A compra da LucasFilm pela Disney não foi apenas feita de alegrias, expectativas e boas esperanças. Com a franquia mudando de mãos, em abril, a empresa anunciou também uma alteração nos rumos criativos da franquia, que passará a ser controlada pelos produtores das séries cinematográfica e de TV. O resultado disso é que o Universo Expandido, como todos o conhecemos, deixará de existir.

Antes de mais nada, vale uma explicação, caso você não saiba do que eu estou falando. Como praticamente todo grande produto de entretenimento, a saga Star Wars vai muito além dos filmes e séries oficiais. Ao lado deles, existe toda uma infinidade de livros, jogos, gibis e todo tipo de conteúdo que, apesar de não serem necessariamente considerados parte da cronologia, eram vistos como obras derivativas legítimas e parte integrande do universo da saga espacial.

Tudo isso, até agora. Como forma de não se prender às amarras do passado e, ao mesmo tempo, criar novas experências e produtos da franquia, a Disney está deixando de lado todo esse mundo. Não é como se todo o Universo Expandido fosse desaparecer. Sob o selo Legends, os antigos livros, HQs e todo tipo de conteúdo continuarão a ser publicados. A diferença é que, de 2014 em diante, eles não mais serão levados em conta para fins de criação de novas histórias, seja em qual mídia for.

Ao mesmo tempo em que, agora, os fãs tem todo um campo novo e aberto para especular, não dá para deixar de ficar triste por causa da “perda”de algumas grandes obras baseadas na franquia. E, como nosso assunto aqui são os games, vamos relembrar os melhores títulos da saga que, infelizmente, agora passam a viver apenas em uma realidade paralela de uma galáxia muito, muito distante.

Star Wars: The Force Unleashed

https://www.youtube.com/watch?v=4XdhJodXVn4

Um dos mais recentes projetos transmídia da marca, Star Wars: The Force Unleashed revela a existência de uma aprendiz secreto de Darth Vader, parte de um plano do vilão para enfraquecer a autoridade do Imperador e tomar toda a galáxia para si. Nesse ensejo, conhecemos a história da criação da Aliança Rebelde e nos reencontramos com alguns personagens clássicos, como a Princesa Leia e Bail Organa.

Com grandes investimentos em dublagem e captura de movimentos, The Force Unleashed tem uma história que, para muitos, é melhor que os três filmes da nova trilogia juntos. A história é tão forte que foi contada não apenas no game, mas também em livros e quadrinhos, além de, claro, originar dua própria linha de bonecos. Mais do que isso, foi uma das primeiras vezes em que os jogadores tiveram um domínio real da Força nos games e puderam usar os poderes para lançar soldados inimigos por aí.

Apesar de uma sequência bastante fraca, The Force Unleashed é, sem dúvida, um dos melhores e mais divertidos títulos da saga Star Wars. Uma perda bastante sentida de um material que, para muita gente, já tinha ultrapassado as barreiras do Universo Expandido para se tornar parte integrante da franquia.

Star Wars: Rebel Assault

Houve uma época, na indústria de games, em que vídeos gravados com atores de verdade – os chamados FMVs – eram o máximo em termos de tecnologia e qualidade. E é claro que Star Wars, uma série de filmes antes de qualquer coisa, não poderia ficar de fora. Foi nessa pegada que surgiu Rebel Assault, subfranquia com dois games que misturavam batalhas espaciais e momentos de tiro em terceira pessoa.

Enquanto o primeiro jogo da série é, basicamente, uma reimaginação de Episódio IV: Uma Nova Esperança, só que com outros personagens, o segundo Rogue Squadron apresenta uma trama original. O jogador controla Rookie One, um piloto rebelde que acaba descobrindo planos imperiais para a construção de caças “fantasmas”, capazes de passarem batidos pelos sensores da Aliança.

No PC e PlayStation, o que se via não era uma história completamente genial, mas que para a época, trazia perfeitamente o clima da saga para a casa das pessoas. Mais do que isso, o título fugia da fórmula normal ao permitir que não apenas X-Wings fossem pilotados, mas também Tie Fighters, B-Wings, Y-Wings, speeder bikes e até mesmo a clássica Millenium Falcon (cujo centro de controle na lateral da nave a tornava praticamente impossível de ser pilotada sem bater).

Star Wars: Dark Forces

Um dos melhores títulos de tiro em primeira pessoa dos anos 90 também era parte da franquia Star Wars. Em Dark Forces, os jogadores controlavam Kyle Katarn, um mercenário claramente inspirado em Han Solo, que trabalha para a Aliança Rebelde e varre a galáxia em busca de segredos imperiais. Pelo caminho, ele acaba esbarrando no chamado “Dark Trooper Project”, que visa criar supersoldados para incrementar o potencial bélico dos tiranos.

Apesar do título, a Força somente se tornou um fator fundamental no segundo game da série. Também utilizando atores de verdade para contar uma história original, o jogo veio com uma missão simples: permitir o uso do sabre de luz e dos poderes especiais em uma visão de primeira pessoa, algo que não havia sido feito até então.

A história era de vingança, com Katarn aprendendo os segredos da Força para encontrar o assassino de seu pai. Apesar de pecar em aspectos técnicos e não carregar o título de clássico como seu antecessor, deu origem à subfranquia Jedi Knight, que gerou mais “games de sabre de luz” entre o final dos anos 1990 e 2003.

Star Wars: Shadows of the Empire

Star Wars

Já explorado aqui em uma das primeiras colunas do Leonardo Afonso, Shadows of the Empire foi o primeiro projeto transmídia da franquia, com uma trama que se desenrolava de formas diferentes em um livro, quadrinhos e um jogo, lançado em 1996 para PC e Nintendo 64. A história acontecia logo após um dos melhores filmes da saga, “O Império Contra-Ataca” e trazia inclusive o mesmo clima sombrio visto nos cinemas.

No jogo, seguimos o mercenário Dash Rendar, que participa de uma série de missões de apoio enquanto Luke Skywalker, Lando Calrissian e Leia Organa tantam descobrir o paradeiro de Han Solo, congelado em carbonita no final do segundo filme. Pelo caminho, enfrentamos personagens clássicos como Boba Fett, além do Príncipe Xizor, um alienígena criado especialmente para o título, que acredita que o Imperador permitirá que ele tome o lugar de Darth Vader caso seja o responsável pela morte de Luke Skywalker.

Misturando fases de nave com tiro e plataforma, o título não é dos melhores, mas para muita gente, foi uma das primeiras experiências “de verdade” com a saga nos games. Reviver momentos clássicos dos filmes na mesma medida em que se descobria novos elementos que contribuam para os longas foi uma experiência interessante o bastante para fazer com que o jogo acabasse marcado na memória de quem o experimentou.

Star Wars: Knights of the Old Republic

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Em vez de se basear em conceitos já enraixados pelos filmes ou histórias que preencham lacunas ou adicionem fatos a eles, a BioWare e a Electronic Arts decidiram ousar, fazendo isso em mais de um aspecto. Knights of the Old Republic traz uma história completamente original, passadas centenas de anos antes dos filmes, e adota o gênero RPG, com uma jogabilidade fortemente focada nos clássicos da Wizards of the Coast.

No game, o jogador tem a liberdade para escolher seu lado da Força, fazendo isso por meio de atitudes, diálogos e itens escolhidos. Sendo assim, a história se torna incrivelmente extensa e cheia de ramificações, passando-se durante um momento em que a Armada Sith se volta pela primeira vez contra a antiga República Galática.

E é no meio deste conflito que o jogador se encontra. O contexto grandioso e as diversas possibilidades, aqui, também foram responsáveis por criar todo um universo dentro de si mesmo, resultando em uma série de sequências e culminando em um grandioso MMORPG, o sonho antigo de muito fã da saga.

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