Poucas séries apresentaram um enredo tão complexo quanto o de Metal Gear, mas se as peripécias das “cobras velhas, solidas e liquidas” parecem confusas, você ainda não conheceu Legacy of Kain.
Nos idos de 1996, desenvolvido pela Silicon Knights e publicado pela Cristal Dynamics, chegava ao PlayStation Blood Omen: Legacy of Kain.
Um Action RPG com visão aérea, que na época ouvi gente o descrevendo como um “Zelda Macabro”. Porém, discordo completamente, não desmerecendo o clássico da Nintendo, mas Blood Omen é muito mais completo e complexo.
A história se inicia com o aristocrata Kain sendo morto e ressuscitado pelas mãos de Mortanius, como um vampiro sedento de sangue e vingança. O que Kain não sabia é que tudo isso fazia parte de uma trama muito maior, que envolveria a ruína de Nosgoth e seus nove pilares.
Morte, conflito, estados, energia, tempo, dimensão, natureza, mente e equilíbrio. A ruína de cada um desses pilares coloca em risco a existência de Nosgoth e sua missão é restaurá-los, eliminando os guardiões de cada um deles, que se corromperam com o tempo.
Essa busca nos leva por um mundo fantástico, cheio de seres e com uma mitologia própria, fazendo com que você descobra eventos da historia de Nosgoth que precedem sua existência e vão se desenrolando no decorrer do jogo.
Em se tratando do mito do vampiro, Blood Omen respeita e traz varias características desse ser, como a fraqueza à água, luz do sol, capacidade de se transformar em névoa, morcegos e uma espécie de “lobo”, como visto no filme “Dracula”, de Bram Stoker. Uma licença poética interessante é a capacidade que Kain tem de sugar o sangue de suas vitimas à distância.
Agora falando dos aspectos técnicos, Blood Omen possui gráficos 2D muito bonitos para época, porém datados para os dias de hoje. É bater os olhos e instantaneamente me vem à cabeça: jogo de PC dos nos 90.
As cutscenes não ficam atrás, mas cumprem bem o papel de nos contar a história rica do jogo, além de ilustrar o deslocamento de Kain quando se transforma numa nuvem de morcegos. Sonoramente o jogo também vai muito bem, com uma trilha densa que dá o clima à aventura o tempo todo, além de efeitos sonoros e vozes com excelente qualidade. Podemos inclusive ouvir claramente Kain bradando seu grito de guerra de forma equivocada. Gritando “Vae Victus” quando na verdade deveria ser “Vae Victis”, do Latin, “Ai dos vencidos”.
Os controles, o que falar? São horríveis! Na época, ainda não estavam disponíveis os controles analógicos, então o que nos resta é o D-Pad. Isso não seria um problema de existisse um sistema de defesa ou esquiva, mas o que acontece mesmo é que Kain sai dando espadadas para todos os lados e consequentemente tomando danos. Tirando esse aspecto, as funções até que são bem distribuídas.
Alem dos controles, outros aspectos negativos de Blood Omen são a falta de legendas, perdoável na época, e um mapa complicadíssimo. O jogo te diz para onde ir, mas ao olhar o mapa não fica claro como chegar, isso faz você gastar horas indo e vindo sem progredir no jogo.
Apesar de pecar em alguns pontos, Blood Omen: Legacy of Kain continua sendo um bom jogo, excelente, considerando o enredo. Acredito que ele não teve tanto destaque quanto suas sequências, mas para quem gosta de Soul Reaver e quer entender por completo essa saga, ele é obrigatório.
Blood Omen: Legacy of Kain saiu originalmente para PlayStation, PC e segue disponível na PSN para ser jogado no PS3, PSP e PS Vita (se a calhorda da Sony devolver a compatibilidade com o console).