Pouco mais de cinco anos depois de sua última aventura, o agente da CIA Rico Rodriguez retorna em Just Cause 3 para a alegria dos fãs da série desenvolvida pela Avalanche Studios e publicada pela Square Enix. Dessa vez, a história se passa no fictício arquipélago mediterrâneo de Medici – terra de origem de Rodriguez e que, ironicamente, foi dominada pelo caricato general e ditador Sebastiano Di Ravello enquanto o herói estava ocupado libertando outros países.
Para complicar ainda mais a história, o vilão conta com uma quantidade absurda de recursos para financiar a sua ditadura graças à exploração do Bavarium – um elemento químico encontrado apenas nas ilhas de Medici com potencial destrutivo inigualável. Por sorte, Rico pode contar com a ajuda de outros rebeldes insatisfeitos com o governo do general para retomar as ilhas, como o seu antigo amigo Mario Frigo.
Se a trama não convence muito, não se preocupe, uma vez que o objetivo da Avalanche parece ter sido o de criar uma versão jogável dos filmes de ação em que os principais elementos são as cenas de destruição recheadas de explosões. Assim, enquanto algumas cenas da história até emplacam alguns momentos emocionantes (ou de alívio cômico), a sua preocupação maior será, na maior parte das vezes, descobrir qual é o próximo local que deve vir abaixo.
Para isso, Just Cause 3 não se preocupa nem um pouco em esconder esse incentivo. Desde o início do jogo, por exemplo, Rico conta com explosivos tipo C4 infinitos para ajuda-lo a derrubar as estruturas do império de Di Ravello. Ao mesmo tempo, ao tomar o controle de qualquer veículo armado (como helicópteros de guerra e tanques) a munição também é sempre infinita para incentivar a alegria de disparar incontáveis mísseis sobre as bases inimigas.
Just Cause 3 é um jogo que funciona igual a um filme de ação sem pretensão nenhuma de esconder que o seu objetivo principal é mostrar o máximo de destruição possível.
Se tudo isso não basta, o clássico gancho de Rodriguez retorna com novidades, que vão desde ajuda-lo a escalar prédios até trazer construções abaixo com a força de suas cordas. As possibilidades são inúmeras e é possível gastar bastante tempo inventando novas maneiras de destruir as forças inimigas, desde amarrando soldados em cilindros explosivos para vê-los sair voando até amarrar helicópteros uns nos outros para vê-los debater-se no ar antes da queda inevitável.
Além de fazer as missões da campanha principal, é necessário também reconquistar as províncias de cada uma das ilhas do arquipélago de Medici para que a trama possa avançar. Para isso, é necessário derrubar um a um os postos de guarda e bases militares destruindo seus pontos de interesse (como tanques de combustível e radares) expostos. Ao mesmo tempo, de maneira parecida também é preciso reconquistar as cidades e vila acabando com as suas delegacias de polícia (não confiável por ser leal ao general) e com os símbolos de Di Ravello, como estátuas e outdoors do ditador espalhados pela cidade.
A cada área dominada, novos veículos são destravados assim como desafios especiais (como corridas com carros explosivos e circuitos de wingsuit) são liberados no mapa. Dependendo de sua pontuação neles, é possível liberar modificações que aumentam ainda mais o seu arsenal e o seu potencial de destruição, como munições diferentes e a adição de nitro em carros, aviões e até mesmo barcos.
Um de nossos testes registrou 11 minutos e meio de loading – uma marca muito além do aceitável.
Em meio a tantos veículos, a wingsuit de Rodriguez provavelmente deve se tornar o seu principal meio de transporte. O novo equipamento torna a movimentação pela ilha não apenas prática, mas também prazerosa por conta de sua fluidez e pela facilidade de alcançar qualquer lugar.
No entanto, enquanto recompensas por liberar as cidades e bases militares são interessantes, com o tempo a repetição dos desafios torna a tarefa um estorvo para a sua liberdade – especialmente quando a trama trava porque você ainda não liberou províncias suficientes. Ainda que algumas bases militares ofereçam alguns desafios diferentes (como uma que está escondida no interior de uma montanha), em geral a repetição de objetivos esfria um pouco a vontade de continuar a exploração.
Se muita gente tem saudades das gerações antigas, um elemento das eras passadas que certamente ninguém sente falta é o tempo de espera para carregar os jogos. As famigeradas telas de loading fizeram parte da vida dos jogadores por muito tempo antes de começarem a ser disfarçadas de maneiras inteligentes por desenvolvedores cientes da impaciência do público.
Quando é impossível disfarçar, maneiras de minimizar a necessidade delas também foram adotadas em jogos como GTA V, que deixa o jogador esperando uma única vez antes de deixar o jogador brincar à vontade por toda Los Santos. Just Cause 3 funciona quase como da mesma maneira que a de seu concorrente da Rockstar. Ao terminar uma missão da campanha, por exemplo, a transição de volta ao jogo é feita de maneira fluida e sem problemas.
Enquanto recompensas por liberar as cidades e bases militares são interessantes, com o tempo a repetição dos desafios torna a tarefa um estorvo para a sua liberdade
Contudo, morrer no meio destas missões ou tentar reiniciar um dos desafios extras resulta em ter de enfrentar também mais uma tela de espera – algo que não seria tão problemático caso o jogo não costumasse levar vários minutos para isso. Ao mesmo tempo, os loadings também variam muito. Enquanto muitas vezes mal deu para perceber o carregamento do jogo, um de nossos testes registrou 11 minutos e meio de espera – uma marca muito além do aceitável.
Outro problema enfrentado por Just Cause 3 se dá por conta da instabilidade dos servidores da Square Enix. Enquanto o jogo não exige uma conexão constante com a Internet, várias vezes a jogatina foi interrompida por conta da interrupção da comunicação com os servidores da Square – necessária apenas para comparar suas estatísticas com a de outros jogadores. Enquanto é divertido saber que você acabou de quebrar o recorde de distância percorrida em terra em um barco, seria ainda mais legal ainda ter a possibilidade de jogar verdadeiramente offline, uma vez que sempre que o menu é acessado (como, por exemplo, para acessar o mapa) nesse modo, o jogo tenta reestabelecer a conexão e novamente o ritmo é quebrado.
No final das contas, Just Cause é um jogo que funciona igual a um filme de ação sem pretensão nenhuma de esconder que o seu objetivo principal é mostrar o máximo de destruição possível. Isso por si só não é nenhum problema. Pelo contrário, é um aspecto que pode ser louvado. Da mesma forma que assisti a “Os Mercenários” no cinema apenas pela galhofa e pela violência gratuita, vou jogar Just Cause 3 toda vez que quiser me divertir com todas as possibilidades de destruição que o jogo oferece (e incentiva).
O grande problema, no entanto, reside em problemas de produção. Com tantas interrupções por conta de telas de loading e desconexões com os servidores do jogo, não é difícil perguntar-se se a espera vale realmente a pena. Ao mesmo tempo, a repetição de objetivos (tanto para liberar províncias, quanto em missões em que você deve proteger seus colegas revolucionários) também pode fazer com que muita gente abandone a sessão antes do fim – o que é uma verdadeira pena, dado o seu potencial.
O jogo foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Square Enix.