LittleBIGPlanet 3

por Jessica Pinheiro

Pequeno e grande ao mesmo tempo

Se existe algo em que a série LittleBIGPlanet sempre se sobressai é a premissa da criatividade, onde a imaginação flui como água corrente. Até aí, nenhuma novidade, certo? Certíssimo.

Uma ideia simples se torna um esquema complexo, mas sem rumar diretamente para esta distinção… Com algo pequeno, é possível construir uma coisa grande, mesmo sem se perceber.

E é correto afirmar tudo isso, pois apesar do terceiro título da série manter sua excelente qualidade, trazendo novamente todos os aspectos anteriormente citados; ainda assim é possível que os fãs mais assíduos da saga dos bonecos de pano sintam falta de alguma revolução. Até porque é o primeiro jogo da série a aterrissar na nova geração de consoles.

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Todavia, é também correto afirmar que toda essa procura por algo genuinamente reformulado não invalida em nada este novo título. E um dos aspectos que valem a pena serem ressaltados é o engenhoso design feito em LBP3. Não é novidade que todo o esquema conceitual de LBP é bastante inventivo, só que desta vez, o trabalho de produção ficou a cargo da Sumo Digital, também responsável por jogos como “Sonic & Sega All-Stars Racing: Transformed” e “Forza Horizon 2”. E no que tange o trabalho feito pela Media Molecule, produtora responsável pelos dois primeiros títulos; a nova empresa responsável não ficou devendo em praticamente nada.

Aliás, não apenas os três heróis que irão se aventurar ao lado de Sackboy (ou Sackgirl se preferir), mas os personagens secundários são igualmente adoráveis.

As fases continuam com seguimentos primorosos, com cores que saltam aos olhos, com idéias criativas do uso total do cenário e agora, trazendo um importante complemento para que o design desses locais se torne um ponto a mais na hora de escolher LBP3: a estréia de três novos personagens jogáveis. Diga-se de passagem, são três personagens extremamente carismáticos.

QUATRO MOSQUETEIROS

Totalizando quatro personagens que podem ser controlados, temos então OddSock, que é um boneco de pano em forma de cachorro (ou quase isso), além de Toggle, um guerreiro que pode alternar entre ser gigante e ser anão, e por fim temos Swoop, um pássaro de asas indomáveis. Todos os três possuem habilidades únicas, como saltar entre paredes, deslizar no ar, se tornar um ser minúsculo, super velocidade, entre outros. Todas estas qualidades deles alternam bastante as mecânicas do jogo, tornando tudo ainda mais divertido, o que por sua vez, aumenta também a vontade de explorar todos os cantos de cada fase existente.

A customização deles também é um show a parte, contendo outfits que podem transformá-los em um herói com capa e máscara (Toggle, no caso), ou até mesmo um tigre guerreiro (este seria Oddsock). Sackboy não fica de fora, trazendo também algumas novidades consigo, tal como o uso de bugigangas que o ajudam, desde alcançar lugares altos até se teletransportar entre portais.

O modo single player do jogo (que pode ser jogado em Coop também) acaba se tornando em LBP3 um dos grandes atrativos do título, portanto. Mesmo sendo um conto bem bobinho e previsível, ele é bem conduzido e contém algumas lições bem interessantes, além de valiosas metáforas. Só é uma pena que seja uma campanha curta, o que acaba diminuindo até mesmo a oportunidade de utilizar devidamente os personagens novos durantes as fases.

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Na história, percorremos pelo mundo de Bunkum, um planeta da Imagisphere onde primordialmente existiram três Titãs. Conta a história que, em um passado remoto, estas três criaturas tentaram eliminar a criatividade e imaginação de Bunkum.  Por sorte, em contraponto a eles, existiam três grandes heróis (OddSock, Toggle e Swoop), que livraram o povo de Bunkum da ameaça dos Titãs, além de aprisioná-los em caixas de chá (?). Depois de seu grande ato, os heróis foram descansar – em vista de que o mundo de Bunkum já não precisava mais deles. Então, muitos anos mais tarde, Newton, um gênio incompreendido, liberta os Titãs na esperança de ganhar mais criatividade e reformular Bunkum, fazendo do mundo um lugar primoroso e cheio invenções. Só que as coisas não acontecem como esperado e aí cabe ao Sackboy, tragado para toda essa maluquice, salvar Newton e Bunkum das garras dos Titãs.

Para lutar contra as forças do mal, Sackboy é incumbido de acordar os três heróis da lenda novamente, para que eles os ajudem a derrotar as criaturas malignas.

Assim sendo, não espere jogar de cara com cada um dos personagens novos. É possível sim jogar em Coop multiplayer (online e local), mas infelizmente, todos os jogadores controlam a mesma espécie de boneco de pano (4 Sackboys/Sackgirls, 4 OddSocks, 4 Toggles e 4 Swoops). E mesmo que pareça chato se aventurar sozinho, tudo flui tão bem e é tão engenhoso, dinâmico e bem colocado que quando você perceber, já terão se passado cerca de seis horas de jogo e você verá os créditos subindo.

Resta então retornar às fases para apanhar tudo que ficou para trás e é claro, explorar as infinitas possibilidades da imaginação no Modo Criação, onde você pode criar as suas próprias fases e, como de praxe, compartilhá-las com o mundo através da PlayStation Network.

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Em LBP3, diferente dos games anteriores onde havia apenas 3 camadas, há agora 16! Isto permite que os jogadores possam criar níveis com muito mais profundidade, além de ser possível também criar níveis em conjunto. Existe ainda a disposição do jogador mais de sessenta ferramentas de criação, além de alguns detalhes que só é possível executar neste modo em especifico (como montar no OddSock, por exemplo).

PROBLEMAS TÉCNICOS

Os arquivos de dados dos jogos anteriores, inclusive, podem ser sincronizados com LBP3, ampliando então todo o leque de itens, stickers, roupas e tudo mais que pode ser utilizados – o que por sua vez, vai te providenciar intermináveis horas de entretenimento. Só tomem cuidado com uma possível corrompida no save file do título e, por conseqüência, na sincronização com dados dos jogos anteriores. Infelizmente não tive essa oportunidade de testar a funcionalidade, mas as reclamações por conta disso são massivas.

Infelizmente, existe uma quantidade grande de bugs e glitches que assolam os jogadores pelo mundo afora.

E esse mar de rosas só não é mais rosado porque as telas de loadings foram praticamente uma boss battle a ser enfrentada de tão demoradas que eram. Além disso, falo por mim aqui, mas tive breves experiências com bugs durante a jogatina. Uma delas foi quando, durante as cutscenes, acontecia de OddSock (que eu havia customizado com uma roupa de aparatos intergalácticos) aparecer brevemente com outra outfit ou até mesmo com a cabeça de um pug…

Toggle também às vezes aparecia com outra roupa diferente da que eu havia escolhido, e certa vez, aconteceu de Swoop sair de um cano por onde seria transportado até outro canto da tela, e aí fui obrigada a reiniciar a fase, já que ele ficou preso.

De toda forma, nada do que me aconteceu foi grave o suficiente para me fazer desistir do jogo. Ao contrário do esperado, o título me manteve empolgada do começo ao fim, ainda mais porque as fases finais requerem um rápido raciocínio do jogador, tornando tudo um desafio bem interessante. E a trilha sonora… Não tem nem muito o quê dizer, sinceramente. Está fantástica, como sempre. Exemplo disso é o fato de que passei algumas horas escrevendo esse review ao som de uma das canções que compõem a soundtrack do game – já que encontrei uma versão de 10 horas dessa música, oh yeah!

O jogo foi análisado na versão para PlayStation 3, em cópia cedida pela Sony.