Imagine que vivemos em uma realidade alternativa, em que o filme de Super Mario Bros. foi considerado não um fracasso absoluto, mas um sucesso. Que a primeira adaptação dos games para o cinema não tivesse saído duas semanas antes de “Jurassic Park”, tendo sido completamente obliterado por ele, e que sua visão mais adulta (?) e diferentona em relação aos games não tivesse sido considerada uma bizarrice, mas sim, um ótimo caminho para adaptações, de forma que apelassem não apenas aos jogadores, mas também a quem nunca encostou em um controle.

E que, na sequência, Mega Man fosse o escolhido para chegar às telonas. Se vivêssemos nessa realidade alternativa, o mundo seria bastante semelhante ao de “Turbo Kid”, um no qual os anos 80 existiram perpetuamente e a humanidade viveria em um ambiente violento e cheio de sangue. Mas ainda indo ao cinema.

Bebendo como tantos outros na fonte dos quadrinhos, filmes, televisão e estética de 30 anos atrás, “Turbo Kid” é um longa independente lançado no ano passado, e também uma ode aos filmes infantis em que uma criança se transforma em herói por uma causa nobre. Só que, nesse caso, trata-se de uma produção feita para os pequenos que assistiam a esse tipo de história, mas agora, estão bem grandinhos.

O que se traduz, claro, em muito sangue. A história com ares de “Mad Max” se passa no futurista ano de 1997, quando a humanidade se reduziu a quase nada após um inverno nuclear. Sucata se tornou moeda de troca, e a água é escassa. A única fonte de alegria, para o personagem principal, chamado apenas de Kid, são os quadrinhos antigos que ele encontra por aí.

Essa vidinha mais ou menos é virada de cabeça para baixo quando Zeus, o maldoso líder da região, sequestra sua melhor amiga e amor platônico, APPLE. É aí que ele deve encontrar a coragem que antes apenas sonhava ter, por meio das páginas, e utilizá-la para salvar a pessoa que mais lhe importa na vida.

Como arma, ele usa uma luva elétrica sobrecarregada de energia, e que poderia muito bem ser uma versão mais hardcore da Mega Buster (e que, não coincidentemente, é uma Power Glove do NES). Contra ele, estão aliados e inimigos dos mais diferentes tipos, como um vilão lançador de serras, um capanga com uma beta no lugar da mão e um parceiro com braço mecânico e habilidades de dar inveja aos aumentados de Deus Ex.

“Turbo Kid” é um daqueles filmes que é melhor assistido do que comentado, por isso, vou até parar por aqui. Atenção para a trilha sonora, também com forte inspiração do passado, e também para a tempestade de sangue que deixaria muito diretor de cinema de horror com inveja. Uma boa para quem está triste com a segunda-feira e quer aquele de domingo à tarde na infância, mesmo que por algumas horas.

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