Os consoles da Nintendo não são necessariamente reconhecidos como uma boa casa para os fãs do tiroteio, apesar de boas propostas, como Call of Duty e a serie Metroid Prime, já terem dado as caras por lá. Foi justamente por isso que o anúncio de Splatoon causou, ao mesmo tempo, expectativa e estranheza.
Afinal de contas, estamos falando de uma empresa cujos aparelhos não têm tradição nesse nicho e, mais do que isso, de um desenvolvimento proprietário que não contava com grandes nomes, como o todo-poderoso designer Shigeru Miyamoto. Dessa mistura, feita pelos mesmos criadores de jogos como Wii Music e Nintendoland que nasceu um título não apenas excepcional, mas que entrega tudo aquilo que esperamos de um jogo com a marca Nintendo.
Colorido, bonito e extremamente divertido, Splatoon não é o game de tiro competitivo ao qual todos estão acostumados. Aqui, o objetivo principal é dominar o cenário, não por meio de bases fixas, mas utilizando tinta para pintar o lugar. Ganha quem, ao final, o time que deixar sua cor na maior parte da arena.
Matar os oponentes, claro, é possível – e inclusive, recomendado, já que a explosão deles serve como uma granada de tinta. Porém, nenhuma partida será vencida apenas pelos bons de dedo, e sim, por aqueles que souberem se movimentar pelas fases, escolhendo as melhores rotas e partindo literalmente para cima do setor do oponente, deixando uma sujeira bela e com grande apelo visual pelo caminho.
Splatoon não apenas é um jogo muito bonito, mas também extremamente bem realizado. O Wii U, claro, está longe de ser o console mais potente dessa geração, o que não impediu que a Nintendo extraísse o máximo de potencial da plataforma, ao mesmo tempo em que entregava um jogo com performance acima da média.
Basicamente, um game com a cara da Nintendo e, com toda certeza, um dos melhores da biblioteca do Wii U.
Como não poderia deixar de ser em um jogo de tiro, Splatoon roda a uma taxa de 60 quadros por segundo, com pouquíssimas e quase imperceptíveis quedas. Todos os objetos no cenário são tridimensionais e volumetricos, e dá para perceber até mesmo a textura da tinta e o peso dos pingos que são espalhados pelo cenário após uma explosão.
Contrariando expectativas, também, a Nintendo entrega um sistema online robusto e bastante funcional. Claro, problemas de conexão e quedas durante as partidas podem acontecer, como em todo título online, mas a experiência está longe de ser negativa como a vista antes, em outros jogos conectados da companhia.
As partidas rolam, na maior parte do tempo, sem lag. E quando ele ocorre, Splatoon interrompe a ação e faz com que seu personagem trave tanto para você quanto para os oponentes. Quer dizer, você não vai atirar em inimigos que não estão mais lá nem será visto se teleportando pelos cenários. A normalização na conexão faz com que a ação continue, mas caso os problemas sejam graves o bastante, o jogador é derrubado sem que a partida seja interrompida. Com um matchmaking ágil e um loading bastante curto, que conta até com um minigame para passar o tempo, o título não demora para te jogar direto na ação.
Splatoon não é apenas um jogo muito bonito, mas também extremamente bem realizado.
Splatoon também cria um sistema temporário para mudança de cenários. De período em período, as arenas elegíveis para jogatina mudam, variando completamente a forma de se jogar e também o balanço entre os times. Eventos sazonais também dão o tom da ação e podem mudar um pouco as coisas.
Em meio a tudo isso, porém, os jogadores que preferem permanecer sozinhos acabam sendo um pouco deixados de lado. Splatoon é, em seu coração, um título multiplayer, que possui sim, opções para os solitários, mas que não estão nem perto da profundidade e qualidade dos combates entre jogadores. As opções desconectadas estão mais para minigames do que outra coisa, e servem para passar um pouco do tempo, e nada mais do que isso.
A variação periódica de cenários também transforma completamente a jogabilidade de Splatoon. A todo momento, o jogador é obrigado a rever suas táticas e escolher itens e habilidades especiais que estejam de acordo com a arena da vez, caso contrário, verá seu time ser completamente obliterado por adversários bem mais preparados.
Os jogadores que preferem permanecer sozinhos acabam sendo um pouco deixados de lado. Splatoon é, em seu coração, um título multiplayer.
Arenas verticais, por exemplo, exigem armas de disparos rápidos e com alcance em grandes distâncias. Por outro lado, outra fase, e uma das melhores do jogo, é praticamente linear e se passa no topo de arranha-céus, transformando os jogadores com rolos de tinta e granadas nos grandes astros da pintura. Saber dosar essas habilidades é importante para seguir em frente e, claro, continuar habilitando novos itens e roupas.
Splatoon não traz uma gigantesca variedade deles, a ponto de deixar o jogador perdido, mas ao mesmo tempo, concentra essa variedade nas combinações. A cada partida, vale a pena visitar a lojinha para comprar novos itens ou testar misturas diferentes daqueles que já fazem parte de seu guarda-roupa.
Com atenção aos detalhes e um cuidado estético impecável, Splatoon acaba entregando tudo aquilo que os jogadores adeptos do tiroteio online gostam de ter em mãos. Ao mesmo tempo, possui características próprias o suficiente para se destacar e chamar a atenção, como todo exclusivo tem obrigação de fazer.
É, basicamente, um game com a cara da Nintendo e, com toda certeza, um dos melhores da biblioteca do Wii U. Pode não ser o título que, por si só, faz compensar a compra de um console, mas mostra que a “Big N” ainda tem muita bala na agulha e, ao contrário do que se pensa, não está assim tão atrasada em relação ao que rola no mundo dos games.