Quando foi a última vez em que você se pegou olhando com genuína curiosidade os detalhes mais precisos de algum jogo diretamente em sua capa durante uma visita a uma loja? E qual foi última vez em que você fez a seguinte busca no YouTube: jogo-que-quero-comprar + gameplay? Nem tanto tempo, certo?

Até porquê, mesmo se tentasse com muito afinco, você não iria encontrar muita coisa sobre a jogabilidade diretamente em suas capas, a não ser uma ou outra imagem de cutscenes iradas e cheias de hype. Mas pra que ver algo congelado no tempo se você pode ver tudo vivo, se mexendo e tornando sua experiência pré-compra muito mais “massa véio” diretamente em um vídeo?

Assim, está morto o menino capa e suas informações de gameplay, trocadas por frios números de quanto espaço seu jogo ocupa no HD, o que não deixa de ser altamente importante hoje em dia. Assim é a evolução e ela não é ruim. Que venham os vídeos, já que a princípio, não caberia tudo numa capinha.

Após a geração dos 16 bits, onde tudo ficou muito mais cinematográfico, era natural que houvesse uma migração da forma como os  joguinhos seriam apresentados aos futuros compradores. Quando o YouTube foi lançado, lá no longínquo ano de 2005 (em fevereiro do ano que vem fazem 10 anos de sua existência, notei isso agora e uma grande barba branca nasceu em meu rosto), e até hoje, o gigantesco conteúdo disponível em relação aos games passou a ser lugar comum. Ora, como passar do maldito Tower Knight em Demon’s Souls?

https://www.youtube.com/watch?v=9V8Zi4lT_wQ

Gameplays inteiros disponíveis, com direito a todas as cutscenes, ou separadas pra quem quer apenas… assistir ao vídeo, dando a (triste) possibilidade da pessoa “jogar pelo YouTube”. Além, é claro, disso tudo ser uma ferramenta valiosa das publishers apresentarem tudo o que há de bom em seus jogos.

E já que virou cinema, porquê não invocar os astros? Todo mundo queria/quer ver Frank Underwood, também registrado como Kevin Spacey, fazendo o que faz de melhor em Call of Duty: Advanced Warfare, como Jonathan Irons. Lembro da primeira vez que reparei nisso, o que diabos o Starkiller, de Star Wars: The Force Unleashed, está fazendo em Battlestar Galactica, e morrendo como um soldado normal? Use a Força, sujeito!

O Youtube e a nova forma de divulgação dos jogos

Filmes jogados, como Heavy Rain e posteriormente Beyond: Two Souls, e Fahrenheit antes deles, confesso que são chatos pra cacete não estão em primeiro lugar no meu gosto, podem ser um próximo passo para uma imersão tão densa como a do cinema. Enquanto isso, The Last of Us, com a mesma Ellen Page no papel, é muito mais imersivo, e jogável que qualquer Quick Time Event bem roteirizado.

Voltando ao YouTube e aos jogos remasterizados que fizeram o início dessa oitava geração. Difícil imaginar como o marketing iria se virar bem sem ele. Talvez, simplesmente, não haveria como. Se com os vídeos já somos surpreendidos negativamente com um downgrade ou outro do que nos foi apresentado numa E3 da vida, uma imagem chapada não serviria muito pra alimentar todo ódio nos consoles wars dessa maravilhosa internet. Os males da evolução.

Falando em guerra, como não citar o novo trabalho de YouTuber, cheios de polêmicas BGS afora? Canais com milhões de inscritos, rendendo outros milhões por ano aos seus donos, catapultou a atenção dos jogadores e transformou os criadores em formadores de opinião. As empresas rirão de orelha a orelha por uma recomendação do tipo “Faaala galeeera, beleza? Joguem jogo tal“.

Não entrando no mérito de onde o foco deve estar, na tela ou a frente dela, eles são peças-chaves na hora do comprador avaliar determinada aquisição. O gosto por jogos sendo mais pessoal do que qualquer outra coisa, algo que pode ser memorável para uma pessoa pode passar batido devido uma avaliação ruim de um YouTuber num vídeo de meia hora. E uma avaliação completa de um jogo de 20 horas, em vídeo, pode até conter opiniões baseadas na jogabilidade e gráficos, no frame-rate e iluminação, e também na história com pequenos spoilers, mas nunca trará a experiência de ter conseguido matar o Tower Knight sem o YouTube.

Cabe a cada um escolher o que melhor lhe apetece. Mas, claro, não dá para ignorar uma revolução que está acontecendo e cresce mais a cada dia.

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