Se o produtor Yoshinori Ono fosse um personagem de Street Fighter, seu poder certamente seria o carisma. Cheio de piadas e comentários bem-humorados, o grande responsável por Street Fighter V divertiu a imprensa e os visitantes que passaram pelo primeiro dia da Brasil Game Show mesmo quando precisava tocar em assuntos um pouco mais sérios.

Como era de se esperar, sua participação no evento foi centrada na revelação de Laura, a nova lutadora do game e que deveria ser a grande surpresa da feira se não fossem as derrapadas que a mostraram antes da hora. No entanto, nem mesmo isso parece tirar a animação do produtor, que fez graça até mesmo do infeliz episódio ao subir no palco da Sony e pedir para que os fãs fingissem surpresa.

“No fim das contas, foi algo positivo”, explicou Ono quando questionado como foi lidar não com apenas um, mas dois vazamentos de conteúdos referentes à nova personagem. Apesar do incômodo de ver algo tão grande assim ser divulgado antes da hora, ele diz ter ficado bem feliz com a recepção dos jogadores ao verem a moça em ação. “Bem, se Deus quis assim, que deixe ser assim”, brinca. “Será que alguém deixou escapar de propósito? Não sei”. Ainda assim, fontes próximas ao produtor afirmaram que, por trás do bom-humor, o produtor ficou bastante chateado com tudo o que aconteceu.

Street Fighter 5

A nova cara para o Brasil

De qualquer forma, mesmo Laura não sendo a surpresa que ele esperava que fosse, ela foi a grande atração deste primeiro dia de Brasil Game Show. Tanto que Ono aproveitou para explicar um pouco do porquê de trazer uma nova competidora brasileira para o game. Ele disse que quis dar um descanso ao seu velho companheiro Blanka e que, por isso, decidiram apostar em um novo rosto. Assim, foi criada Laura Matsuda, irmã mais velha de Sean, de Street Fighter III.

E a inspiração para o seu visual e estilo de combate são mais do que óbvios. “Quando vamos criar um novo personagem, partimos de três pontos básicos para sua concepção”, conta o produtor ao lado de seu inseparável bonequinho. “Primeiro pensamos na jogabilidade. Afinal, qual o melhor estilo de combate para adicionarmos? Queríamos algo que fosse único e foi quando lembramos do Jiu-Jitsu”.

Em seguida, explica Ono, é a hora de definir os golpes. E o estilo de luta de Hélio Gracie realmente traz algo de novo à mecânica, combinando belas pancadas com golpes de agarrar e uma combinação bastante ágil de movimentos. “Além disso, conversei com o Blanka e ele me deixou emprestar seus golpes elétricos a ela”, brinca o produtor destacando o fato de que Laura é a primeira personagem focada em um modo de combate mais físico a disparar projéteis contra o inimigo.

“A última etapa quando criamos um novo personagem é o seu visual. Só depois de termos tudo definido é que pensamos em sua aparência”. E as referências para compôr o design da moça não é nenhum mistério: a mulher brasileira. “Quando vim para o Brasil pela primeira vez, na BGS de 2011, fiquei impressionado com o país e as mulheres. Assim, quando pensamos em trazer algo novo para Street Fighter V, decidimos unir beleza e força em uma só pessoa”. Mas ele completa: “teve também um pouco de gosto pessoal”.

SF V

E toda essa combinação realmente faz diferença. Disponível pela primeira vez no mundo para teste, Laura é mesmo uma grande adição ao game. Seu estilo de combate baseado no Jiu-Jitsu lembra bastante aquilo que vimos com Abel em Street Fighter IV, ou seja, movimentos rápidos e sequenciais.

A diferença é que, desta vez, a personagem não é focado em agarrar o oponente, mas em acertá-lo com potência e se afastar com agilidade. Por outro lado, basta uma combinação para que você emende aquela cotovelada com uma chave de perna fatal. Ela não é uma lutadora fácil de dominar, mas que causa enormes estragos quando você começa a entender suas mecânicas únicas.

Bem-vindo ao Rio

A visita de Ono ao Brasil em 2011 rendeu mais a Street Fighter V do que a nova lutadora. Como já tínhamos visto anteriormente, o game vai receber também um novo cenário inspirado na cidade do Rio de Janeiro, com direito a favela em verde e amarelo e a taça da Copa do Mundo no lugar do Cristo Redentor — algo que despertou muitas dúvidas e até algumas revoltas desde que foi anunciado.

SF V 2

“Uma das características do universo de Street Fighter é se aproveitar de elementos do mundo todo e brincar com a realidade”, conta o produtor sobre o porquê da mudança sobre o Corcovado. Segundo ele, a ideia era exatamente misturar as várias referências que as pessoas têm do Brasil e trazer isso tudo em uma imagem e, por mais que muita gente reclame, o futebol ainda é a maior delas. “E não tem nada a ver com questões religiosas. É apenas uma adaptação para a realidade do jogo”.

Próximos personagens

A Capcom anunciou anteriormente que teríamos 16 personagens disponíveis inicialmente em Street Fighter V, sendo quatro deles inéditos. Laura é o terceiro novo rosto do game e, com ela, restam apenas mais duas vagas para completar esse time. E o que podemos esperar por aí?

“Quando vamos escolher um personagem, temos duas opções: retornar com alguém já conhecido ou criar algo novo. E, para isso, partimos daquilo que os fãs esperam”, detalha Yoshinori Ono enquanto toma cuidado para não entregar mais nenhuma surpresa. “Afinal, qual a expectativa dos jogadores? Como eles querem jogar? Se tiver alguém se encaixe nisso, trazemos de volta. Caso contrário, fazemos algo inédito. Tudo é uma questão de saber qual a jogabilidade que o público quer”.

E, para o próximo estreante, o mistério é ainda maior. Sem dar maiores dicas do que está por vir, ele apenas diz que, sempre que a equipe pensa em desenvolver um novato, a ideia é fazer algo que supere aquilo que já conhecemos.

Criando seu ecossistema

Deixando um pouco Laura e o elenco de lado, Yoshinori Ono falou também sobre algumas das novas mecânicas de Street Fighter V. Segundo ele, a ideia é trazer algo que seja familiar, mas completamente novo. “A maioria dos jogos de luta, como Mortal Kombat, segue um sistema de sequência em que cada título é sempre muito parecido com o anterior. Com Street Fighter, porém, a lógica é um pouco diferente”.

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Ele explica que a ideia da série é trazer pequenas revoluções na mecânica e trazer algo inédito e diferente a cada lançamento. “Ainda tem gente que prefere Street Fighter II e não há nenhum problema nisso. Há ainda quem seja fã da série Alpha ou mesmo de Street Fighter IV. Se alguém não gostar as adições de SFV, pode continuar nos demais sem problemas”, explica o produtor.

E um dos pilares para isso é o diálogo com a própria comunidade. A Capcom sempre esteve muito próxima de seus fãs em busca de retorno para saber o que melhorar e o que adicionar em cada atualização — e, desta vez, não será diferente. “Vamos nos concentrar em Street Fighter V nos campeonatos, mas podemos continuar com o suporte a Ultra Street Fighter IV se a comunidade quiser”, conclui.

Por fim, Ono afirma que quer aproveitar a Brasil Game Show para se manter próximo dos jogadores e ouvir o que eles têm a dizer sobre Laura e o game em si. E, como sempre, ao lado de seu inseparável Blanka.

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