Estamos em uma era delicada para os games famosos: como manter a essência original que conquistou tantos fãs ao passar das décadas e inovar para que estes mesmos fãs não abandonem o título, por causa da mesmice? Os Triple A estão passando por situações sensíveis e algumas empresas até estão evitando fazer games de alto custo. Enquanto isso, por consequência, muitas estão apoiando os jogos independentes justamente devido o baixo custo de produção e o retorno positivo dos consumidores.

Mas os games de luta têm uma situação ainda mais efêmera: como manter o tradicional e inovar em um sistema de combate naturalmente limitado, em um contra um, onde até mesmo poucos indies se aventuram?

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Street Fighter é a franquia de game de luta mais clássica possível, pois não só criou o gênero Versus, como o sistema de combate onde se precisava fazer movimentos de direcionais no controle para realizar os super golpes e a transição de etapas. Tudo funcionava como em torneios reais, por rounds (ou Ippon, no Japão) de melhor de 3, com contagem regressiva. Por mais que existam variados games de luta e suas temáticas diferenciadas (com espadas, pets e monstros), o conceito ainda se mantém em todos e o peso da inovação acaba caindo principalmente sobre os ombros do pioneiro. Que ainda se mantém como referencial para os outros.

Nesta trajetória de quase 30 anos, Street Fighter teve muitos rivais e de tempos em tempos cada franquia entrava em rivalidade direta, e perdia, pois os outros títulos não conseguiam acompanhar as inovações e as tradições consagradas que fidelizavam gamers ao redor do mundo. Após o título da Capcom desbancar a franquia Mortal Kombat no começo da década de 90, vieram os jogos The King of Fighters que, apesar de terem resistido bravamente até meandros dos anos 2000, se sabotaram em 2008 lançando o decepcionante KOF XII, que deveria ser o ápice da inovação mesclando tradição (tanto é que o game seria um Re-Birth da franquia). Todo mundo viu o resultado…

Essa mesma decepção é revivida no recentemente anunciado King Of Fighters XIV, que não soube recriar o que os fãs tanto esperavam, dadas as primeiras impressões. Percebemos que o novo rival de Street Fighter é Killer Instinct, para Xbox One, com o retorno dos clássicos personagens com design e gameplay inovadores, sem abrir mão da tradição que alegrou os fãs há 20 anos. Até o mesmo sistema de atualização a Capcom vai utilizar: temporadas do jogo liberando personagens e cenários e abrindo mão da necessidade das novas versões, não fazendo os consumidores acumularem mídias físicas e games obsoletos devido à vinda de uma nova edição revista e ampliada.

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Ironicamente, algumas novidades em SF e KI são ideias revividas de 15 ou 20 anos atrás, como no caso da nova lutadora brasileira, Laura Matsuda. Ela inova ao trocar o icônico Blanka por uma mistura de Anitta e Kyra Gracie, com golpes que remetem a Blue Mary da série, Fatal Fury, ou até Shermie do próprio King Of Fighters. Ou lembramos ainda o sapo Rash, de Battletoads, batalhando ao lado de Jago e Glacius com seus Easter Eggs nostálgicos.

Percebemos que o caminho do guerreiro se mantém árduo, mesmo na era digital. Isso sim é um paradoxo de conservadorismo moderno.

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