Watch Dogs - Bad Blood

por André Ceraldi

Hackear não é a única arma

Lançada no fim de setembro, a DLC Bad Blood chegou com a promessa de ser o maior e melhor conteúdo extra de Watch Dogs. No controle de Raymond “T-Bone” Kennay, o jogador é colocado em meio a uma nova conspiração, e conta com recursos mais diversificados e acesso a áreas inéditas de Chicago.

A história, apesar de rasa, traz momentos interessantes, especialmente porque em grande parte do tempo, T-Bone age em parceria com Tobias Frewer, tendo que proteger o gênio-andarilho em diversos momentos, e se enfiando no meio de conspirações que vão muito além da compreensão da dupla. Nas missões da campanha de Bad Blood, a Ubisoft reuniu o que havia de melhor na história principal: a necessidade de saber mesclar o uso do stealth com a ação “porra-louquística”, cenários apinhados de inimigos e com inúmeros dispositivos para interagir e usar a seu favor,  além da possibilidade de passar pelos desafios de várias formas diferentes.

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Apesar de poder ser considerado uma espécie de resumo do que há de melhor em Watch Dogs, Bad Blood vai além e ao mesmo tempo aquém do que se poderia esperar de uma DLC. Novas mecânicas como o RC Car dão mais possibilidades para o jogador, usar o “carrinho de controle remoto” é divertidíssimo, e sua correta utilização é fundamental para conseguir passar pelos desafios propostos pela expansão. Se no controle de Aiden Pearce o jogador buscava incessantemente por câmeras para conseguir bisbilhotar locais de difícil acesso, no comando de T-Bone, além das câmeras e demais dispositivos, você vai procurar por buracos e pequenas aberturas por onde o RC Car possa passar. Esse recurso traz uma boa variedade ao gameplay, que em alguns pontos da campanha de Aiden se torna cansativo justamente por não ter muitas alternativas além do hackeamento de câmeras e sistemas de segurança.

Mas o supra-sumo da expansão são as missões de Street Sweep, que colocam o jogador para literalmente limpar as ruas de criminosos. Isso pode soar muito próximo das missões de esconderijo de gangues e de escolta criminosa da campanha de Aiden, e de fato é parecido, mas é justamente esse o grande atrativo do jogo. Bad Blood, por ser uma DLC, apresenta uma quantidade menor desse tipo de missões, e dessa forma, elas não ficam cansativas e acabam tendo uma variedade boa entre si. Algo bem diferente das quase 100 missões que Aiden tem de cumprir, que basicamente são divididas em três grupos: destruir gangues, interceptar comboios, e contratos com roubo de carros e de levar veículos de ponto A até ponto B.

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As Street Sweep, por aparecerem em menor número que as missões extras de Aiden, acabam sendo mais complexas, divertidas e desafiadoras. Nada de dificuldade punitiva, mas elas exigem que o jogador use todos os conhecimentos de combate e stealth que aprendeu ao jogar a campanha de Aiden. E além disso, em resumo, apresentam um level design mais interessante. O que Bad Blood tem de raso em sua história, tem em diversão em suas side missions.

Já que falamos em level design, vale dizer que de um modo geral, esse aspecto de Bad Blood é melhor construído do que o da campanha de Aiden. Isso fica evidente principalmente se o jogador for adepto do stealth e da resolução de puzzles. Apesar de funcionar bem com Aiden, o stealth com T-Bone é mais preciso e útil, os cenários são muito mais propícios para esse tipo de abordagem, e convidam o jogador para se esgueirar por trás de mesas e outras barreiras que apareçam pelo cenário. Mais uma vez, o uso do RC Car se faz notório, já que, é possível evitar o combate direto usando o veículo para derrubar inimigos através de um ataque com choque. Os puzzles também estão mais presentes, e não apenas na hora de hackear um computador ou servidor, muitas vezes é necessário resolver puzzles para desativar um sistema de segurança que dá acesso a uma sala ou a alguma parte do cenário. O sistema de segurança das instalações da Blume são bastante complexas e envolvem um sistema de alarme que é acionado quando T-Bone ou o RC Car são detectados por faixos de laser. Passar pelos emaranhados de laser é mais um desafio bastante interessante dessa expansão.

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Mas nem tudo são flores. Apesar de ter um level design ligeiramente mais interessante que o do jogo principal, a falta de criatividade dos puzzles e das armadilhas espalhadas pelos cenários são um ponto fraco do jogo. Tudo gira em torno de conectar corretamente os pontos dos labirintos de conexão, de saber escapar das armadilhas laser, e de encontrar aberturas para enfiar o RC Car. Apesar de esses elementos serem melhor explorados do que na campanha principal, é impossível não se decepcionar com a baixa criatividade e pouca variação dos desafios, especialmente nas missões de campanha da expansão.

Além disso, como já citado, a história principal de Bad Blood é rasa, e a sua falta de conexão com a tramade Aiden são uma decepção. T-Bone é um dos principais aliados do protagonista durante o jogo, e esperava-se que houvesse uma maior conexão entre as sagas no decorrer da expansão. Mesmo que o foco seja T-Bone e Tobias Frewer, seria interessante interagir mais com Aiden e até contar com sua ajuda em determinados momentos. Essa conexão (que não se conecta tanto assim) entre a DLC e a história principal, parecem ser uma das apostas da Ubisoft para seus jogos, já que algo muito parecido foi feito com Assassin’s Creed IV: Black Flag, que traz a DLC Freedm Cry, onde o jogador controla Adelawe, que durante boa parte do jogo foi um dos principais suportes de Edward Kenway, mas que em determinado momento segue o seu próprio rumo, assim como acontece com T-Bone em relação a Aiden.

Outra semelhança entre os dois jogos, é que o personagem da expansão é muito mais interessante do que o personagem do jogo principal. A Ubisoft sempre foi boa em fazer grandes personagens secundários, mas vem perdendo a mão em seus personagens principais, o que acaba dando a nomes como T-Bone, Adelawe e Haytham Kenway, muito mais brilho do que os personagens principais de suas respectivas histórias.

A DLC foi analisada no Xbox 360.