Apesar do nome de aplicativo de mensagem, The Messenger é o título de uma grande aventura que supera o tempo e os gráficos em Pixel Art para contar a saga de um ninja que precisa entregar uma mensagem para salvar seu vilarejo Shinobi de um ataque das forças das trevas. O único meio de fazer isso é se aventurar pelas terras inóspitas de um mundo que mistura variadas culturas, não só a oriental, como é de costume em jogos sobre Japão feudal.

Lançado nno final de agosto, The Messenger conseguiu agradar não só aos fãs de Ninja Gaiden, que fez 30 anos no mês passado, como os antigos produtores do jogo e também os novos jogadores que estão experimentando em massa os jogos de plataforma renascidos nesta era dos títulos independentes.

Para quem ainda não conhece, Ninja Gaiden foi um jogo de plataforma criado para o Nintendinho, no qual um ninja chamado Ryu Hayabusa (esse mesmo, de Dead or Alive) sai pelo mundo combatendo monstros de todo tipo para entregar um telegrama. Por muito tempo, ele foi o mascote da Tecmo e é assim famoso nos dias atuais por ser um grande desafio para os speed runners.

O personagem de The Messenger não tem nome oficial e você pode o chamar como desejar. Como sou “véi”, coloquei o mesmo nome de Ninja Gaiden, apesar de achar o design de 1988 mais estiloso e com uma pose legal tanto para atacar quanto para correr. Não sei até onde o estúdio Sabotage se inspirou no clássico jogo, mas certamente não foi na principal referência do game antigo: os filmes ocidentais de ninjas urbanos como “American Ninja”.

Detalhes à parte, o sistema é simples e divertido, ganhando destaque na resposta dos controles, o que será muito útil pois The Messenger não tem dó de ninguém, como nos jogos antigos de 8 e 16 Bits. Falando nisso, à primeira vista, as habilidades do personagem são idênticas às de Ryu Hayabusa, com a espadada em pé, no ar, abaixado, correr cortando e grudar nas paredes, mas um comando básico fará toda a diferença: após acertar algo com a espada, o ninja tem um pulo extra no ar. Por isso, já espere várias partes onde não existe chão, só lamparinas e inimigos pra atrapalhar e, por isso, a precisão dos comandos é tão elogiável neste título.

Diferente de Ninja Gaiden, The Messenger não tem magias, mas ferramentas e habilidades que vão surgindo, somadas às capacidades que vão aumentando conforme se compra mais itens na loja. É neste momento que The Messenger vai ficando parecido com um outro indie, o do cavaleiro pedreiro que virou o rei dos crossovers em 2018, Shovel Knight.

No ápice do desenvolvimento do personagem, você estará soltando Shuriken espiritual, terá um cabo com garras para alcançar lugares mais distantes, poderá planar no ar, nadar com impulso parafuso e ir e voltar no tempo. A parte interessante é que o passado neste jogo usa gráficos, trilha sonora e efeitos sonoros 8 Bits e o futuro usa recursos de 16 Bits, algo nunca visto antes.

O jogo tem duas etapas, uma linear que se passa por todo o mundo no passado e, após dominar a torre do tempo, com o “primeiro chefe final”, é possível ir ao futuro. Após superar o teste dos místicos, a passagem entre mundos e eras fica disponível, sendo a parte mais interessante do jogo, quando se mesclam passado e futuro para superação de desafios de inteligência.

Falando em inteligência, o jogo tem uma AI que varia entre mongol e super dotada, por isso, é imprescindível dominar todos os recursos de cada habilidade adquirida e caçar os fragmentos de alma cristalizadas que estiverem pelo caminho. Como o título tem um pouco de Metroidvania, saber navegar nos cenários e desconfiar de paredes passáveis ou quebráveis é a obrigação de todo ninja.

Após vencer a primeira etapa você ganha um mapa, mas até lá, vai suar muito sem saber se está indo pelo caminho certo. Todos eles levam a algum lugar, então, se der de cara com um beco sem saída, saiba que talvez você esteja na era errada.

Como os inimigos são repetitivos e manjados, o maior obstáculo serão os chefes e os desafios de habilidade ninja para conseguir os itens que te levarão para o chefe final, como os medalhões e as notas musicais espalhadas pelos lugares mais secretos de cada mapa, mesmo nas primeiras fases.

Um fator impressionante é que o jogo foi todo concebido para que a repetição de fases não seja irritante ou tediosa, visto que você retornará com novas habilidades e em outra era, com situações geográficas diferentes e passagens acessíveis. Claro que os chefes derrotados no passado não retornam, mas existem inimigos só no futuro também, isso quando não se mesclam entre passado e presente no combate.

Ainda falando na dificuldade gerada pelos cenários, se prepare para colocar sua habilidade ninja ao limite para decifrar os puzzles de agilidade, que são muito criativos. Mesmo morrendo bastante, você não é desestimulado em tentar de novo, e saiba que estou incluindo uma caverna totalmente no breu onde se deve tatear pra avançar, com inimigos e buracos escondidos pela escuridão.

Outros desafios clássicos como tora de madeira nas correntezas, cachoeiras e canhões que disparam o personagem longe são desafios a serem vencidos, às vezes só para conseguir um item raro, mas todo esforço vale a pena, diferente dos jogos antigos que eram desestimulantes, certamente por forçarem o recomeço e raramente terem checkpoint.

The Messenger não possui pontos fracos ou algum motivo que me faça reclamar, no máximo, apontar detalhes como “melhorar as poses de luta, ataque e corrida”. As composições musicais são ótimas e os efeitos sonoros convencem bastante, lembrando que falo de versões 8 e 16 bits. As animações dos personagens não têm nada impactante e as cores são simples, o personagem é bem pequeno e a falta de magias pode ser só um palpite ou saudosismo pelo Ninja Gaiden, nada que ofusque o brilho desta grande obra-prima que é The Messenger

Disponível para PC, Xbox One, PS4 e Switch, com vários idiomas incluindo o português brasileiro e com um preço honesto, The Messenger é uma ótima escolha para sentir a emoção de passar por desafios à primeira vista impossíveis, mas alcançáveis com um pouco de confiança nos comandos do jogo e em si mesmo.

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