Há quase dois anos, o mundo dos games chegou de verdade à sua oitava geração, com o lançamento do PlayStation 4 e Xbox One, enquanto o Wii U já corria por fora. É todo um novo mundo em termos gráficos e de conectividade, mas que, infelizmente, parece não estar sendo tão bem aproveitado assim pelas desenvolvedoras, que parecem investir em relançamentos tanto quanto o fazem com games inéditos que realmente se aproveitem das novas capacidades dos consoles.
Enquanto isso, tantos outros pedem o retorno de velhas franquias, repaginadas para a nova geração para, em uma equação bem difícil de se resolver, aquecer os corações dos saudosistas ao mesmo tempo em que agrada a novos públicos. Será que os clássicos do passado sobreviveriam no mundo de hoje?
Muita gente reclama do excesso de relançamentos, enquanto outros comemoram a possibilidade de jogar (ou rejogar) alguns clássicos recentes, com gráficos atuais ou uma pegada completamente nova. E, em ambos os grupos, temos aqueles que se confundem com os diversos termos usados para definir o retorno desses jogos. Resolver o problema dessa galera é a ideia do texto de hoje na série “O que é”, que vai esmiuçar e elucidar os termos mais usados na indústria de jogos que não necessariamente ficam claros para os fãs.
Remake
Aqui, não existe muito segredo, já que a palavra significa exatamente o que indica sua tradução. Em inglês, remake quer dizer “refazer”. Foi exatamente isso que a Microsoft e a 343 Industries fizeram recentemente com Halo 2, na coletânea Master Chief Collection, um remake que, apesar de não apresentar novidades necessariamente, envolveu um trabalho completo de reconstrução do título original.
Um remake também foi o que a Capcom realizou em 2001, quando lançou uma nova versão do primeiro Resident Evil. O jogo tinha gráficos e jogabilidade completamente inéditos, rodava em cima de uma nova engine e trazia uma história expandida, além de novas áreas para serem exploradas. O game chegou aos consoles de nova geração no começo deste ano e, até hoje, é uma referência quando o assunto é esse tipo de trabalho.
À via de regra, trata-se de uma nova produção de algo mais antigo, mas com algumas mudanças (ou não) em relação à obra original. Pode servir para os mais diversos fins, como atualizar uma história para um público contemporâneo, criar momentos que não eram possíveis no passado, fazer uma homenagem a títulos clássicos ou adequar o enredo e estilo de acordo com a continuidade da franquia.
Remakes são uma prática comum na indústria do cinema, principalmente. Como exemplos, dá para citar “Robocop”, do ano passado, dirigido pelo brasileiro José Padilha e uma reimaginação do clássico filme de ação de 1987; ou “Psicose”, dirigido em 1998 por Gus Van Sant de forma idêntica ao filme de Alfred Hitchcock, só que com qualidade questionável.
Remasterização
Aqui está um dos principais pontos de engano, já que muitos fãs confundem os remasters que inundam o mercado atual com remakes. A diferença essencial é que, em uma remasterização, pouco ou nenhum trabalho adicional é realizado. As desenvolvedoras se focam em atualizar texturas, melhorar a resolução das cenas e tornar tudo mais compatível com as gerações atuais, criando quase nada no processo. Trata-se apenas de trazer um game antigo para os aparelhos atuais, tornando-o apenas mais bonito e compatível com novos padrões.
Foi o que a Naughty Dog fez, por exemplo, com The Last of Us Remastered, que trouxe o game para o PlayStation 4 pouco mais de um ano depois de seu lançamento no PS3. A Square também trollou todo mundo recentemente com algo dessa maneira, dando a entender que estaria criando um remake de Final Fantasy VII quando, na realidade, anunciava apenas uma versão repaginada do jogo para PS4. Um terceiro exemplo é Grim Fandango Remastered, que trouxe o clássico da LucasArts pela primeira vez aos consoles de mesa.
Aqui, temos também um termo que tem suas origens no cinema, designando um trabalho essencialmente semelhante. Uma remasterização consiste em resgatar obras antigas, retrabalhando sua qualidade original e melhorando-a para um lançamento, por exemplo, em Blu-ray. Sabe aqueles box todos de Star Wars que você tem na prateleira? Eles são remasterizações da obra original de George Lucas.
Reboot
O conceito mais complexo dos três traz uma pira semelhante à de um remake, mas é diferente em sua essência. A ideia, aqui, é ir ainda mais além. O termo poderia ser traduzido como “reinício” e define exatamente isso: um novo episódio de uma franquia já existente, mas ignorando as produções do passado e trazendo uma abordagem nova e totalmente diferente da anterior.
Foi o que a Electronic Arts anunciou recentemente – e estranhamente – com Need for Speed, o game de 2015 da franquia de corrida que foi revelado como um reboot da série. Outro reinício bastante conceituado é o de Tomb Raider, desenvolvido pela Crystal Dynamics, que deu novas bases para a história da exploradora Lara Croft e acabou originando uma nova franquia como um todo, com a sequência, Rise of the Tomb Raider, prevista para breve.
A ideia também está presente no cinema. O Homem-Aranha, por exemplo, passa pelo segundo reboot em menos de dez anos agora que tem um novo ator e vai se unir aos Vingadores. Ainda falando de super-heróis, o “Homem de Aço” veio não apenas como um recomeço para a saga do Superman, desligando-o completamente dos filmes antigos, como também serve como porta de entrada para a Liga da Justiça nos cinemas.
O intuito, porém, pode ser semelhante ao de um remake: atualizar uma história para novas audiências ou criar enredos que não seriam possíveis no passado. Aqui, porém, um recomeço também pode servir para apagar episódios considerados como fracassos ou ressuscitar marcas que estavam no limbo. É o caso, por exemplo, dos novos episódios de Rock Band ou Guitar Hero, que querem fazer renascer o mundo dos instrumentos de plástico a partir de novas abordagens.
A série “O que é” vai, periodicamente, elucidar termos técnicos e nomenclaturas usadas na indústria de games, mas nem sempre claras para os fãs. Quais são suas dúvidas e o que você acha que deve aparecer por aqui? Responda nos comentários e ajude a gente a definir as próximas pautas. 😉