Mulaka

Mulaka

por Fernando Scaff Moura

Um mundo cheio de cultura e mistério

Mulaka é um jogo de aventura em 3D, contando a história mitológica dos Tarahumara, um povo do norte do México e sua vida no deserto. Nele, o jogador controla Sukurúame, um guerreiro shaman que busca encontrar as criaturas lendárias para enfrentar um grande mal. Durante toda a jornada, novos desafios, habilidades e cenários são revelados, e a história e tradição desse antigo povo é mostrado de maneira profunda e interessante.

O jogo também possui uma arte bem resolvida em baixa poligonagem. Os personagens e cenários ficam bonitos nesse formato, criando uma composição bela e fácil de entender, dando espaço para os combates e mantendo o foco na história.

Assim, na revelação de uma tradição completamente diferente, está o grande ponto positivo. Raramente vemos games que abordam essas culturas marginais do mundo, aqui, isso feito com tanto bom gosto que é algo que deveria acontecer mais, afinal, isso revive um povo e nos faz perceber como vivemos em um planeta grande e repleto de variedade.

Tirando isso, claro que existem os problemas. O maior deles são as paredes invisíveis, aquele momentos em que você vai até a borda do cenário e fica andando, mas parado, em direção ao vazio. Em pleno 2018, usar esse recurso é uma clássica preguiça de design que pesa contra o jogo. É fácil entender por que isso acontece, afinal, o jogo se passa em um deserto, e mostrar a vastidão do espaço é algo necessário para exibir como o mundo é grande.

Contudo, Journey resolveu isso criando uma ventania que empurra o jogador de volta ao jogo. É uma parede invisível? Sim. Mas a solução é elegante? Muito! A equipe de Mulaka poderia ter se posto a pensar um pouco mais nisso.

O grande ponto positivo de Mulaka é a revelação de uma tradição completamente diferente. As culturas marginais são raramente abordadas, com este game nos fazendo perceber como vivermos em um planeta cheio de variedade.

Além disso, o título tem esa pegada de combate hack-n-slash meio chata. Em alguns inimigos, só é preciso esmagar os botões até eles morrerem, enquanto outros possuem um comportamento mais elaborado, exigindo desviar antes de acabar com eles. Até aí, tudo bem, não fosse o fato de oponentes novos demorarem a aparecer, o que torna as lutas repetitivas, sem contar nas esquisitas pedras aleatórias que criam uma barreira invisível ao redor da luta, para obrigar o jogador a encarar todos os rivais que ali estão.

Esses combates obrigatórios fazem o jogo ficar lento, pois, às vezes, você só quer chegar rápido a algum lugar e acaba caindo nessas armadilhas inevitáveis. Além disso, as lutas não fazem uma real diferença, não garantindo itens, pontos ou qualquer coisa vantajosa, somente um risco de vida permanente. Por outro lado, os poderes das criaturas lendárias criam uma boa inovação no jogo. Pegar a Águia, por exemplo, faz o título ficar mais dinâmico, criando novas situações de jogo, enquanto o Urso também facilita as coisas.

Mulaka

Mulaka é um jogo interessante, com uma proposta nova e em um contexto diferente. Qualquer fã do gênero de aventura e ação em 3D encontrará algo bem feito e com uma boa história. Entretanto, o título é parecido com muita coisa que já foi feita e sua grande diferença é o contexto. Mesmo sendo um jogo lento e meio repetitivo, ele avança bem e traz algo novo para o jogador a cada grande desafio superado.

O jogo foi analisado no PC, em cópia cedida pela Lienzo.