Você já imaginou como seria estar em uma estação espacial, isolado e indefeso, com qualquer tentativa de comunicação com a civilização sendo rapidamente frustrada pela ameaça de um organismo estranho, porém extremamente inteligente e assustadoramente mortal? Ao testar o novo game da franquia “Alien”, estes pensamentos instantaneamente surgiram, e pelo visto não irão embora tão cedo.

A desenvolvedora Creative Assembly acertou muito bem a mão na fórmula do jogo, seguindo a linha do longa-metragem original que é voltado para o terror, e optando por abordar intensos aspectos que fazem o jogador sentir-se solitário, desolado e especialmente imponente; diferentemente dos jogos anteriores onde reinava a interação, a ação e a prepotência em alta. Em “Alien: Isolation” toda a experiência será baseada na luta pela sobrevivência, e o medo constante de ser literalmente caçado por um alienígena. Sim, UM.

Mas apenas um inimigo é capaz de fazer o jogador sentir tudo isso? A resposta é simples: tudo isso e muito mais. A estrela do título é claramente o alien. O xenomorfo foi recriado a partir da criatura original com todo carinho e cuidado pela produção. Mas o que mais assusta além de sua aparência grotesca, é certamente a sua tão bem trabalhada inteligência artificial. A criatura não possui um padrão de comportamento e age de maneira impressionantemente aleatória. Somado a escassez de armamentos, os corredores labirínticos e a escuridão proeminente, a luz no fim do túnel parece extremamente difícil de alcançar.

E apesar de parecer, nada disso é exagero. Na demonstração disponibilizada em um evento especial em São Paulo, o desafio proposto era um mapa fora da campanha principal, e o objetivo era simplesmente deslocar-se do Ponto A e alcançar o Ponto B. Parece rápido e fácil! Até o momento em que o alien entra no campo de visão, aumentando incrivelmente a tensão e a missão, que deveria durar três minutos, se estende por pelo menos vinte minutos a mais.

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Durante todo o trajeto é preciso agir com extrema cautela. O mínimo som possível pode atrair a atenção da criatura. Até a respiração da personagem pode denunciá-la! Então além de se esgueirar pelas sombras é preciso tomar cuidado até para não tropeçar em algo. E correr está fora de questão, sendo uma opção apenas se for realmente necessário e se houver uma janela de tempo considerável para despistar o xenomorfo. Se o alien apenas desconfiar da presença da personagem, ele vai investigar a fundo, mas às vezes pode também enganar o jogador, aguardando pacientemente até que ele se revele, para enfim dar o ar de sua graça e abocanhá-lo. Se a criatura avistá-la, o jogador tem a opção de tentar fugir ou, tentar confrontar o alienígena. A segunda opção é quase sempre uma escolha fadada ao fracasso…

Como já dito anteriormente os armamentos são escassos, e além de fazerem um tremendo barulho, sua eficácia diante do inimigo é praticamente nula. Na demonstração, por exemplo, havia um lança-chamas. Pronto para equipar e usar. E ele foi usado… Mas serviu apenas para afugentar a criatura por alguns segundos. Na jogatina de um dos jornalistas presentes, o alienígena reagiu à investida, e ficou tão zangado que se vingou impiedosamente da personagem, cortando a energia local, e em seguida caçando ferozmente a personagem.

A astúcia do alien faz dele implacável, e mesmo sendo apenas um a bordo da estação, a sensação é de que ele é onipresente. Ainda não se sabe se na campanha principal a personagem poderá ter a chance de escapar das garras da criatura uma vez que ele consiga emboscá-la. Mas até lá é preciso encarar que: uma vez pego é one hit kill na certa.

E como diabos sobreviver a esse inferno? Existem algumas peripécias que facilitam a vida do jogador mesmo que por breves momentos.  O Crafting System, por exemplo, permite que os itens espalhados pela estação espacial, quando coletados, possam ser combinados e transformados em ferramentas e/ou dispositivos. O Noisemaker é apenas uma das muitas parafernálias que podem ser feitas, e que quando ativado, cria um mundo de ruídos para atrair a atenção do xenomorfo, permitindo assim ao jogador uma brecha para fugir.

Existe ainda o motion tracker, um rudimentar e efetivo aparelho já disponível desde o início da partida, que mostra a localização do alien, caso ele esteja próximo. E que, em momentos críticos, pode não funcionar corretamente se o jogador tomar uma atitude desesperada, digamos assim.

O fato de que a perspectiva do título seja em primeira pessoa talvez aumente a imersão da experiência. Em especial, quando o jogador está alheio ao perigo e, num repente, a personagem geme e suas costas são perfuradas pela cauda do alien…

Mas outros fatores também contribuem para a excelência do título. À exemplo disso existe a trilha sonora que está perfeitamente sincronizada e cria uma densa ambientalização. Os efeitos sonoros em especial fazem toda a diferença, pois são eles que alertam o jogador para as ameaças. E todo o design – dos cenários ao figurino – foi cuidadosamente pensado como sendo um futuro visto pela perspectiva de alguém que viveu nos anos 70, época em que o primeiro filme foi lançado.

Sendo diferente

Todavia, será que dá mesmo pra confiar que esse “Alien: Isolation” vai ser um sucesso depois do fiasco que foram os jogos anteriores? Apesar de proporcionar uma experiência que há muito não se via no mercado, o fato de o jogador a todo o tempo precisar se preocupar com a localização do alienígena, somado às constantes punições por tentativas mal executadas e/ou momentos de desatenção, faz parecer que o game é algo impossível de ser apreciado.

Após uma conversa com o líder criativo do game, Alistair Hope, todas as esperanças com a franquia nos videogames foram renovadas. O simpático bom moço nos contou que nunca jogou os jogos anteriores da série, e aqui o objetivo sempre foi, desde o início, trazer essa premissa baseada na experiência da sobrevivência, diretamente retirada do longa-metragem original. E mesmo o mercado atual de videogames, tão lotado de shootings massantes e ação frenética; de forma alguma assusta o produtor.

“Nós sempre quisemos recriar a atmosfera da obra original. Trazer o imprevisível e o desconhecido, e ressuscitar os instintos de sobrevivência. Então [neste título], o jogador é quem determina como quer jogar. Ele pode querer simular um shooter, mas o próprio jogo vai insinuar que desta forma é errado, e isso fará o jogador se adaptar, logo, proporcionando uma experiência diferente, e que provavelmente irá diverti-lo”, comentou Hope.

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Quando questionado sobre como os jogadores de primeira viagem podem resistir à luta pela sobrevivência, o produtor revelou que a dificuldade será um aspecto sempre presente no game. A demonstração disponibilizada na ocasião tinha algumas limitações e, sendo assim, na versão final, o jogador terá uma gama maior de opções para conseguir sobreviver. Mesmo quem nunca assistiu aos filmes (como eu) vai querer se familiarizar a partir da experiência do jogo. Hope inclusive desejou estar na pele dos jogadores que conhecerão a franquia a partir de “Alien: Isolation”, para assim ter a chance de viver essa experiência pela primeira vez. E para os fãs veteranos, ele deixou a seguinte mensagem: “[O jogo] está bem dinâmico e há tanto para explorar. Quem for fã vai reconhecer todas as referências que colocamos”.

O designer criativo também desvendou o mistério sobre os padrões do xenomorfo: “O alien não segue um script. A inteligência dele vai melhorando ao longo do jogo. Ele se adapta às reações do jogador. Então os itens de distração podem passar a não funcionar mais.”

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Por fim, Hope também comentou sobre a maldição que abala as adaptações, não apenas da franquia, mas da indústria: “Não é preciso se preocupar porque [“Alien: Isolation”] é uma nova história. Ainda assim, a fonte de tudo, o filme original é um material muito rico, então há muita qualidade para extrair”. E sobre o conteúdo adicional que trará os personagens da obra original, o produtor pareceu muito empolgado e realizado em tê-lo concluído.

“Foi uma oportunidade única na vida ter a chance de conhecer e conversar com os atores. Eles reconhecem a atenção e o cuidado que estamos tendo, apreciam e apóiam todo o projeto. Foi a primeira vez da Sigourney Weaver reinterpretando a Ripley nos videogames e ela parece reconhecer que este papel foi muito importante na vida dela. Ela inclusive dava sugestões sobre o que poderia melhorar… Ela foi incrível! Todos eles foram incríveis. Foi uma experiência única.”

Na história do jogo, a protagonista é a filha da heroína Ellen Ripley, Amanda, que é enviada para recuperar dados do cargueiro estelar Nostromo, a espaçonave em que sua mãe trabalhava. O jogo se passa 15 anos após os eventos do filme original. Com gráficos rodando a 1080p e 30 fps, localização totalmente em português e distribuído pela Sega, “Alien: Isolation”, tem lançamento previsto para 7 de outubro para PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360, Xbox One e PC.

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