Until Dawn chegou de forma modesta, tendo sido anunciado em 2008 e desaparecido pouco depois, retornando neste ano como um dos novos exclusivos da Sony. Nem todo mundo o viu de forma jogável na Brasil Game Show, já que o título estava presente em apenas duas estações, em meio a outros grandes nomes como Driveclub, The Order: 1886 e The Evil Within. É uma pena, pois tínhamos ali um dos melhores games de toda a feira.
Se você, como eu, está perto dos 30 anos de idade, se lembra dos filmes de terror trashera dos anos 80, que passavam nas noites do SBT e traziam consigo dublagens esquisitas e atuações exageradas, mas ainda assim eram capazes de nos deixar com medo. Em frente à estação de jogo e com fones que isolavam todo o barulho ambiente, me vi retornando a essa época, só que agora, com um controle na mão.
Na trama, um grupo de adolescentes vai a uma casa, no meio do nada, para lembrar o aniversário de um ano do falecimento de uma amiga. Lá, os oito personagens acabam sendo perseguidos por um serial killer e se veem em meio a uma trama de sustos e muito terror enquanto o fantasma de sua antiga colega indica o que fazer e os auxilia não a sobreviver, mas a desvendar o que aconteceu com ela.
Na demonstração da BGS, assumíamos o controle da protagonista Ashley em um momento avançado da trama, após o assassinato de alguns membros do grupo de jovens. Estamos em uma espécie de porão, e a ambientação com a história acontece por meio de diálogos, enquanto o desenrolar dela se dá pela busca por itens, indícios e a aparição do espectro que é tão protagonista quanto os próprios personagens.
Para alguns, o game vai lembrar coisas como Beyond: Two Souls ou Heavy Rain. Para outros, a quantidade de sustos e momentos de exploração vai remeter a Outlast ou Slender. Until Dawn pode ser parecido com estes, mas também tem suas diferenças. É um filme jogável, ou então, um game que empresta de forma muito interessante a fórmula dos cinemas.
Apostando no movimento
Apesar de estar retornando de forma um pouco diferente, Until Dawn ainda retém boa parte da pegada do jogo original, que iria utilizar o PlayStation Move. O periférico foi deixado de lado, mas o título ainda aposta em controles com movimento para realizar boa parte das ações, como controlar a lanterna ou observar objetos, movendo o DualShock 4, ou virar páginas utilizando touchpad.
O objetivo aqui é fazer com que o jogador mantenha sempre os olhos na tela e se envolva com a trama sem precisar lidar com controles complexos ou o pressionamento de combinações de botões. Na demo, funciona bem, mas os elementos de observação e controle da lanterna não são realmente importantes. Fica a dúvida sobre como tudo vai funcionar em um possível momento de tensão, por exemplo, no qual precisão ou agilidade possam ser necessárias.
A expectativa é que a desenvolvedora Supermassive Games perceba que nem todos estão dispostos a ficarem se movendo quando em frente ao video game e permita que a lanterna seja utilizada também pelo analógico direito, que na demo, serve para mover a câmera. Esse movimento, porém, é bastante limitado, já que Until Dawn aposta nos ângulos fixos de cinema para criar a tensão, quase como em um Survival Horror antigo. Por isso, seria interessante ver esse tipo de opção.
Falando em personalização de experiência, Until Dawn empresta aquele que é um dos poucos aspectos realmente interessantes de Silent Hill: Shattered Memories e questiona o jogador sobre sua psicologia e aspectos pessoais. Isso, assim como as decisões, influenciam no andamento do game e transformam a forma como os sustos se darão ao longo do título.
Versão brasileira
Como não poderia deixar de ser, a Sony trouxe à BGS uma demonstração que já conta com dublagens em português ao melhor estilo Sessão da Tarde. Isso é feito de propósito, com os atores exagerando nas interpretações de medo e tensão dos personagens, na mesma medida em que soltam jargões idiotas. É praticamente impossível não rir quando o parceiro da protagonista, Chris, leva um susto e pergunta se alguém “está de brincation com ele”. Fruto de uma localização bem feita e de um trabalho bastante alinhado com a proposta original.
Os diálogos praticamente não param e, caso o jogador não preste atenção, poderá perder elementos importantes da trama. O nervosismo é claro, e demonstrado por personagens que não param de falar. Em determinados momentos, o jogador pode escolher atitudes ou determinados tons para continuar o assunto e isso influencia no andamento da história e na relação entre os personagens.
O efeito borboleta também faz presença aqui. A coleta de uma tesoura ou não, em determinado ponto do game, pode influenciar diretamente um encontro com o assassino logo adiante, representando a diferença entre uma protagonista vulnerável ou capaz de atacar. O resultado, porém, acaba sendo mais ou menos o mesmo: uma insana armadilha na qual o jogador escolhe quem vive e quem morre. Um final perfeito para deixar os visitantes da feira esperando ansiosamente pelo título.
Until Dawn é um game exclusivo para o PlayStation 4 e deve chegar no ano que vem.