O tempo voa, o mundo muda e a gente nem percebe… Nem a mudança e nem o tempo passando! E prova disso é o fato de que a orquestra Video Games Live comemora, em 2015, a marca de 10 anos de existência. O evento, como de praxe veio para o Brasil para uma performance única em São Paulo neste último domingo (11).

Antes de o show começar devidamente, ocorreu um breve concurso com os cosplays presentes, em seguida alguns vídeos clássicos que sempre são exibidos antes da apresentação, e então o primeiro ato da orquestra por fim começou…

E durante todo este processo, sendo esta a minha quarta VGL, pude perceber que tudo estava bem organizado, fluindo naturalmente e o principal: mais enxuto. Isso é modo dizer, por que a quantidade de vídeos e clipes exibidos durante toda a performance, assim como a quantidade de piadas e/ou atrações foi relativamente diminuída e/ou atualizada; coisa que era difícil de acontecer. Em todos os anos que eu fui, o roteiro, os vídeos, as piadas, as atrações… Era tudo cronometrado para acontecer sempre da mesma forma, e neste ano ocorreram algumas mudanças, que felizmente vieram para melhorar a VGL.

Talvez a nova localização do evento, que agora é no Teatro Bradesco (um lugar muito mais acessível do que a casa de shows anterior, que era o HSBC Brasil e, que possui uma acústica mais apropriada também), tenha ajudado nisso, e também o fato de que a performance era especial, afinal se tratava de uma edição comemorativa de 10 primaveras alcançadas, mas o acontecimento mais notável é que até mesmo o público parecia outro…

Explicando melhor: uma das principais reclamações dos entusiastas de game music que queriam apreciar o show, era sobre o entusiasmo excessivo do público que gritava, berrava e aplaudia a cada nova alteração de melodia de uma música. Na edição deste ano, até mesmo os expectadores pareciam melhor acomodados e já familiarizados com a apresentação, o que ocasionou em uma platéia mais tranqüila e, claro, um aproveitamento melhor da orquestra.

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Tratamento especial para o Brasil

Algo interessante de se comentar e que ocorreu logo no começo da apresentação foi o produtor, compositor e gente boníssima Tommy Tallarico, comentar sobre a quantidade de vezes a VGL se apresentou ao redor do mundo, e os lugares que mais se repetiram na lista, e, adivinhem só? São Paulo foi o lugar em que, segundo ele, a VGL mais teve performances até hoje.

A lista de músicas selecionadas para a celebração também foi comentada por Tallarico mais a frente. Com o intuito de montar este grandioso “Greatest Hits” que tivemos o prazer de apreciar no evento, todas as canções foram cuidadosamente selecionadas e ordenadas de um jeito diferente, e o compositor comentou ter montado mais de cem listas com as diversas variações de músicas, mas sempre com o cuidado de manter as nossas preferidas. No fim, obviamente apenas uma restou, mas Tommy ainda almejava mais. Ele contou que estava obstinado a devolver o nosso carinho de uma forma sem igual, e este presente seria no formato de um World Premiere; ou seja, uma adição ao set list oficial da VGL, cuja apresentação de estréia ele fez questão que fosse feita aqui, no Brasil.

Então, enquanto o show ocorria e a galera delirava nas músicas que foram tocadas, eu prestava atenção na condução de Eimear Noone; uma mulher estonteante e talentosa, cujo currículo lista diversos títulos da Blizzard, tais como World of Warcraft, Diablo III, Heroes of the Storm e o aguardado Overwatch. Quando esta mulher começou a contar a sua história para o público, desde quando foi convidada para trabalhar com a Blizzard até o presente momento, viajando com Tommy por aí e semeando a paixão por videogames em forma de música; eu preciso confessar que senti um baita orgulho encher o meu peito. Primeiro porque é difícil ver uma mulher em uma posição tão prestigiada na indústria dos joguinhos e segundo, pois ela fazia jus a palavra maestria e conduziu a orquestra com confiança e poder, tal qual uma verdadeira rainha comandando seu exército.

Outra mulher que certamente merece destaque e aparecia vez ou outra no palco para destruir nossas convicções e concepções sobre game music, foi a queridíssima Laura Intravia, já conhecida internacionalmente como “Flute Link”. A linda moça comandou algumas das canções em diversos instrumentos e cantou em outras com sua poderosa voz – o destaque fica para Tetris Opera, que definitivamente abalou o teatro.

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A grande promessa e o grand finale

Ao longo de toda a performance, Tommy ia e voltava ao palco, e durante um bom tempo, ele mal deu as caras. Para mim, isto foi uma clara mensagem de que a VGL dá espaço para todos, e Laura e Eimear brilharam muito mais do que o compositor – o que não foi necessariamente ruim. Suas falácias, histórias e conversas com o público, permitiram com que pudéssemos apreciar melhor os breves momentos em que ele aparecia. E isto fez com que a  interação se tornasse aquém de especial.

Dado isto, em determinado momento do show, eis que Tommy surge no palco e começa a comentar um pouco mais sobre o processo para escolher o set list final para a nossa edição, sobre a canção surpresa que ele estava guardando para nós e, claro, sobre como foi chegar na escolha desta música específica, e que segundo ele já era pedida desde a primeira VGL. Então, de forma inusitada o compositor começou a falar sobre algumas outras game musics que também são muito pedidas, e dentre estas, está Top Gear. “Mas Top Gear nem é um jogo famoso lá fora, porque os brasileiros pedem tanto uma música desse jogo?”, brincou. Mas de tantos pedidos feitos, o santo finalmente atendeu a prece: Tommy prometeu diante de toda a platéia que, no próximo ano irá tocar Top Gear para nós.

A euforia do público foi algo inesquecível neste momento e diante de uma jura de amor tão bem elaborada, seguiu-se a tão aguardada estréia de um medley de Phoenix Wright. A novidade acabou encerrando o segundo ato do show, mas obviamente, o público não estava satisfeito e pediu por mais.

O grandioso encerramento teve então início com Tommy, Laura e Eimear sobre o palco, todos envoltos em um climão de suspense. Então começaram as dicas: a música a seguir seria de um jogo muito querido dos fãs, e que recebeu uma atenção especial durante a E3 deste ano com um anúncio que há muito tempo era aguardada, e o gênero era de RPG e a notícia sobre um remake…

Pronto, já não era mais preciso falar mais – e mesmo assim o compositor continuou a dar dicas, mas não sem antes chamar um convidado especial: Moisés Lima, um ultra-simpático membro da Família Lima. O músico se juntou ao time de estrelas apenas durante esta canção, mas definitivamente alcançou o sol e nos trouxe com ele um montante de energia, empolgação, vigor, entusiasmo e todo adjetivo mais que você possa imaginar que se refira a “animação”. Sua participação no violoncelo foi inesquecível durante a música “One Winged Angel” (o épico tema de Sephiroth), e super me fez imaginar como seria uma VGL com a Família Lima inteira tocando ao lado de Tommy… Uau!

Here’s to another 10 years…

Assim como Tommy, eu sinceramente espero que a VGL alcance e comemore mais 10 anos e mais 10 anos e mais 10 anos… Indo até onde for possível. Neste ano, eu pude presenciar como um show pode mudar, melhorar, evoluir; e tendo este otimismo à minha frente (e a lembrança daquela promessa que o Tommy fez, claro!), só consigo aguardar ansiosa pela edição do próximo ano. Que venha a VGL 2016!

Set list completo:

Ato I (1ª parte)

  • Castlevania Rock
  • Megaman
  • Metal Gear Solid 3: Snake Eater (vocal: Laura Intravia)
  • Kingdom Hearts
  • Sonic the Hedgehog
  • Donkey Kong Country (flauta: Laura Intravia)
  • The Elder Scrolls V: Skyrim
  • Chrono Trigger / Chrono Cross
  • The Tetris Opera (vocal: Laura Intravia)

Ato II (2ª parte)

  • Street Fighter II
  • The Legend of Zelda 25th Annviversary Arrangement (flauta: Laura Intravia)
  • Hearthstone: Heroes of Warcraft
  • World of Warcraft: Warlords of Draenor
  • Grim Fandango
  • Command & Conquer: Red Alert
  • ICO (piano: Laura Intravia)
  • Phoenix Wright (World Premiere)

Encore:

  • Final Fantasy VII: One Winged Angel (violoncelo: Moisés Lima, flauta: Laura Intravia)
  • Portal: Still Alive (vocal: Laura Intravia)

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