Dirty Bomb

Dirty Bomb

por Fernando Scaff Moura

Um FPS melhorado

Qualquer pessoa que já jogou um jogo de tiro vai se sentir bem confortável com Dirty Bomb. Ele possui tudo o que os outros têm: armas de todos os tipos, limite de munições, correr, abaixar, fazer barulho quando correr, não fazer quando anda, arma principal, arma reserva, arma de curta distância, recarregar. Enfim, tudo. Os comandos? Clássicos. WASD + Mouse. A dificuldade maior do jogo está também na habilidade do jogador – se você não sabe mirar direito, você vai errar o tiro. Como na vida, como nos outros FPS.

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Então, por que alguém faria um jogo que é mais do mesmo? Sempre me pergunto isso, o que me faz buscar jogar coisas diferentes. Agora, o que será que uma empresa fez de diferente para se sobressair da concorrência? Afinal, o game tem que se diferenciar em algo, do contrário, não faz o menor sentido perder tanto tempo e dinheiro o produzindo.

Em Dirty Bomb, a sensação de que esse vale a pena sempre vem por conta da arte. É o mal do século essa coisa, afinal, você sempre julga pela aparência, ainda mais jogos. E Dirty Bomb é bonito, pode acreditar.

O que mais chama a atenção é o level design, sem dúvida, um dos mais primorosos no gênero de FPS competitivo.

Assim, incumbido da missão de fazer o review de um FPS que é mais um entre tantos, tentei me livrar dos preconceitos. Contudo, quando o jogo começa, você sente que ele tem algo a dizer. Até no tutorial, que já mostra para qualquer iniciante no gênero o que se deve fazer e as mecânicas básicas e exclusivas, temos algumas inovações interessantes e divertidas.

O jogo não é sombrio, as cores são claras, entre o branco e um azulado já um tanto diferente do que normalmente se vê, e parecem trazer calma e normalidade ao jogo, nada sério. Uma sensação que é boa para um jogo novo. A estética futurista justifica as armas parrudas e inovadoras, o que é sempre legal para quem não se importa com o tipo de personagem e vai encontrar aqui uma boa variedade de equipamentos diferentes para experimentar.

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Porém, para quem gosta de personagens, Dirty Bomb é um deleite. Temos protagonista femininas com personalidade forte. Apesar de o jogo manter o velho clichê de garota suporte que cura, existem diversas outras, com armas pesadas, rápidas ou fodonas em geral. É legal ter isso em um FPS, onde dificilmente vemos esse tipo de representatividade. Obviamente temos também personagens masculinos, mas isso já era esperado.

No entanto, o que mais chama a atenção no jogo é o level design, sem dúvida, um dos mais primorosos no gênero de FPS competitivo. O game possui uma mecânica interessante de objetivos, com uma dinâmica que força os times a se posicionarem e se locomoverem por entre as bases e jogarem juntos. Contudo, para facilitar a localização de pontos de interesse, existem canos de um amarelo vivo cortando todo o cenário. Assim, para encontrar o objetivo, basta seguir o caminho de um deles, no melhor estilo “Mágico de Oz”, ou quase isso. Achei essa ideia de uma simplicidade genial, que facilita e ajuda muito na jogabilidade.

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Claro que a desenvolvedora criou caminhos alternativos, afinal, seguir os canos normalmente é o mais fácil, o que o torna também o mais perigoso. Logo, você pode pegar atalhos ou rotas alternativas para criar emboscadas ou agilizar sua estratégia.

Em alguns dias, localizar uma partida se tornou impossível, com uma desistência depois de 15 minutos de tentativas. Em outros, foram criadas partidas com apenas três jogadores.

Outra melhoria que Dirty Bomb possui é a facilidade de encontrar seus inimigos. Todo o jogo tem uma palheta de cores bem simples. Os personagens são mais coloridos que isso, mas não muito mais. Quando você se depara com um inimigo, ele terá um contorno avermelhado que chama a atenção, o que torna o jogo mais divertido e dinâmico. Não tenho como errar em quem estou atirando e nem confundir com o cenário. Viu algo vermelho, atire.

Além disso, o título tem uma pegada de cooperativo bem inteligente, com alguns personagens com habilidades de compartilhar coisas uns com os outros – munição, medicamentos ou até a cura propriamente dita. Alguns são melhores para consertar as áreas estragadas, outros para proteger. Uma mecânica legal que permite a construção de bons times para superar os desafios do jogo.

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Isso tudo aparece em um game free-to-play, o que pode parecer estranho. Dirty Bomb tem muita qualidade e facilmente poderia começar a fazer uma boa concorrência com os demais FPS do gênero competitivo, então, temos aqui mais uma inovação. Micro-transações, similares com aquelas feitas pela Blizzard ou em jogos mobiles, além de um esquema semelhante ao de Heroes Of Storm, com a liberação de alguns personagens para jogar, com outros bloqueados e sorteios periódicos.

Isso permite que você experimente todos, após algum tempo. Se preferir, pode comprar seus favoritos para os ter sempre desbloqueados, assim como algumas armas e outras pequenas modificações. Somado a isso, temos ainda um sistema de cartas bem interessante que varia os atributos de um mesmo protagonista, incentivando o colecionismo.

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Por outro lado, algo que ainda prejudica Dirty Bomb é que, por ser um jogo meio novo, ainda tem poucos servidores. Em alguns dias, localizar uma partida se tornou impossível, com uma desistência depois de 15 minutos de tentativas. Em outros, foram criadas partidas com apenas três jogadores, o que é bem chato. Problema de servidor é treta braba, que torna até triste ter que culpar a empresa por isso, pois eles deveriam criar uma solução criativa sobre isso.

No mais, é um jogo legal, divertido e com alguns toques de inovação para os FPS tradicionais. Por ser free-to-play, vale a pena ir no Steam e dar aquela conferida.