Terminator Resistance

Terminator: Resistance

por Felipe Demartini

Uma sobrevivência sem graça

Quando se fala em “Exterminador do Futuro”, o que te vem à cabeça? Um dos grandes filmes de ação de todos os tempos, com trilha sonora da banda Guns n Roses? E quando o assunto é Rambo: The Video Game, você tem alguma lembrança? Se sim, imagine que essas duas coisas se juntaram e geraram Terminator Resistance, lançado no final de 2019.

Parte do hype do novo filme da franquia, o título não necessariamente decepciona, ao contrário do que aconteceu no cinema e, principalmente, do que se esperava dos criadores de um dos piores jogos da geração passada, transformado em meme obscuro. O título para PC e consoles é como uma mistura de diferentes jogos de tiro da geração passada, mas fica bem no meio entre os dois exemplos de qualidade e ruindade citados aqui.

Desde referências a Frogger até à clássica abertura de Call of Duty, tudo em Terminator Resistance soa obsoleto. O game traz, ao mesmo tempo, a consistência de uma tradição do passado ao mesmo tempo em que parece estar parado no tempo, como a ferrugem de um mundo em que a humanidade luta para sobreviver após a revolta das máquinas. A impressão é de estarmos diante de um título antigo, só que lançado agora.

Junte a isso um sistema de escolhas que o jogo diz importarem, mas que não representam tanto assim, e um sistema de loot e criação de itens que tenta parecer amplo, mas também não é. Na maior parte do tempo, Terminator Resistance é lento e monótono, com o jogador enfrentando robozinhos esporádicos e pouco desafiadores em cenários, sim, detalhados, bonitos e cheios de elementos.

Terminator Resistance

Terminator Resistance é o tipo de jogo difícil de ser analisado: não é péssimo nem necessariamente ruim, mas também não instiga a seguir em frente nem mantém o usuário ligado querendo saber mais.

Até mesmo os clássicos T-800, grande ameaça nos filmes, aparecem aqui desprovidos de dificuldade e inteligência, sendo apenas minions para serem derrubados e vasculhados por peças que não servem para muita coisa. As missões envolvem ir de um lado para o outro nas fases, resolvendo tarefas que envolvem, entregar algo, buscar alguma coisa ou destruir outra, até que todas sejam concluídas e você siga para o próximo estágio, com objetivos relativamente iguais.

Os momentos mais tensos estão nos combates com os chefões de fase, com direito a alguns olhares para o passado, mas estas também são situações escriptadas e previsíveis. Na maior parte do tempo, essa guerra parecerá vencida — pelos humanos, cujas armas, recursos e habilidades parecem mais do que suficientes para encarar a ameaça robótica.

Terminator Resistance

Isso acaba esvaziando o próprio enredo do jogo, passado em um período tenso e pouco explorado na mitologia dos filmes. Estamos em plena guerra pós-ativação da Skynet, com as máquinas claramente vencendo, em uma trama que tenta se conectar com os longas originais mas faz pouco esforço para manter o jogador ligado.

Para quem criou o jogo do Rambo é um grande passo, mas Terminator Resistance não é necessariamente bom. Ele é o tipo de jogo que, pessoalmente, é o mais difícil de ser analisado: uma experiência sem sal nem gosto, que não é péssima nem necessariamente ruim, mas também não instiga a seguir em frente nem mantém o usuário ligado querendo saber mais.

O jogo foi analisado no PC, em cópia cedida pelo GOG.com