A sétima geração dos consoles nos trouxe uma boa variedade de novas franquias de jogos com grandes promessas e responsabilidades ainda maiores em conseguir agradar os jogadores. Para felicidade das desenvolvedoras, os que conseguiram passar por essa avaliação criteriosa foram catapultados de completos desconhecidos para verdadeiros rockstars da indústria de games.
Mas para isso houveram, também, os jogos medianos, ou até mesmo ruins, que ficaram ali vagando pelas sombras dos Uncharteds, Gears of Wars ou de algum outro exclusivo bacana. E entre esses dois extremos, vários bons jogos que nem todo mundo chegou a finalizar, ou mesmo jogar.
O primeiro Darksiders faz parte desse grupo do meio. Com o seu gameplay repleto de referências à outros jogos bem executadas, o combate dinâmico e bem desenvolvido, seu protagonista, War, montado num cavalo em chamas e portando um porrete de aço afiado gigantesco e iniciando os trabalhos chegando com o inferno na Terra, deflagrando o Apocalipse. E tudo isso amarrado numa história divertida, sem muito compromisso e bem “desenhada”. Quase como uma HQ dos anos 90.
De acordo com a cena final do primeiro jogo, uma sequência era aguardada. E novamente pelas mãos da Vigil Games, em 2012, Darksiders 2 é lançado para PlayStation 3, Xbox 360 e Wii U trazendo dessa vez, Death, com a missão de livrar a culpa de seu irmão mais novo da punição de ter irrompido a destruição da humanidade. Ambos, de fato, jogos acima da média no que se propuseram. Porém, em 2015, relançaram o segundo game para os consoles da nova geração. E a partir daí, desandou tudo.
Sabemos dos problemas passados pela THQ, que abriu falência em 2013 e precisou vender seus estúdios e jogos para outras empresas. Darksiders foi comprada pela Nordic Games, já engatilhando uma versão remodelada do segundo jogo.
Diferente de War, que possui a Chaoseater, ou de qualquer outro personagem que tenha uma arma característica que represente sua personalidade, Death tem apenas números, e nada mais.
Com uma história se passa na mesma linha temporal do primeiro, Darksiders 2 utiliza o excelente gameplay da série, que foi melhor aproveitado na saga de War. Assim, cabe a dúvida do porquê da nova empresa não ter lançado uma versão definitiva com ambos os jogos. Iniciar a nova geração com uma coletânea talvez tivesse sido um passo longo demais, no entanto, prepararia o terreno de forma mais uniforme para a vinda de Strife ou Fury em uma possível sequência.
Mas, mesmo concentrando todas as atenções em apenas um título, o trabalho feito nesse remaster não é, nem de longe, um fator decisivo para adquirir o Deathinitive Edition. Ainda que a iluminação tenha sido melhorada e o jogo esteja rodando a framerates fixos e sem travamentos, Death aparenta ter sido o único personagem do jogo inteiro a ter sofrido melhorias mais profundas em suas texturas e detalhamentos.
Sendo jogado de um lado pro outro, conhecendo NPCs cansativos e realizando missões longas para alcançar logo num resultado que nunca chega.
Os NPCs, principalmente os Makers (seres incluídos no game para tirar totalmente o grau de importância de Death, o transformando num guri de recado), em termos de acabamento estão num limbo entre a velha e a nova geração. A Forge Sister Alya, por exemplo, quase possui um Tetris sendo jogado no pescoço de tanto quadrado dançando.
Apesar disso, onde a franquia agradou aos jogadores com o seu gameplay, Darksiders 2 conseguiu aprimorar tudo que já tinha sido visto anteriormente. E na versão da nova geração, manteve a mesma qualidade do console anterior com uma pitada de 1080p.
Logo no início do jogo, Darksiders 2 apresenta a nova forma de evolução do personagem. Completamente inserida, de forma bastante exagerada, no famigerado conceito de “jogos com elementos de RPG”, onde tudo ali é utilizável pelo personagem. Qualquer farrapo de pano, qualquer pedaço de metal ou qualquer arma derrubada por um monstro é passível de Death se apropriar para combinar valores e evoluir suas estatísticas.
No caso do protagonista, sua arma principal, a Foice, dentro do jogo, pode ser qualquer uma. Diferente de War, que possui a Chaoseater, ou de qualquer outro personagem que tenha uma arma característica que represente sua personalidade, Death tem apenas números, e nada mais.
Enquanto usávamos uma espada colossal com War, sentindo o peso de cada golpe desferido em anjos e demônios no primeiro Darksiders, com Death, a sensação de leveza e liberdade ao executar combos cada vez mais numerosos com o avançar do jogo poderia deixa-lo fácil com o tempo, mas a dificuldade é bem nivelada de acordo com as opções que o jogador tem disponível, deixando ele até bem difícil em momentos chaves, principalmente contra os bosses e semi-bosses.
Onde a franquia agradou aos jogadores com o seu gameplay, Darksiders 2 conseguiu aprimorar tudo que já tinha sido visto anteriormente.
A única arma apropriadamente dita “fixa”dentro do jogo é o revolver Redemption, uma das armas pertencente ao Cavaleiro Strife. Death reconhece o objeto recebido e questiona o motivo da arma de seu irmão estar ali, mas ele e nós ficamos sem resposta.
Além do cavalo que utilizamos para nos locomover num cenário duas vezes maior que o primeiro jogo, contamos também com a ajuda de Dust, o Corvo da Morte. Um animalzinho abençoado que em um apertar de botão, nos guia nesse mundo gigante. Sem ele, provavelmente, as dungeons seriam muito piores do que uma série de puzzles e inimigos. Seriam labirintos insuportáveis.
Considerando a história, Darksiders 2: Deathinitive Edition é um jogo completamente dispensável. Na saga de War, nos primeiros 20 minutos já estamos seguindo o cavaleiro e querendo resolver todos os problemas que aparecem, descobrir o que ocorreu e culminando numa cena final muito bacana. Com Death, levamos o jogo inteiro querendo nos integrar na trama onde tudo funciona no esquema do “guri de recados”.
Ser jogado de um lado pro outro, conhecendo NPCs cansativos e realizando missões longas para alcançar um resultado final que nunca chega. Este pode ser o resumo da história de Death, que precisa ir até a Tree of Life para corrigir o Apocalipse e restaurar a humanidade. Simples, mas mal executada.
Perto do sofrido fim, depois de tanto bate e volta em conclusões que não dão em nada, o próprio Death ri de forma cansada e debochada, e se pergunta: “O que mais eu preciso fazer?” e, obviamente, mais um pedido é feito para Death, o último dessa vez.
Uma coisa que chama a atenção, a história do jogo inteiro é apresentado por imagens, como as que ilustra esta análise, e todas as cutscenes são feitas por cenas ingame, diferente da apresentação do primeiro Darksiders, de 2010 e bem feita até hoje.
No entanto, algumas animações para divulgação foram feitas, uma delas utilizando até atores reais, mas elas não estão inseridas dentro da campanha normal e também não foram incluídas na versão Deathinitive, como um extra. O que é uma pena, mas você pode assisti-las logo abaixo. Além disso, nessa edição, contamos com os DLCs Argul’s Tomb, The Abyssal Forge e The Demon Lord Belial, desbloqueados assim que se finaliza o jogo, prolongando o título.
No geral, pegando o próprio protagonista, o gameplay e ressaltando que ele se comporta como se fosse um “segundo filme” de uma trilogia, Darksiders 2 é um bom jogo, mas ficando lá na sétima geração dos consoles. O Deathinitive Edition serviu para ressaltar seus gráficos, que não é o ponto forte. Vir para o PlayStation 4 e Xbox One sem agregar nada além disso mais prejudicou do que ajudou.
Enfim, após enganar a Death por tantas vezes, prometendo uma finalização que nunca se aproximava, aguardei que os próximos NPCs a encontrar seriam Bill e Ted, esperando pra jogar mais alguns jogos com a Morte. Enrolando e enganando ela mais algumas vezes, por clara vingança.
O jogo foi analisado no PlayStation 4 com cópia cedida pela Nordic Games.