Desde que Shuhei Yoshida afirmou, durante a feira britânica EGX 2015, que não seria um bom momento para lançar um possível sucessor do PlayStation Vita, um pensamento nebuloso não me sai da cabeça: o futuro dos JRPGs nos consoles.

Explodindo no primeiro PlayStation, onde os maiores jogos do gênero foram lançados, o conceito dos RPGs japoneses como conhecemos foram aos poucos, de geração em geração, deixando as TVs e indo parar nos portáteis, sacrificando um pouco da imersão do jogo na tentativa de facilitar a vida do jogador. Afinal, ele cada vez tem menos tempo para desbravar as 120 horas de um gameplay no conforto do sofá, enquanto acumula mais intervalos entre um compromisso e outro.

Com isso, acabou restando aos consoles, apenas, o novo conceito de RPG, agora mais ocidentalizado, normalmente preso a um mundo aberto com trocentas infinitas horas com um monte de nada relevante para fazer – e que seguimos comprando religiosamente – acabando por frustrar o jogador em algum momento, que começa a se cansar desse aspecto. Entretanto, lá nos portáteis lançados, tanto os da Sony quanto os da Nintendo, os sagrados JRPGs ainda persistem com sucesso. Alguns baseado em turnos, outros mais focados nos elementos de estratégia, mas ainda assim com a pegada nostálgica.

E de forma silenciosa, os mesmos títulos, lá na App Store e/ou Google Play parecem cada vez mais atrativos. Alguns até melhores que a sua contraparte dos portáteis. Jogar o remake de Final Fantasy IV no iPhone ou no Android, em 2012, é bem mais confortável e prático que carregar o cartucho e o nada leve NintendoDS XL, por exemplo.

Refiro-me aos jogos da Square Enix propositalmente, sendo a empresa que nos trouxe os melhores JRPGs de todos os tempos e possui uma boa parte de seus clássicos lá nas lojas de aplicativos, com o maior empecilho sendo justamente seus preços, que beiram o absurdo.

E o motivo disso não fica apenas no fato de estarmos um tanto mal acostumados com excelentes opções de games mobile por um preço muito mais convidativo a separarmos do nosso dinheiro. A própria Square Enix tem ciência do tipo de preço que cobra pelos seus jogos, e os baseia no sentimento nostálgico e na qualidade aplicada ao jogo, sendo desenvolvido especificamente para a plataforma, onde, de fato, a cada novo game, melhora.

Mas, mesmo custando horrores, ainda assim, lá estão eles aguardando aos fãs que desejam fortemente o ícone de seu jogo “finalfantasyniano” favorito repousando na tela pequena dos smartphones (ok, nem tão pequena assim) preparado para carregar o save. E com a vantagem de poder curtir uma foto de um prato de comida, responder uma mensagem ou tuitar uma bobagem qualquer por ali mesmo.

Portáteis vs Smartphones

Os JRPGs estão fadados aos smartphones?

O embate entre os portáteis contra os smartphones é uma briga bastante desnivelada, onde apenas dois fatores conseguem manter um PS Vita, por exemplo, no páreo: bateria e recursos exclusivos. O primeiro ponto, possivelmente, não veremos tão cedo (quero morder a língua a ponto de arrancar um pedaço), o segundo ponto, a Sony sabota o próprio produto sem se fazer de rogada, não limitando apenas à sua linha Xperia, concedeu para os smartphones Android o recurso Remote Play, possibilitando que todos também sejam uma segunda tela para o PlayStation 4.

Isso tirou algo que, até então, era único no PS Vita e, mesmo que o transformasse em um acessório de luxo, era algo bacana em possuir, mudando esse ato primitivo da limitação de se usar uma TV pra jogar videogame. E, pensando bem, é um ato compreensivo por parte da empresa, tentando driblar o problema de baixas vendas do portátil e testar um novo método de apresentação dos seus produtos.

Pode-se culpar os smartphones pela baixa venda do portátil? O Nintendo 3DS consegue se manter muito bem, levando em conta sua chegada numa época pós-iPhone. Porém, o Vita, com um hardware muito mais competente, segue com um ou outro esporádico jogo indie bacana lançado na PSN e a sua gama restrita ao Japão, onde vende numa margem bacana em relação ao resto do mundo.

Uma estratégia de abandono por parte da Sony com o seu portátil que foi lançado como uma máquina capaz de reproduzir grandes blockbusters, abrindo as portas com Uncharted: The Golden Abyss, e caindo num grande hiato até a chegada das remasterizações de Grim Fantango e Final Fantasy X/X-2 para dar um respiro de novidades (que não são novas!). Enquanto isso, uma variedade de clássicos do PlayStation 2 estão parados, esperando apenas um aceno da empresa, num eterno vácuo.

Os JRPGs estão fadados aos smartphones?

Do outro lado, o jogador já está na oitava geração, com acesso a uma internet generosa um aparelho Android parrudo e o Remote Play, pode jogar de Bloodborne a The Last of Us Remastered e, ainda mais importante, contar com o chamado da Mariah Carey no game mobile, Game of War.

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