing ou devido à falta de credibilidade de seu idealizador, o evento deste ano acabará ficando mais lembrado por momentos negativos – ou positivos, como a camiseta da BGS usada por Phil Spencer no palco – do que, efetivamente, por seu mote principal, as premiações e anúncios. E isso, para um dos maiores eventos da indústria, pode ser algo inconcebível.

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