Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados

por Durval Ramos

O brilho do Cosmo da nostalgia

Ao longo das últimas três décadas, nunca tivemos um jogo de Cavaleiros do Zodíaco que realmente fizesse jus a tudo aquilo que a série representa. Ainda mais no Brasil, onde o anime é quase idolatrado por fãs e é o principal responsável pela invasão nipônica da década de 90. Seiya e companhia fazem parte da formação cultural de toda uma geração.

E foi pensando exatamente nisso que a Bandai Namco deu um tratamento todo especial a Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados, o primeiro game da série para a nova geração e que chega por aqui com aquela velha dublagem que marcou a infância de muita gente. Depois de muito tempo esperando um jogo que respeitasse todas essas memórias, ele finalmente chegou.

Despertando o Sétimo Sentido

Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados é, sem dúvidas, o melhor game da franquia lançado até hoje, mas não que isso seja um grande desafio. Os títulos anteriores eram bem problemáticos e a Bandai se preocupou muito mais em corrigir esses detalhes e aparar algumas arestas do que fazer algo inteiramente novo. E isso está longe de ser ruim.

Em termos de estrutura e mecânica, o novo game dos Defensores de Athena é bem semelhante a Bravos Soldados, lançado para PS3 em 2013. A diferença é que ele está bem mais ágil e menos genérico. Mesmo com seus 72 personagens — um pouco menos na verdade, já que temos diversas variações do mesmo herói —, você consegue perceber uma diferença na forma de lutar entre um e outro. É claro que, por estarmos falando de um título com dezenas de opções, alguns ainda vão ser muito parecidos, mas a evolução é nítida.

Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados

Ainda assim, Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados é um game para fãs e não para quem procura um jogo de luta. Assim como já é costume da Bandai em relação a games inspirados em animes, todos os clichês e exageros típicos do gênero estão presentes.

Isso sem falar que somente quem acompanha a série há algum tempo vai se empolgar ao ver todo o elenco reunido. Pela primeira vez, temos um jogo que abrange todas as sagas do desenho, das Doze Casas à batalha contra Hades, passando por Poseidon e a fase de Asgard, inédita nos video games. E toda a história é fielmente recontada, ainda que a partir de uma animação sofrível. O lado bom é que não temos mais aquelas irritantes imagens estáticas de Bravos Soldados.

Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados

Além disso, Alma dos Soldados conta também com os Cavaleiros de Ouro em sua forma divina, algo que só apareceu no resente anime Alma de Ouro. No entanto, não espere rever a trama, já que essas armaduras sagradas só aparecem em um modo específico com combates genéricos.

Me dê sua força, Pégaso!

Como dito antes, o maior mérito de Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados é, sem dúvidas, a dublagem. Toda a equipe original que está há duas décadas emprestando as suas vozes aos heróis e vilões estão de volta e do jeito que você se lembra. E, assim como era na TV Manchete, ouvir o Seiya evocando a força do Pégaso ou o Saga de Gêmeos usando o Explosão Galáctica é de arrepiar.

Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados

Embora a grande maioria dos dubladores clássicos tenha retornado, alguns tiveram de ser substituídos. Mu de Áries teve de ser trocado por conta de problemas nos bastidores e Shina de Cobra e Camus de Aquário por conta do falecimento dos atores originais. Ainda assim, os novatos acabam segurando muito bem a bola e, apesar do estranhamento inicial, o desempenho final agrada.

Porém, nem tudo é perfeito. Ainda que a dublagem seja aquela que esperamos 20 anos para ouvir em um jogo, ela também tem seus problemas — e a grande parte dela é originada na péssima animação do game. Como se não bastasse os personagens não terem expressão alguma, a movimentação da boca é bem irregular e, sincronizar as vozes, os dubladores tiveram de fazer esforço hercúleo. O resultado são frases bem pausadas e em momentos bem desconexos. Não é algo que atrapalhe a compreensão, mas incomoda o ouvido.

A chama do Cosmo

Não era nenhum grande desafio trazer o melhor game de Cavaleiros do Zodíaco, mas Alma dos Soldados ainda consegue surpreender. Mesmo sendo bastante limitado em termos de animação e na própria jogabilidade, ele empolga naquilo que ele faz de melhor: ser divertido. Sem vergonha de se assumir como um jogo para fãs, ele abraça a nostalgia e faz com que nos sintamos mais uma vez sentados em frente à TV em uma tarde de 1994.

Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados

É claro que ele nunca será lembrado como um ótimo game de luta, mas ele também não se propõe a ser isso. Com Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados, a Bandai Namco presenteia os fãs com a melhor homenagem que a série poderia receber. O jogo empolga, as vozes fazem você se arrepiar e, ao final daquele Cólera do Dragão, é impossível que a criança dentro de você não esteja sorrindo.

Esse é o título que esperamos 20 anos para ter.

O jogo foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Bandai Namco.