Durante a gamescom deste ano, o novo título da série Tomb Raider, intitulado “Rise of the Tomb Raider”, foi revelado com exclusividade para o console da Microsoft, o Xbox One. A notícia rapidamente se tornou um furação de debates internet afora, a respeito daquele tema polêmico que muitos já estão cansados de ouvir: exclusividade nos consoles.

Existe “certo“ e “errado” quando o assunto é exclusividade? Os jogadores precisam amadurecer e pensar não como “istas”, mas como membros de uma comunidade maior? Esta concorrência de fato afeta os jogadores? Vamos pensar um pouco…

Você aí já parou pra pensar como seria se existisse apenas uma padaria no mundo? Chato, né? Pior ainda é se o padeiro preferisse morrer a dar sua receita para alguém. Todavia… Conhecendo o ser humano e sua engenhosidade; certamente outra pessoa logo inventaria sua própria receita de pão. E isso daria ao consumidor uma gama maior de opções.

Agora pense nesse cenário, mas acrescente os videogames! É certo afirmar que atualmente, as pessoas não têm condições de comprar todos os consoles existentes no mercado, pelo menos não todos de uma vez, assim tão rapidamente. À grande parte dos jogadores, é complicada a questão da escolha. Portanto a primeira reação é reclamar. E não há nada de errado em reclamar… Desde que o cidadão tenha consciência do que acontece além dos palcos de apresentação, onde é divulgada a notícia de exclusividade.

Primeiro de tudo, existe aí a concorrência. É um tanto clichê dizer algo assim, mas se não existisse a disputa pelos gostos dos consumidores, a indústria jamais teria chegado tão longe. E não somente a de videogames, mas o mercado como um todo.  A rivalidade é o que movimenta e é o que faz com que o ser humano busque sempre um sistema ou tecnologia inovadora para chamar a atenção do usuário. A partir da escolha do consumidor, tem-se o estímulo para que a empresa continue sempre melhorando e, portanto, se sustente e continue na praça. Não é segredo ou mentira: o dinheiro move o mundo. É um ciclo econômico de extrema importância. E mesmo que o jogador não dê a mínima para a economia, é importante ponderar estes tópicos antes de qualquer ação.

A disputa entre Sony e Microsoft não se resume apenas aos seus respectivos consoles vigentes no mercado (PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 e Xbox One). Os jogos que cada plataforma possui têm grande peso na hora de escolher qual console comprar. São conhecidos como system-seller. E para garantir que o jogador pense bem antes de exercer a compra, é cada vez mais comum as fabricantes comprarem os direitos dos jogos das desenvolvedoras, transformando-os nos famigerados “exclusivos” de cada console.

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E o Tomb Raider e seu papel nisso tudo? Pense através da perspectiva da padaria novamente… Se um padeiro de sucesso vender sua receita para uma determinada padaria, o estabelecimento rival muito possivelmente perderá dinheiro e logo o seu espaço no mercado. Em um cenário onde o Xbox One foi tão criticado – ainda muito antes de seu lançamento, e em muito por conta do desencontro de informações fornecidos pelos representantes – e onde a empresa precisa (e logo) de novos cavalos para apostar, escolher uma franquia de sucesso e ainda a continuação de um reboot aclamado, é um passo certo na direção do sucesso. É isso que chamam deliberadamente de “ganha-pão”.

Muito embora refletir desta forma acalme os ânimos, a recepção dos fãs da saga à notícia foi bem calorosa… E não em um sentido muito bom da palavra.

Steven Andrade, por exemplo, não acreditou na notícia que estava recebendo. “O jogo foi anunciado na E3 como sendo multiplataforma e agora na Gamescom eles decidem tornar exclusivo? Muita sacanagem!” comenta o fã assíduo da série. Enquanto isso, Juninho Lima, achou a decisão desrespeitosa por parte da Square Enix e da Crystal Dinamics. “Boa parte (se não, a maioria) dos fãs de TR estão no PlayStation. Por mais que essa exclusividade seja temporária, levará algum tempo (no mínimo um ano?) pro game chegar a outras plataformas”, diz o jovem.

Outro fã, Stephan Martins, possui um XBox 360 e um PlayStation3, jogou o reboot de Tomb Raider e o achou fantástico. Entretanto, foi decepcionante para ele saber sobre a exclusividade de Rise of the Tomb Raider.  “Acho que [a exclusividade] atrapalha. Não é algo feito pela própria publicadora, e aliena muita gente de muitos jogos fantásticos. Abrangência e liberdade de escolha de onde/como/quando jogar, partindo do próprio jogador, é essencial!” afirma.

Fred Lohmann Jr. já foi um pouco mais compreensivo: “Por princípio sou contra exclusividades. Mas eu entendo como as coisas funcionam e aceito numa boa que franquias conhecidas sejam um peso importante na ‘guerra dos consoles’. O que aconteceu desta vez é que não funcionou bem pra Microsoft. Ficou aquela impressão de que eles quiseram enganar todo mundo. Infelizmente não acho que Tomb Raider seja mais significativo o suficiente pra que a exclusividade temporária supere a publicidade negativa.”

Já Jonathan Loth, a princípio se surpreendeu. Afinal, o título anterior da franquia saiu praticamente para todos os consoles de mesa. O jovem afirma: “Mas eu já imaginei que um jogo tão elogiado não ficaria preso somente a uma plataforma. Já cogitava a exclusividade temporária desde o anúncio da Microsoft. Quanto ao jogo, estou muito empolgado.”

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No fim, como já foi noticiado por aí, a exclusividade de Rise of the Tomb Raider será temporária. Não se sabe exatamente até quando vai o contrato, nem para quais outros consoles será liberado depois que a exclusividade acabar, muito menos o quanto a Microsoft investiu no acordo [saiba mais]. Mas será que é mesmo errado a fabricante optar pela exclusividade visando se colocar à altura da rival e tentar se equiparar nas vendas? É certo a concorrente se acomodar com as franquias que já possui e arriscar a qualidade de seus títulos já que não possui alguém para disputar no mercado de igual para igual? O bolso do consumidor influencia tanto assim quando há tantos outros meios de se adquirir um objeto de compra? Think about it.

Quando cada parte ganhar o que lhe interessa, seja o lucro ou a diversão, ambos os lados – empresas e jogadores – saem ganhando. Este é o ponto de chegada que todos deveriam almejar nessa corrida que é a vida.

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