Aguardado ansiosamente por todo fã de RPG, é estranho perceber que The Witcher 3: Wild Hunt em um estande escondido em um dos pavilhões secundários da Brasil Game Show 2014. No entanto, apesar dessa discrição, não há como não se empolgar ao ver a imponente logo que logo salta aos olhos.
Contudo, esta não é a única atração da CD Projekt RED para o evento. Embora a nova aventura de Geralt da Rívia seja o grande atrativo da empresa, a produtora polonesa veio armada com um trunfo extra. Assim, enquanto as pessoas aguardam na longa fila para conferir as sessões fechadas do novo capítulo da série, podem conferir algumas partidas rápidas de The Witcher: Battle Arena, o MOBA inspirado no extenso universo da série.
E, para sabermos um pouco mais sobre os dois games, conversamos com o analista de criatividade do estúdio, Tadeusz Zieliński, para saber o que podemos esperar dessas duas propostas tão diferentes sobre a mesma história.
A longa espera do bruxeiro
Caso você não se lembre, The Witcher 3: Wild Hunt foi um dos primeiros títulos desta nova geração a serem anunciados, quando nem a existência do PS4 e do Xbox One haviam sido confirmadas. E, eis que essas plataformas estão prestes a completar seu primeiro aniversário no mercado e nada ainda de vermos o bruxo dando as caras. E a pergunta é: por quê?
“É um processo complicado”, explica Zieliński quando questionado sobre a demora na produção do RPG. “Tivemos de conhecer e aprender a usar as novas plataformas, o que não é algo tão simples assim. Por isso, não acho que o desenvolvimento possa ser considerado mais longo do que o normal”.
E ele tem razão, principalmente se lembrarmos que a CD Projekt ainda é um estúdio pequeno, mesmo com seus últimos sucessos. Assim, a espera de pouco mais de um ano e meio não é nada anormal.
Como destacado pelo produtor, esse tempo serviu para que a equipe de produção ajustasse alguns aspectos do game à medida que ela ia aprendendo mais sobre os novos consoles. Só que essa falta de experiência nunca foi visto como desafio ou coisa parecida, já que, de acordo com Zieliński, todo o potencial dos sistemas era adaptado de acordo com as necessidades do estúdio.
“Em nenhum momento nos sentimos limitados por desconhecer o hardware”, conta o produtor, que ainda comenta sobre as poucas mudanças que o projeto sofreu ao longo do caminho. “Com exceção de apenas alguns detalhes técnicos, pouco foi alterado em relação à ideia inicial. Em relação à história e àquilo que queríamos oferecer ao jogador, não foi mudado praticante nada”.
A estreia no PlayStation
Já que o desenvolvimento de The Witcher 3 segue muito bem, obrigado, nossa preocupação segue por um rumo diferente. Afinal, esta é a primeira vez que Geralt chega aos sistemas da Sony e, por ser o terceiro título da Sony, fica a dúvida se aqueles que vão ter seu primeiro contato com este universo nesta geração vão se sentir perdidos em meio ao mar de informações.
Zieliński garante que não. “Embora seja uma sequência, a história de Wild Hunt é construído de maneira independente”, explica o produtor, destacando que o título será totalmente focado em sua história e que, por isso, não há com o que se preocupar quanto a acontecimentos passados. “É claro que quem jogou os games anteriores e já conhece a história vai ter uma visão bem mais ampla de tudo, mas não é nada necessário ou que vá atrapalhar os novatos”.
O mesmo acontece com as mecânicas da série. Embora The Witcher 3 introduza vários recursos inéditos, o game conta com várias particularidades herdadas de Assassins of Kings. Porém, ele ressalta que, assim como todo novo jogo, Wild Hunt conta com uma introdução aos diversos elementos de jogabilidade que vai permitir que qualquer pessoa possa aproveitar tudo aquilo que torna Geralt um protagonista único.
E já que estamos falando da ausência de The Witcher nas plataformas da Sony, será que não é sonhar demais com um relançamento dos dois primeiros títulos para a atual geração? Pelo menos para Zieliński, este ainda não é o momento. “As primeiras coisas devem vir antes. Queremos nos focar em The Witcher 3 e Cyberpunk 2077 antes e só depois vamos estudar a possibilidade”.
Por onde anda Cyberpunk?
Já que o próprio produtor trouxe o misterioso game à tona, não custa nada tentar descobrir onde diabos está o jogo, que há algum tempo sumiu do mapa sem qualquer novidade – apesar da premissa bastante promissora.
“Temos três regras sobre Cyberpunk 2077. A primeira é: não falamos sobre Cyberpunk 2077”, brinca o produtor em referência às icônicas regras que regem o Clube da Luta. E, apesar da piada, ele realmente não comentou nada mesmo sobre o jogo.
Um bruxo na ponta dos seus dedos
Deixando Wild Hunt de lado, Tadeusz Zieliński aproveitou para nos apresentar um pouco mais de The Witcher: Battle Arena, o MOBA que a CD Projekt RED está trazendo para os tablets. Mas, afinal, como pode o vasto universo da série caber em um título tão simples para dispositivos móveis?
Para o produtor, não se trata de uma tarefa tão complicada assim, já que tudo o que Battle Arena faz é se inspirar naquela mitologia para trazer algo simples e não muito aprofundado. “O jogo tem sua própria narrativa, mas você não precisa mergulhar nela para aproveitar o que temos a oferecer. Os personagens, os inimigos e tudo o mais vem dos livros, dos jogos de The Witcher, mas apenas para tornar as coisas mais ricas. O principal é a jogabilidade”, explica.
E é fácil visualizar o que Zieliński diz já nos primeiros minutos de demonstração do MOBA. A versão exibida para nós se limitou apenas ao modo de conquista de território, mas isso já foi o suficiente para vermos o quanto Battle Arena é rápido e simples. “Não queremos que o jogador perca muito tempo em uma partida”, conta o produtor. “A ideia é que ele jogue fora de casa, seja no ônibus ou enquanto espera ser atendido no banco. Por isso, o jogo é curto”.
Para conseguir esse dinamismo, a CD Projekt RED optou por simplicar todas as mecânicas, adaptando-as à touchscreen dos tablets. Com um toque simles na tela, o jogador movimenta seu herói ou o coloca para entrentar um inimigo. E todas as batalhas se resolvem muito rapidamente, deixando as coisas bem ágeis.
Além disso, outro ponto que chama a atenção são as opções de personalização. O produtor nos mostrou um pouco dos diferentes equipamentos de cada personagem, assim como suas skills. Você pode focar em determinadas características de seu herói, como dano ou efeitos variados de ataque, o que cria uma combinação bem ampla e diversificada. “Com a quantidade de opções existentes, mesmo que dois jogadores escolham os mesmos campeões, eles serão completamente diferente”, explica Zieliński.
E, como The Witcher: Battle Arena é um título gratuito, é natural que a preocupação com o equilíbrio entre conteúdo grátis e material pago seja um dos tópicos principais de discussões. No entanto, o analista de criatividade da CD Projekt diz que não há com o que se preocupar. “Não queremos forçar as pessoas a gastarem”, conta o produtor. “É claro que queremos que elas comprem, mas não vamos ficar jogando isso na cara. É chato, sabemos disso”.
Zieliński acrescenta ainda o fato de que, se você optar por não pagar por nada, não vai se sentir prejudicado nas partidas, já que o equilíbrio nos combates não está nos iten que você adquire, mas na forma com que você utiliza tudo isso em seu personagem. A estratégia que antecede o confronto é a parte mais importante de Battle Arena.
Por fim, ele conta que, além da batalha por territórios, The Witcher para tablets contará com outros modos, incluindo um offline que colocará heróis contra monstros e um PvP, que ainda está em fase de desenvolvimento. E, sobre a falta do icônico protagonista na demonstração, o produtor brinca: “Fique calmo, porque Geralt está chegando”. Estamos ansiosos para vê-lo em ação na pequena tela.