Não fossem as zeratinas que rolaram aqui no New Game Plus no ano passado, eu estaria indo para quase três anos sem encostar em Resident Evil 6. Meu único contato com o título acontece mais no campo das ideias. Nos gameplays ao vivo, os papos sobre o jogo aparecem de forma bastante frequente, principalmente nas jogatinas de outros games da franquia, com o público, ao mesmo tempo, argumentando sobre e se divertindo com o meu desprezo.

Sim, começo o texto já deixando claro: eu sou fã da série Resident Evil, mas não gosto de Resident Evil 6. Ultimamente, inclusive, me pego pensando que o game foi o responsável por eu não ser mais tão fanático pela franquia como era antes de seu lançamento, justamente pela tamanha decepção que ele representou antes mesmo do lançamento, quando joguei a demo pela primeira vez. Já contei essa história inúmeras vezes em transmissões ao vivo aqui do site, mas se você nunca a ouviu, acredite, a tristeza foi grande.

E só fica maior na medida em que tento explorar mais e mais o título, como fiz recentemente com o relançamento para o PlayStation 4. Na época em que foi lançado, com seu jogo de câmera bizarro, bugs por todos os lados, personagens que levam tiros sem reagir e um foco estranho no combate corpo a corpo, ele já estava para trás em relação a muitas propostas até mesmo anteriores. Hoje, quatro anos depois, seus defeitos ficam ainda mais evidentes, enquanto a falta de cuidado e polimento no aspecto visual apenas grita mais com os visuais um pouquinho melhorados em relação aos consoles.

Ao trazê-lo para a atual geração, a Capcom também não fez muita questão de atualizar as coisas, mudar alguns aspectos negativos, retrabalhar a performance ou acrescentar novidades. O que temos aqui é, basicamente, o mesmo jogo de 2012. Trocando em miúdos, no PS4 e Xbox One, temos o que Resident Evil 6 era originalmente em um PC robusto. Os gráficos estão em 1080p, o game roda a 60 frames por segundo e é basicamente isso.

Entretanto, alguns problemas de performance ainda aparecem. Rodando em um hardware melhor, as quedas na taxa de quadros acontecem com menor frequência, ou, pelo menos, são menos perceptíveis. Os screen tearings, aqueles rasgos esquisitos na tela, também aparecem aqui e ali. Por outro lado, a falta de um trabalho de otimização faz com que algumas texturas, que já eram feias nos lançamentos originais a 720p, fiquem ainda mais horríveis.

Resident Evil 6

A bem da verdade, é importante citar a única novidade presente – o “modo de ciclo”, que randomiza todas as modalidades multiplayer de Resident Evil 6 e faz uma sugestão do que jogar naquele momento. É uma boa para quem prefere o online e pode ser a forma mais fácil de se encontrar partidas. Até mesmo no modo Mercenaries, que costuma ser o mais popular, isso está difícil. Ou as pessoas não aderiram ao relançamento, ou o netcode deste relançamento é mais um aspecto negativo, e adicional, ao título, uma vez que ele funcionava bem em seu lançamento original.

A noção é de que Resident Evil 6 não apenas prestou um desserviço à franquia e é um jogo basicamente ruim – na comparação com os numerados anteriores –, mas também é um título que envelheceu muito mal até mesmo como jogo de ação. Para mim, pelo menos, ele fica pior a cada experiência que tenho com ele – o que explica o questionamento de muitos ao verem minha análise original no RE SAC, com nota 7,5, e meus comentários atuais sobre o jogo.

A ambição da Capcom e a vontade de fazer um título grandioso, variado e enorme acabou saindo pela culatra. Resident Evil 6 não possui coesão nem coerência, e mais parece um amontoado de minigames do que um título da saga. Isso se estende a todos os aspectos, desde a jogabilidade – que uma hora tenta ser de terror, em outra stealth, mais tarde um shooter e depois um beat’em up, acabando por não ser nada no final – até o conjunto gráfico, sonoro e enredo. É desleixado e mal feito.

O game é uma grande colcha de retalhos mal costurada e com tecidos de baixa qualidade misturados a alguns poucos apliques de cetim. E quanto colocado sob a luz da atual geração e diante de concorrentes muito mais competentes, a coisa fica ainda pior. Existem jogos que resistem duramente aos efeitos do tempo, e mais do que isso, permanecem fortes durante todo o processo. É o caso de Resident Evil 2 e do remake do primeiro título da série, por exemplo. Aqui, porém, estamos falando do exato oposto.

Resident Evil 6 foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Capcom.

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