Você sabe qual é a definição de insanidade? Conheça você ou não a resposta para essa célebre frase, a Ubisoft quer te dar mais uma chance de entender exatamente, o que está por trás da loucura e da violência de Vass Montenegro. Ao relançar Far Cry 3 para a atual geração de consoles, a empresa não apenas nos leva de volta a um passado que definiu tudo o que veio depois, mas, também, a um dos melhores jogos da marca.

Liberado no final de maio como um extra para quem comprou o Season pass de Far Cry 5, o jogo não é uma remasterização, mas sim, apenas uma versão. Não existe nenhum trabalho gráfico ou de otimização aqui, e a qualidade maior da edição Xbox One ou PlayStation 4 tem a ver com o poder maior destas plataformas em relação às do passado. Imagine que, nos consoles, você tem acesso ao que era a versão PC de Far Cry 3, rodando com todas as configurações no máximo. Isso funciona, também, como um testamento da beleza de um título que, seis anos depois, ainda surpreende.

A ilha paradisíaca é tão impressionante quanto sempre foi, com uma draw distance das grandes. Dá para enxergar longe e praticamente tudo o que avistamos pode ser marcado no mapa e visitado, com um ambiente que vai se expandindo na medida em que liberamos as torres, que estão entre os objetivos centrais de Far Cry 3.

Como fruto da ausência de um trabalho apurado para a nova geração, porém, o poder completo do PS4 e Xbox One não é aproveitado na íntegra. Isso se traduz em eventuais quedas na taxa de quadros por segundo, que não deveriam acontecer em plataformas que possuem poder de sobra para rodar o jogo, além de pequenos problemas gráficos decorrentes da versão original, que também não foram corrigidos. O conjunto, porém, se torna ainda mais primoroso quando se olha o todo.

Outra herança maldita da geração passada é uma zona morta nos controles, que atrapalha a precisão e deixa a jogabilidade mais pesada. Nos joysticks do PS3 e Xbox 360, menos preciso, não notávamos isso, mas quando se leva em conta os acessórios atuais, a falha é bastante perceptível e deve dificultar a vida da galera que gosta de economizar nas balas e acertar só a cabeça dos inimigos. Felizmente, uma atualização lançada cerca de um mês após a chegada original da Classic Edition resolveu o problema.

Mas o grande astro de Far Cry 3, realmente, é o vilão Vaas e insanidade é uma palavra que o define muito bem. O personagem é ameaçador e imprevisível, apresentando um humor negro e uma cara de maluco que apenas acrescenta aos atos já desprezíveis que ele realiza. Montenegro é membro de uma gangue de tráfico de pessoas, mas os negócios nem sempre vão bem quando ele mostra uma predileção por incendiar seus sequestrados.

Interpretado por Michael Mando, o vilão abrilhanta o título e adiciona um caráter dos mais interessantes a um game que, por si só, já é cheio de elementos. Nesse relançamento, Far Cry 3 aparece com todos os seus DLCs, o que adiciona novos animais à já extensa fauna e insere mais missões em um mundo que já era bastante povoado por objetivos principais e secundários. São duas ilhas, muitos caminhos a seguir e uma porrada de coisa para fazer.

Far Cry 3

Quando se joga Far Cry 5 e, logo na sequência, o terceiro game da série, duas coisas ficam claras. A primeira é como a Ubisoft vem aprendendo desde então, aprimorando mecânicas e acrescentando elementos a uma fórmula que funciona desde a geração passada e parece mostrar poucos sinais de perda de fôlego.

O segundo ponto, porém, é a constatação de que, lá atrás, a empresa já havia acertado. Far Cry 3 resistiu bem ao teste do tempo e é melhor do que muitos shooters atuais, criados com ferramentas modernas. Mesmo aparecendo sem o modo multiplayer neste relançamento, se trata de uma aventura na qual o jogador pode investir horas e horas sem cansar, devido à quantidade de coisas para fazer e, principalmente, o carisma de um vilão sádico, perigoso e insano.

É Vaas, inclusive, que demonstra o maior aprendizado da Ubisoft, o de não jogar fora precocemente um dos melhores personagens que já criou. A empresa ainda patinou na sequência, com Pagan Min, e em Far Cry 5, finalmente parece ter encontrado o equilíbrio entre um vilão incrível, ameaçador e cheio de background com uma jogabilidade que preza pela liberdade.

O jogo já está disponível como parte do passe de temporada de Far Cry 5. A versão chega a todos os outros jogadores no dia 26 de junho.

Atualização 26/06/2018 11h45: O review foi atualizado para refletir o lançamento de Far Cry 3 Classic Edition a todos os usuários, que acompanhou um patch que corrigiu a zona morta nos controles.

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