Quem já analisou vários jogos indies brasileiros deve ter percebido que poucos deles são totalmente originais desde a concepção, com a maioria sendo versões refeitas de clássicos do passado com adicionais contemporâneos ou a somatória de vários games de diferentes épocas em um só. The Crown Stones: Mirrah é este segundo tipo e podemos o classificar como um Castlevania – Aria of Sorrow no mundo do Dark Souls, com a fragilidade de Prince of Persia na mobilidade do personagem. Não que isso seja um problema, pelo contrário…

Na demo do game, somos apresentados ao protagonista Rivail, jovem que tem um karma pesado pra carregar. Por não estar dentro dos parâmetros infernais do mundo das trevas, fica preso em uma dimensão chamada Umbral, onde os humanos amaldiçoados pagam por seus atos em vida, como um purgatório de eterno sofrimento e desesperança. Rivail não é o único ser que está com seu corpo físico e consciência – falar com outros personagens e lidar com suas esquisitices é a única forma de tentar sair dessa situação incomum.

Totalmente desarmado, Rivail cai ao solo deste mundo e é orientado por um cara de terno voador a se virar pra conseguir sair. Munido apenas dos punhos, no início, ele vai precisar aprender a hora certa de atacar, esquivar, fugir e rolar sem perder de vista o terreno, pois se cair de uma altura grande, pode morrer. Por isso, dominar a movimentação é mais importante que atacar, um diferencial sobre os Castlevanias.

Falando especificamente do personagem, Rivail é como um Soma Cruz em versão brasileira, com jeitão de malandro e roupas elegantes. A diferença é que ele tem muito mais agilidade e recursos, pois além de correr, rolar, esquivar pra trás e pular normalmente, pode se segurar nas vinhas das trevas que brotam nos rochedos e alcançar lugares aparentemente inacessíveis. Além da troca de arma ou desarmamento rápidos, é possível cancelar um ataque em esquiva para forçar uma ação ou reação do oponente, pois mesmo durante o sofrimento, o inimigo pode contra-atacar. Em The Crown Stones, os monstros não são tontos!

A primeira coisa que o jogador deve saber é que o jogo não é fácil, e isso é de propósito. As poções curam pouco, as áreas de salvar não são seguras e, mesmo subindo de nível, sua energia e poder de ataque não crescem exponencialmente. De começo, você já é jogado desarmado contra inimigos terríveis como o açougueiro e o monstro com espada e escudo, que recomendo evitar até ter, pelo menos, uma faca, pois existe uma barra para o fôlego de Rivail. Além da arma branca, que causa pouco dano mas é rápida, na demo também temos um machado, que é mais forte, porém lento, e faz inimigos com escudo defenderem mais frequentemente.

 

The Crown Stones é feito em uma finíssima Pixel Art que nos remonta à era dos 16-bits, mas com qualidade de som superior, trazendo gritos e gemidos para dar aquele charme dos infernos no cenário. Isso, somado à trilha sonora, faz com que o jogador se sinta inserido em um pesadelo interminável no qual pode morrer… de novo.

Além da arte, temos ilustrações em alta resolução dos personagens principais, o que causa uma certa estranheza ao vermos dois estilos tão diferentes juntos, causando perda de padrão. Outra coisa estranha é que, toda vez que se recomeça de um save point, é preciso reequipar a arma de novo por nenhum motivo aparente. Como existe um contador de mortes na tela de game over, certamente, o prazer dos criadores deste game é ver o jogador morrer.

Com um clima pesado e temática violenta, The Crown Stones: Mirrah é o Castlevania mais visceral que você encontrará no mundo dos games, com muitos corpos despedaçados e um açougueiro altamente motivado. Estamos ansiosamente aguardando a chegada desta obra-prima do estúdio paulista Frater, com previsão de lançamento em 2019 para PC, com direito a edições Mac e Linux. Será que não rola uma versão para smartphones, também?

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