Steep

por Ana Cruz

A maldição do primeiro da franquia

Com o objetivo de diversificar o mercado de games, a Ubisoft quis variar um pouco e veio com uma nova proposta, um jogo de esportes na neve em um mundo aberto. Assim sendo, em dezembro de 2016, Steep chegou para consoles e PC.

Steep começa com um tutorial gigante mostrando não só os controles, mas também os desafios do jogo, as modalidades esportivas e também as Histórias das Montanhas. Você realmente fica empolgado com o jogo, o mapa é bastante vasto, além da dublagem que, mesmo com as frases clichês, não deixa a desejar.

Os controles são simples e respondem bem, inclusive em manobras, onde praticamente é só soltar o analógico para que seu personagem recupere o movimento praticamente sozinho. A física do jogo também é boa, principalmente no snowboard, pois quando começa a fazer as manobras, uma virada errada é osso quebrado na certa.

Poxa, Ubisoft, de novo?

Tudo é muito bonito no começo, aquele cheiro de novidade e o hype criado realmente pega os mais ingênuos, mas infelizmente com o decorrer do tempo, você vai ver que nem tudo que reluz é ouro. Parece que a Ubisoft insiste começar os primeiros jogos de uma nova franquia com o básico, repetindo até a exaustão. Foi assim com o primeiro Assassin’s Creed e com Watch Dogs, e agora, Steep.

Os desafios envolvem concluir tal rota no tempo estimado, obter o maior números de pontos e se quebrar o máximo possível. Não importa a modalidade, eles sempre são apenas uma pequena variação desses citados. É possível encontrar alguma dificuldade, principalmente no estilo wingsuit, onde os percursos vão exigir mais precisão, mas não passa disso. Claro que quanto maior a dificuldade, mais sua satisfação ao concluí-lo, mas mesmo sem ganhar a medalha de ouro, é fácil descobrir onde erramos, com o narrador indicando exatamente isso.

Os gráficos de Steep são como lanches de fast-food: bonitos na foto, porém não tanto quando se vê pessoalmente. Mas como você já pagou, vai aceitar do mesmo jeito.

Já as Histórias das Montanhas são um pouco mais variadas, mas não se empolgue, é bem pouco mesmo. Localizar a Conífera Cantante, uma árvore que brilha e canta, além dos desafios de bonecos de neve, onde o objetivo é só derrubar os bichos, trazem alguma variação. Nada muito desafiador, tais missões são mais para abrir o mapa e desbloquear fases, zonas de salto e pontos de interesse.

Era para ser, mas não foi

Podemos dizer que os gráficos de Steep são como lanches de fast-food: bonitos na foto, porém não tanto quando se vê pessoalmente. Mas como você pagou, vai aceitar do mesmo jeito. Mesmo sendo um cenário totalmente nevado, dava para fazer algo mais bonito, principalmente conhecendo o potencial gráfico da nova geração.

Todo o mapa não só é monótono, mas parece que algumas partes ficaram no desleixo mesmo, como algumas árvores “congeladas”, que mais parece que jogaram massa corrida nas coitadas. Além de feias, as folhagens podem variar de “zero impacto” a “blocos de concreto”, mostrando uma falta de trabalho por ali.

Os blocos de gelo e lagos congelados que o jogador encontrará pelas pistas deixam a desejar, não são feios, mas dava para terem um capricho a mais. Mas ainda dá para salvar as fases montanhosas, que normalmente são das corridas de wingsuit e parapente, a vegetação não-congelada e, claro, o por do sol, que se você estiver no local certo, daria um belo cartão postal.

Mas não é só de gráficos que Steep sofre, mas a trilha sonora é bem limitada e enjoativa. Existem paredes invisíveis em certos pontos do cenário, e quando acontece uma queda, seu personagem pode ficar preso em uma armadilha dessas. E, no mais grave, problemas de conexão com o servidor, pois Steep só pode ser jogado online, dificultando a vida.

Calma, que tem salvação

A cada medalha conquistada, você ganha créditos, usados para customizar seu personagem. Para seu atleta não há muito o que escolher, eles te apresentam um número moderado de opções, fique com um e dê-se por satisfeito. Mas as roupas e equipamentos têm uma lista bastante variada, desde os mais simples até os mais bizarros como capacetes de coelho, cavalo, dragão. Além das wingsuits, que são as mais divertidas – insetos, morcegos e até umas bem espalhafatosas, no melhor estilo glamour rock.

Mas uma coisa que aprendemos com a querida Ubi é que mesmo que o primeiro jogo tenha problemas, podemos esperar uma evolução para o game seguinte.

Em um desafio mais complicado, se chegar no último checkpoint e acabar caindo, mas conseguir passar pela área, você também é recompensado, inclusive se estiver disputando o ouro. O jogo entende que você concluiu a corrida, não importa como, o importante é chegar no fim.

Se você é desses que gostam de compartilhar suas proezas, o game também traz essa opção. Rever suas melhores manobras, corridas, saltos, tudo isso fica a sua disposição. Inclusive suas quedas, que quanto mais longa for, maior sua pontuação.

A exploração da montanha é boa, você poderá andar por todo o mapa problemas. Inclusive se quiser, pare num ponto alto, pegue o paraquedas, viaje e seja feliz. Claro que, se você optar explorar alguns acampamentos, poderá bater em uma parede invisível em uma das casas (que são apenas enfeites), ou ter que dar uma volta enorme para subir uma escada, porque o personagem não consegue subir ou descer algo mais alto que sua canela. Já para o restante do cenário, pode andar como diria o querido Hugo: “subindo a montanha, sem fazer manha”.

Apesar de querer ser inovador e se destacar em meio a tantos jogos de aventuras e tiro, Steep vai ser o game que provavelmente você aproveitará por algumas horas ou dias, e depois esquecerá na prateleira ou será a primeira opção de jogo a ser deletado se caso seu HD fique cheio. Mas uma coisa que aprendemos com a querida Ubi, é que mesmo que o primeiro jogo tenha problemas, podemos esperar uma evolução para o game seguinte. A esperança é a última que morre.

O jogo foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Ubisoft.