Os grandes estúdios ainda são as principais atrações da Brasil Game Show – e isso é óbvio. Sony, Microsoft, Warner, Ubisoft e todas aquelas gigantes de quem a gente fala todos os dias eram os estandes mais disputados do evento, mas não são os únicos. Orbitando ao redor delas, havia uma série de outras empresas que disputavam a atenção do público que passou pela BGS. E, das diversas companhias nesta situação, uma das que mais chamava a atenção era a responsável pelo jogo Tanki Online.
Seja pela movimentação constante em torno dos diversos computadores espalhados ou pelo fato de ter um tanque estacionado no meio disso tudo, o fato é que game russo foi uma das principais “atrações paralelas” do evento. E o curioso é que ele não era nenhuma “novidade”. Presente no Brasil desde o último mês de abril, o game foi à BGS com um objetivo um pouco diferente daquilo que estamos habituados a ver: em vez de promover um lançamento, ele queria se fazer conhecido.
É fácil entender o porquê desta estratégia corpo a corpo adotada pela empresa responsável pelo game no país. Sendo um jogo online e free to play, Tanki tem a ingrata missão de entrar em um mercado já bastante acirrado e disputar a atenção do jogador em meio a outras opções já bem consolidadas por aqui. Assim, nada mais efetivo do que se jogar de peito aberto onde este público está.
“O primeiro mercado da América Latina é o Brasil e isto já foi comprovado através de várias pesquisas”, explica a country manager do jogo, Amanda Souza. “A idéia número um é a exposição da marca dentro do território nacional e nada mais justo então do que participar de eventos offlines que agreguem valor a marca e tenham um público gamer, como o da BGS”.
E os primeiros resultados disso já começam a aparecer. De acordo com Amanda, ao longo dos cinco dias de evento, Tanki Online teve mais de 6.500 usuários simultâneos online – um número a ser comemorado na breve história do título no país. “Este foi o pico de jogadores que tivemos ao mesmo tempo dentro de um dos três servidores brasileiros”, explica a diretora local.
Tanque rotativo
No entanto, esse marco não se deu à toa. Para que um título consideravelmente novo pudesse se destacar em meio às grades novidades da indústria que estiveram nesta BGS, o pessoal do Tanki Online teve de ser criativo. E eles não economizaram nos brindes, sorteios e atrações para fazer com que o estande ficasse bem movimento.
Contudo, como a diretora local destaca, parte do mérito dessa conquista está exatamente na simplicidade que o jogo oferece. “O game por si só é bastante prático e, em pouco tempo, você já domina todo o sistema de combate”, explica Amanda. “Além disso, ele já é totalmente em português, o que facilita bastante a vida de quem vai começar”.
E essa facilidade é realmente um atrativo e tanto. Além de trazer uma praticidade que recepciona muito bem os novatos – eu sou péssimo em qualquer tipo de jogo online e, ainda assim, estava disputando a liderança das partidas –, o jogo conta com um dinamismo que fazia com que a rotatividade dentro do estande fosse bem grande, o que evitava a formação de grandes filas. Em um evento em que a espera mínima para jogar qualquer coisa era de horas, ter uma opção mais rápida era obviamente a queridinha de todos. E, com isso, muito mais gente passou pelos computadores ao redor do tanque.
Entrando na briga
Mas isso não é o suficiente. Apesar do bom resultado na BGS, Tanki Online ainda precisa encarar outros títulos F2P que há algum tempo já se estabeleceram por aqui. E, apesar de ser uma tarefa difícil, a equipe responsável pelo game não parece temer essa disputa de mercado.
De acordo com Amanda Souza, juntamente com a já apresentada mecânica acessível, outro diferencial do título é a atenção que o game vem dando ao jogador brasileiro. Além da localização inteiramente em português do conteúdo em si e do suporte em nosso idioma, o título ainda conta com um sistema diferenciado de moderação para evitar que as regras sejam desrespeitadas.
Afinal, qualquer pessoa que já tenha se aventurado pelo mundo do free to play já deve ter se deparado com hackers, cheaters e toda aquela “fauna” nociva que cria a má fama do gênero. E, por aqui, é a própria comunidade quem faz o monitoramento para que as coisas funcionem como deveriam. “Os moderadores são membros da própria comunidade”, conta Amanda. “São voluntários que recebem um treinamento todo específico e passam a cuidar do jogo junto com a gente”.
É claro que esse tipo de trabalho não é feito de graça, já que essa mão de obra extra acaba sendo beneficiada com Cristais – a moeda do jogo –, o que os auxilia a melhorar seu desempenho em campo. Ainda assim, trata-se de uma forma interessante de lidar com uma questão bastante incômoda no setor e que, segundo a diretora, vem dando certo.
Outro ponto é o cuidado que Tanki Online vem tendo para manter o equilíbrio dentro de seu mundo. Como todo F2P, ele possui seus itens à venda que podem ser usados para acelerar o progresso dos jogadores e, se mal administrado, pode deixar as coisas bem injustas para quem quer manter o cartão de crédito no bolso.
Amanda afirma que, como o game tem todo um sistema de hierarquia e estratégia, não é pagando que alguém vai se destacar em meio às partidas. “As batalhas são divididas em rankings e você cresce gradualmente entre elas. É muito mais sobre como saber usar os equipamentos de seu tanque do que simplesmente tê-los”, conta.
Além disso, o próprio sistema de matchmaking ajuda a filtrar essas discrepâncias. Assim, por mais que você tenha investido algumas centenas de reais em armas e peças para seu blindado, você só vai poder competir com pessoas de nível equivalente e, portanto, com um arsenal semelhante. A monetização serve para acelerar esse processo, e não desequilibrá-lo.
Para ficar de olho?
A verdade é que Tanki Online tem uma batalha bastante difícil pela frente. Apesar das boas ideias para se diferenciar de outros títulos do gênero, ele possui um apelo bem próprio que é, ao mesmo tempo, seu trunfo e sua perdição. Ele não se preocupa em ser realista e é bem comum vermos tanques correndo e quase que saltando pelas fases, o que pode incomodar aqueles que querem uma experiência mais bélica mesmo.
Por outro lado, como a Brasil Game Show bem mostrou, ainda há uma parcela de mercado que não se preocupa se a movimentação do tanque está verossímil ou se o jogo respeita sua física. O bom desempenho de um título razoavelmente novo mostra que ainda há espaço para quem está atrás de diversão descompromissada. E, neste caso, Tanki Online tem muito a oferecer. Não é tarefa fácil sobreviver, mas há potencial.
O jornalista foi ao evento a convite da empresa.