Poucas franquias de jogos têm uma longevidade tão grande quanto Resident Evil. E, da mesma forma, poucas são as séries que têm mais lendas quanto a franquia master da Capcom. O quarto episódio da nossa série vai explorar algumas dessas histórias envolvendo Resident Evil, e para isso, contarei com a ajuda mais do que competente da Jessica Pinheiro, a Jejé, que assim como eu, é fã de longuíssima data dessa grande saga.
Dubladores e atores live action de Resident Evil
Poucos são os fãs que jogaram o primeiro Resident Evil e não ficaram intrigados com a falta de informações sobre os dubladores, e, principalmente, os atores das cenas em live action do jogo. Não há quase nada sobre eles na internet e os créditos não ajudam muito, já que ao buscar pelos nomes que aparecem no encerramento, também não é encontrado nada muito informativo.
https://www.youtube.com/watch?v=YUtaxyA6W2o
Essa ausência de maiores informações sobre esses atores, e até mesmo o fato de eles nunca terem sido vistos antes ou depois em nenhum outro jogo, fez com que uma série de boatos surgissem nos fóruns, que apontavam até mesmo que se tratava de atores e atrizes de filmes eróticos, que foram contratados pela Capcom por seu baixo custo. Levando-se em conta que Resident Evil era um tiro no escuro, e poderia dar errado, nada mais justo do que buscar reduzir os custos. Nada nunca foi provado nesse ponto, mas esses rumores tomaram grandes proporções e até hoje há quem acredita que se os atores eram de fato, oriundos de produções pornográficas.
O primeiro Resident Evil também proporciona uma das dublagens mais icônicas da série toda, não por sua qualidade, mas sim por ser bastante caricata, digna de amadores. Uma aula ao contrário no quesito interpretação e entonação vocal, a dublagem tem várias pérolas que já podem ser apreciadas com cinco minutos de jogo, como “It’s not Chris’s blood”, ou “I have THIS!”, ou ainda “You’re almost a Jill’s Sandwich!”. Detalhe que a maioria das frases caricatas, praticamente memes, são proferidas por Barry Burton, sem dúvida o dublador mais escrachado e com menos talento de todo o jogo.
A verdade é que a dublagem, como um todo, já é uma enorme pérola, e acabou se tornando uma verdadeira lenda entre os jogos, digna de filmes de baixíssimo orçamento, daqueles que são feitos no fundo do quintal, com um aspirador de pó coberto com lençol branco representando um fantasma. A verdade é que, com a baixa qualidade das interpretações do game, algumas situações que o jogador passa durante a trama chegam até a ter um tom cômido. Embora RE2 também conte com esse tipo de problema, nunca mais veríamos aquele baixo nível de dublagem em um outro jogo da série.
Mais detalhes e informações sobre os atores e dubladores do primeiro Resident Evil, inclusive aqueles que já foram descobertos pelos fãs, podem ser conferidos neste artigo do Resident Evil SAC.
A porta “secreta” da RPD em Resident Evil 2
Lançado em uma época que a internet era recurso para poucos, Resident Evil 2 é dos jogos que mais tem mistérios e lendas, como aliás, vocês vão perceber no restante deste artigo. A delegacia do game é um dos locais mais icônicos de toda a saga, e também um dos maiores labirintos que já apareceram em Resident Evil. Cheia de portas, salas e corredores que se interligam, esse cenário foi um dos mais explorados pelos fãs, mas, os mais desatentos, até hoje se perguntam a respeito de uma porta que não é possível abrir:
Muitos acreditavam que ela poderia dar acesso a alguma sala especial na delegacia, especulava-se até que poderia ser uma sala com equipamentos e armas. Outros acreditavam que algum segredo estaria escondido ali, como algo relacionado a Brian Irons ou até mesmo a Annette e William Birkin. Porém, uma simples olhada no mapa mostra que essa porta, nada mais é do que… nada. Sim, ela simplesmente dá acesso ao corredor onde Leon e Claire se encontram pela primeira vez após chegarem na RPD, e onde o policial entrega um rádio para a irmã de Chris:
A porta, que está quebrada na parte de baixo, serve para Sherry escapar em determinado momento do jogo, já que por estar quebrada, foi lacrada pelos funcionários da RPD e não possível ser aberta. Para acabar com quaisquer dúvidas, basta conferir o mapa do segundo andar da RPD, onde fica bem claro que a porta é apenas um nada:
Akuma em Resident Evil 2
Uma das lendas mais conhecidas da série e que também sempre marca presença em qualquer lista com os mitos mais famosos no universo gamer em geral, é certamente a história do Akuma em RE2.
Tudo começou em Abril de 1998, quando a revista EGM (Eletronic Monthly Gaming) anunciou que seria possível desbloquear o personagem da série Street Fighter em Resident Evil 2. Para que isso acontecesse, era preciso zerar os dois cenários alcançando o ranking máximo por três vezes seguidas. Se você está achando fácil, há um detalhe importante: durante todas as seis partidas, o jogador deveria usar apenas a pistola e a faca como armas, do começo ao fim!
Então, na sétima, o jogador deveria chegar até o computador dos laboratórios, no fim do jogo, e digitar uma senha ali: “AKUMA”. Depois era só zerar novamente e começar o outro cenário, e seguir o mesmo roteiro, chegar até o laboratório e digitar novamente a mesma senha. Após o feito, o jogador teria a opção de criar um novo arquivo de save, e só então o aguardado momento aconteceria!
O lutador de rua sombrio saltaria, portanto, de um dos tubos que armazenam os experimentos da Umbrella; e o jogador passaria a controlá-lo a partir dali. O diferencial de Akuma seria que ele poderia acessar qualquer lugar do jogo sem precisar de chaves e ao invés de usar armas de fogo ele usaria seus poderes e golpes físicos para acabar com os inimigos!
Parece louvável… Mas para a tristeza de muitos jogadores, que tentaram durante muito tempo fazer o personagem secreto ser jogável de verdade; tudo isso não se tratava apenas uma brincadeira de 1º de Abril.
Desolados, alguns fãs resolveram colocar a mão na massa, e modificaram a versão de PC de RE2, colocando a skin de Akuma no jogo, mas isso apenas deixava os personagens com o visual dele, nada de Hadoukens, Shoryukens ou “Tektek Tugens”.
Fontes:
Scan da Revista EGM e What Culture.
A lenda do Mikami sem cabeça
Outra história curiosa, mas que até hoje não teve os seus por quês muito bem explicados, é a questão da exclusividade de Resident Evil 4, e a cabeça do cavaleiro Mikami. Se você ainda não sabe, vamos recapitular essa velha história: entre novembro e dezembro de 2002, a Capcom anunciou que fechou um acordo com a Nintendo, e a partir de então, a produtora iria desenvolver cinco títulos exclusivos para o console que a Big N havia lançado há pouco tempo naquela época, o GameCube. Conhecidos então como “Capcom Five”, os títulos seriam: P.N.03, Killer7, Dead Phoenix (que foi cancelado), Resident Evil 4 e Viewtiful Joe.
Todavia, houve um grande desencontro de informações por parte das relações públicas da desenvolvedora e cerca de um mês depois, a empresa anunciou que apenas RE4 seria devidamente exclusivo, e os demais, apesar de ainda aterrissarem no console quadrado, poderiam ser negociados.
Rumores então surgiram falando que investidores estavam botando pressão na Capcom para que RE4 fosse lançado para um console com mais chances de sucesso no mercado. E Shinji Mikami, o pai da série, fez uma grande campanha na época para promover RE4 e chegou até mesmo a comentar que “arrancaria sua cabeça fora se RE4 fosse lançado para outro console”.
Foi então que na E3 de 2004, a Capcom anunciou o lançamento de RE4 para janeiro de 2005, e para o choque de uma nação, na época de Halloween, ainda em 2004, foi anunciada pela desenvolvedora a produção de três grandes títulos para o PlayStation 2, dentre eles um port de RE4.
Obviamente isso gerou imensas polêmicas, e até mesmo os fãs da série que compraram o console especialmente para jogar RE4 se sentiram traídos. Até hoje não se sabe se existe algum processo da Nintendo pela quebra de exclusividade, mas ao mesmo tempo, não se sabe se foi um acordo selado através de contrato ou um investimento. Existe muito mistério nesta história.
Mikami então saiu da Capcom pouco tempo depois, e só para constar, ele não cortou a cabeça dele como havia falado durante sua entrevista, publicada no HYPER CAPCOM SPECIAL. Ainda assim, quando montou seu próprio estúdio, Tango Gameworks, para chamar a atenção dos jogadores e das publishers, ele criou uma animação em flash em seu site, onde as pessoas podiam ajudá-lo a cometer suicídio!
Err… Calma. Não vamos nos precipitar. Tudo não passava de uma brincadeira! Nessa animação em flash, Mikami referenciava aos samurais, que em sua época, se suicidavam de duas formas, para assim morrerem com honra. Então, eles cometiam seppuku (ou harakiri, se preferir) pedindo a um amigo para cortarem a sua cabeça ou perfuravam o próprio abdome com a espada.
O produtor então utilizou a primeira opção, e havia assim, Mikami vestido como um samurai, ajoelhado e encarando a tela do monitor, enquanto outro samurai posicionado atrás dele, com uma espada em mãos; aguardava os comandos do teclado do visitante para decapitar o pai da série RE. Além de ser uma ótima sacada com sua icônica declaração, Mikami conseguiu saciar os jogadores que por qualquer motivo o odiavam e ainda focou os holofotes sobre sua nova empreitada.
Fontes:
Gaming History 101; Kotaku; Resident Evil Database e The Escapist.
Bug Evil 2
Os fatos a seguir são relatos pessoais da Jejé.
Para quem reclama aos quatro ventos de Operation Raccoon City, é porque realmente não debulhou RE2 a torto e a direito, em diversas plataformas diferentes. Não que eu esteja me gabando, mas foi o jogo da série que eu assumidamente terminei mais vezes, em diversos consoles.
A primeira lenda urbana relacionada a issocomeçou quando eu ainda jogava na versão de PlayStation. Quando finalmente consegui avançar no game pela primeira vez, cheguei até os esgotos, onde eu já sabia que iria enfrentar o crocodilo depois de ter visto meu tio jogar. O dito cujo, inclusive, estava assistindo à minha jogatina, e vez ou outra me dava dicas do que fazer (ele é mais velho e já havia terminado o game na época). Então ele soltou a frase seguinte frase, que, sendo sincera, me assombra até os dias de hoje: “Ah, checa o cilindro mais de duas vezes, tá? Pode acontecer dele não cair…”. Pronto! The treta has been planted. Claro que eu o questionei se aquilo era verdade. E ele confirmou que com ele certa vez realmente não caiu! E desde então eu realmente examino diversas vezes o cilindro para que não corra risco de não cair, e eu tenha que enfrentar o chefe “na raça”.
Outra lenda que pouca gente acredita, mas é porque é na verdade um bug que acontece apenas nas versões do jogo para PC e Nintendo64; é o “One Hit Kill” do William Birkin no final do cenário Claire A. Mesmo que a garota esteja em ótimo estado (Fine), com trilhões de combinações de ervas e até mesmo o maior arsenal para enfrentar o último chefe desse cenário; há um perigo iminente que poucos imaginam: ele pode saltar sobre os tubos de experimento, e em seguida pular sobre a Claire caso ela fique parada em um ponto. Este salto sozinho faz com que a protagonista morra instantaneamente. E normalmente isso não acontece!
Para finalizar, eis outro bug que pouca gente presenciou na vida: ainda no cenário Claire A, no trecho em que jogamos com a Sherry, ao passar pelo duto de ventilação, diversas baratas saltam sobre a garotinha, e elas demoram muito a largar. Acontece que… Às vezes as baratas grudam nela para nunca mais soltar. E mesmo acessando o inventário para checar o estado da menina, ela continua bem (Fine). O susto é quando Sherry morre de uma hora pra outra, quase que instantaneamente também. Se você estiver fazendo speed run, um bug como este desanima, e infelizmente custa a passar.