A ideia de escrever esse texto veio durante a minha recente maratona de Life is Strange, na qual joguei e me surpreendi com o quão bela e profunda é essa aventura. E lá mesmo, durante a jogatina, comentei que o título era cheio de referências a “Donnie Darko”, que iam muito além do tema da viagem no tempo.

Mas a verdade é que este, um de meus filmes preferidos de todos os tempos, é também um longa extremamente complicado de se falar sobre. Se eu explicar a história por cima, fica parecendo ser um mero filme de terror adolescente meio esquisito. Mas se eu me aprofundar demais, esse texto não apenas vai perder o foco, como vou estar colocando um monte de concepções próprias sobre a história e, efetivamente, estragando sua oportunidade, leitor, de fazer o mesmo.

Sem os clichês que costumam aparecer em filmes que abordam a viagem no tempo, “Donnie Darko” traz uma visão muito mais obscura e soturna sobre o tema. Essa pegada é permeada por outros assuntos cotidianos, como preconceito, política, sexo, bullying e até aquela típica revolta adolescente. Todos elementos que podem parecer pequenos ou pouco importantes quando isolados, mas que juntos, formam aquela gigantesca bola de neve que costumamos chamar de “nossa vida”.

Tudo isso, claro, acompanhado de uma trilha sonora fantástica e uma cinematografia simples, que nos coloca, muitas vezes, como participante de tudo. E a trama envolvente faz com que a gente queira mesmo estar lá, principalmente depois que chegamos ao final do filme e, sem entender nada, retornamos ao começo, enxergando um pouco melhor as consequências e atos pequenos que, no final das contas, resultam em um evento de grande magnitude.

Este é também daqueles filmes que nos fazem querer pesquisar mais sobre o assunto. Felizmente, a internet está cheia de maníacos como eu, que destilam teorias e mantém no ar muito do material original sobre o filme, que traz revelações adicionais sobre a história e nos ajudam a entender um pouco melhor o que acontece.

Donnie Darko é, impressionantemente, um filme de 2001 que permanece atual. No elenco estão Jake Gyllenhaal (“O Abutre”), Jena Malone (de “Jogos Vorazes” e do meu coração), Patrick Swayze (“Ghost: Do Outro Lado da Vida”), James Duval (“Independence Day”) e Drew Barrymore (“As Panteras”). A direção é de Richard Kelly e tem no Netflix.

Fica aqui a recomendação dupla: assista a “Donnie Darko” e, antes ou depois, jogue Life is Strange, e deixe que as duas histórias capturem você e o deixem pensando por dias. E, por tudo que é mais sagrado, ignore a sequência, “S. Darko”, que tem a irmãzinha do personagem principal como protagonista e é um cocô fedido.

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