Quando coloquei a mão em Haunted House: Cryptic Graves, não sabia muito bem o que esperar. Sabia que se tratava de um game de terror, e havia visto apenas um trailer dele. Considero isso algo positivo, pois o fato de não conhecer praticamente nada a respeito do título, poderia fazer com que eu fosse surpreendido ao jogá-lo, além de não ter embutida nenhuma opinião externa que pudesse fazer com que eu tivesse algum pré-conceito com relação ao jogo. E foi assim que eu comecei a jogá-lo: totalmente despido de expectativas e aberto ao que o título pudesse me proporcionar…
Em pouco mais de seis horas de jogo, fui apresentado a uma infinidade de problemas, glitches, efeitos visuais nauseantes, controles imprecisos e inconsistência visual. Quem está lendo essa análise pode achar que é pouco tempo, mas desafio qualquer um a ter paciência pra jogar mais do que isso. Acima de tudo, Haunted House apresenta-se como um jogo feito às pressas, sem o menor cuidado com acabamento, daqueles que parecem que nem foram testados de forma minimamente decente antes de ser entregue ao público.
Em pouco mais de seis horas de jogo, fui apresentado a uma infinidade de problemas, glitches, efeitos visuais nauseantes, controles imprecisos e inconsistência visual. Desafio qualquer um a ter paciência pra jogar mais do que isso.
Logo de cara, somos apresentados a algo que mais lembra um jogo de PS2 “esticado” para a resolução de 1080p. Gráficos distorcidos, pixelizados e absurdamente granulados já são um balde de água fria em qualquer esperança de se encontrar visuais bonitos. Por ser um game em primeira pessoa, o mínimo que esperamos é que ele seja bonito, e infelizmente, nem isso Haunted House conseguiu alcançar.
Outro chute na boca do estômago, logo nos primeiros segundos de jogo, é a dublagem absurdamente robótica que presenciamos até a entrada da mansão, digna dos piores filmes de terror do final da década de 1980, mas com o agravante de estarmos em 2014. Não há nenhuma personalidade por trás das vozes e frases que escutamos ao longo de toda a introdução e também do restante do jogo.
Anya, a protagonista, se vê presa na casa envolta em uma série de mistérios, eventos paranormais e coisas do gênero. Havia um potencial bem legal nesse plot, que apesar de saturado, pode sempre proporcionar momentos tensos e de medo em jogos de terror. Infelizmente (vocês vão ler essa palavra muitas vezes durante o texto), o jogo todo conspira para você simplesmente querer parar e nunca mais voltar a jogá-lo. Não bastassem bugs como barreiras invisíveis, que te impedem de andar, o controle é uma verdadeira atrocidade: qualquer mínimo toque no mouse e a câmera começa a girar vertiginosamente, e quando digo isso, significa que ela, com certeza, vai te dar náuseas, um dos motivos pelos quais é impossível passar mais de uma hora seguida jogando.
Em um jogo com tantos defeitos e com tão poucas qualidades, talvez a Magic Vision seja a única coisa que funciona bem e seja de fato positiva, apesar de ajudar a reduzir o clima de terror.
O título falha absurdamente até na base de qualquer título de terror: ele não consegue instaurar um clima hostil e ameaçador. Isso acontece por conta dos problemas que o próprio game oferece. São tantos, que mesmo com muita boa vontade, o jogador acaba se irritando. Como resultado, nada de medo, nada de apreensão, nada de frio na espinha ou arrepios, apenas raiva pela quantidade absurda de erros. É impossível sentir medo em um jogo que te deixa furioso.
Até mesmo a parte sonora, algo que até games péssimos conseguem apresentar um resultado mais satisfatório, peca e segue a mesma linha do jogo: sons robóticos, mal programados, ocos e que mesmo quando te pegam de surpresa na tentativa de dar sustos, não passam de meros barulhos desconexos, que fazem o jogador começar a se questionar “como é que conseguiram fazer um jogo tão ruim em TODOS os aspectos?” Além da qualidade baixa, o áudio é repetitivo e, por conta disso, logo começam a irritar mais do que colaborar para alguma coisa.
Uma das poucas coisas que funcionam “bem” no jogo é a Magic Vision. Ela permite que o jogador enxergue através de paredes, além de ver espectros, pegadas e os vultos das entidades que assombram o local. Apesar de interessante, é importante dizer também que essa habilidade cria um anti-clímax, já que mutias vezes você consegue saber o que te espera, acabando com qualquer fator surpresa, algo que é importante para ajudar o clima de terror.
Haunted House: Cryptic Graves é um insulto ao jogo original e à história da Atari.
Não bastasse isso, existem ainda problemas que impedem o jogador de progredir, como portas que não abrem mesmo você tendo encontrado sua respectiva chave. Sim, é isso mesmo: o jogador é obrigado a recomeçar do último save, para que, com sorte, o item seja reconhecido em seu inventário.
Os puzzles são um desapontamento à parte: sem criatividade, repetitivos e como tudo no jogo, também cheios de bugs. Assim como acontece com as chaves e as portas, algumas vezes, mesmo solucionando-os corretamente, o jogo não identifica isso. Mais uma vez, você deve cancelar tudo e carregar o último ponto salvo, repetindo a ação. Algo extremamente desanimador, pois você é obrigado a repetir um trecho do jogo por problemas dele próprio, e não por ter morrido ou esquecido lá para trás algum item importante.
Sem muito mais o que falar, Haunted House: Cryptic Graves é um insulto ao jogo original e à história da Atari. Digno dos piores fan games encontrados por aí, jogá-lo é um desafio aos sentidos e chega a ser torturante em muitos momentos. É de longe uma das piores experiências que já tive com um game, e figura fácil entre os cinco piores que já tive o desprazer de experimentar. Talvez só não seja o pior jogo que já joguei, porque dificilmente algum vai superar o amontoado de lixo que é Superman 64.
Haunted House: Cryptic Graves foi analisado em cópia cedida pela Atari.