Que o trabalho da Ubisoft Brasil é elogiável, isso todo mundo sabe. A empresa presta bastante asisistência à imprensa, tem grandes estandes nas principais feiras, realiza eventos e ações para divulgar seus games e, acima de tudo, tem presença constante junto aos fãs por meio das redes sociais. E agora, na mais recente edição de um programa de perguntas e respostas, ela tenta esclarecer um dos pontos mais polêmicos da industria atual: a cobrança por conteúdos adicionais nos jogos. Só que faz isso de uma forma que passa longe do adequado.
https://www.youtube.com/watch?v=6P_eyDdDQgQ
Logo de início o apresentador Fabrício Caleffi pede que os “fãs” parem de reclamar despropositadamente sobre o assunto. Na sequência, segue para explicar como as coisas funcionam para a empresa, que faz diferenciações entre DLCs – armas, roupas e itens extras – e expansões, que trazem conteúdo adicional para os games. Mas, acima de tudo, garante que todos os seus jogos chegam completos ao mercado, e que os extras são apenas isso, “extras”. O conceito está errado, em sua base, mas nem é essa a questão aqui.
É interessante ver uma empresa de grande porte como a Ubisoft colocando de forma clara para seus clientes a realidade do mercado e algo que deveria ser óbvio para todo mundo: estamos falando de um negócio aqui. Ninguém trabalha de graça e desenvolvedoras de jogos não são entidades sem fins lucrativos, por isso, elas cobram, sim, por games e conteúdos extras. Falamos longamente sobre isso em uma discussão em nosso grupo no Facebook, que vale a pena conferir.
O que não impediu, claro, uma grande revolta online. No YouTube, os dislikes se acumularam em uma velocidade absurda, assim como os comentários usando palavras de baixo calão. Produtores de conteúdo para o site também já começaram a publicar respostas inflamadas, principalmente, citando a baixa qualidade de alguns dos extras da companhia e os problemas de Assassin’s Creed Unity, que chegou ao mercado cheio de problemas e, ao mesmo tempo, ao lado de um monte de DLCs. No final das contas, o vídeo acabou sendo tirado do ar pela própria desenvolvedora.
É claro, falar de forma direta sobre o assunto não exime a Ubisoft ou nenhuma empresa de responsabilidade, seja por efetivamente colocarem games não terminados no mercado ou pensarem na experiência de forma que ela só é completa com os DLCs, como no caso de The Evil Within. Ainda assim, vale pela resposta da empresa e, acima de tudo, por ela ter aparecido em um programa brasileiro.
Em resposta oficial ao NGP, a Ubisoft pediu desculpas aos fãs que se sentiram ofendidos pelas palavras de Caleffi ou que não tiveram suas expectativas alcançadas pelos jogos recentes. Além disso, afirmou primar por uma relação de diálogo e descontração com seus consumidores, e que o programa “Ubi Responde” é uma ferramenta justamente para privilegiar isso.