Sempre que um filme, jogo ou qualquer coisa baseada em livro, filme, jogo ou qualquer outra coisa é lançado, sempre temos a boa e velha discussão entre os fãs. Será que o produto final fez jus àquele que o originou? O que é melhor, o que veio antes ou o que chegou depois? Normalmente, a conversa se encerra com a noção de que adaptações dificilmente são melhores que o material original, por mais que sejam boas. Mas aqui, temos um caso diferente.

Tripulação de Esqueletos

Estou falando de “O Nevoeiro”, conto de 1980 escrito por Stephen King e publicado no Brasil pela primeira vez cinco anos depois como parte da coletânea “Tripulação de Esqueletos” – título que, apesar de ser uma tradução literal do inglês, “Skeleton Crew”, em nada tem a ver com o sentido da frase. A indicação, porém, não é do texto em si, mas sim de sua adaptação cinematográfica, lançada em 2007 com o mesmo nome.

Dirigido por Frank Darabont, o filme conta a história de uma pequena cidade dos Estados Unidos que, um belo dia, se vê envolvida por uma densa névoa. Seria apenas um clima ruim como qualquer outro, não fosse o fato de que o nevoeiro esconde criaturas bizarras que adoram o gostinho da carne humana.

Em meio ao caos, o protagonista David (Thomas Jane) e seu filho Billy (Nathan Gamble) se veem presos em um mercadinho, junto com outras pessoas que também estão tentando entender o que acontece. E em meio às discussões e brigas que sempre surgem quando seres humanos estão presos em um local sob grande estresse, surge um culto religioso, um tribunal extremamente leviano e, claro, muitas cenas de sangue e desmembramento.

Quem é fã da série “The Walking Dead” com certeza já ouviu falar neste filme, uma vez que boa parte do elenco original está nele. Frank Darabont, o diretor, também foi um dos idealizadores do show, e trouxe consigo os atores Laurie Holden, Melissa McBride e Jeffrey DeMunn. Vale a pena prestar atenção também em Sam Witwer, que também é o aprendiz de Darth Vader em Star Wars: The Force Unleashed.

Mais do que tudo isso, o longa tem um dos desfechos mais desgraçadores de cabeça que eu já vi. Assisti ao filme no cinema, e me lembro claramente da cara de desespero de muita gente ao sair. É justamente por esse motivo que indico o filme, e não o livro. Stephen King não sabe escrever finais, com raras exceções, e “O Nevoeiro”, infelizmente, não é uma delas.

O que não significa que o conto não tenha gerado bons frutos. O principal deles é Silent Hill, o game da Konami de 1999. Diante das dificuldades técnicas de recriar uma cidade no primeiro PlayStation, o criador Keiichiro Toyama se lembrou do conto de King e teve a ideia de colocar a intensa névoa ao longo de todo o jogo, criando não apenas uma identidade e tensão únicas para o título, mas também trazendo diretamente das páginas um de seus monstros, a criatura voadora parecida com um pterodáctilo.

“O Nevoeiro” também é citado como uma das influências do pessoal da Valve na criação de Half-Life. O game não tem névoa, mas conta com a mesma ideia de criaturas de outra dimensão vindo à nossa e acabando violentamente com os humanos. O título original, Quiver, incusive, seria uma referência à base Arrowhead do conto, onde, por um momento, os refugiados no mercado acreditam que veio a causa de toda aquela situação.

Vale a pena ler o conto? Vale. Mas prefira o filme (tem no Netflix), não apenas por seu clima de tensão, mas pelo final que você, com certeza, jamais vai esquecer.

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