Beyond: Two Souls chega ao PlayStation 4 pouco mais de dois anos depois de seu lançamento original para o PS3, em versão exclusivamente digital. É, ao mesmo tempo, uma preparação para a Quantic Dream, que ainda não entrou de vez na atual geração, e também uma demonstração aos fãs sobre o que ela será capaz de fazer. O maior problema aqui (ou não), é que seguir de uma base como essa nem sempre apresenta um resultado realmente impressionante.
Em seu lançamento original, o game já era extremamente bonito, o que faz com que, na remasterização, a diferença esteja mesmo nos detalhes. As cenas com Aiden contam com muito mais partículas e efeitos, assim como os muitos momentos na chuva e neve aparecem mais bonitos. Os modelos de personagens também apresentam maior detalhamento, principalmente no caso da protagonista Jodie Holmes.
Além do pacote gráfico, mais algumas novidades. A remasterização para o PS4 possui um modo “remixado”, que na verdade é o oposto disso – agora, dá para jogar as cenas em ordem cronológica e acompanhar a narrativa na medida em que a protagonista vai crescendo. Isso, por outro lado, pode acabar entregando algumas surpresas antes da hora.
Apesar de todas as adições e novidades, é a performance de Ellen Page que realmente rouba a cena em Beyond: Two Souls.
O DLC Advanced Experiments também está o pacote e é parte integrante da remasterização. Além disso, o relançamento traz também uma pequena novidade ao final de cada capítulo, exibindo a porcentagem de jogadores que tomaram as mesmas escolhas que você e facilitando na elucidação de novos caminhos e escolhas que poderiam ser feitas.
Por outro lado, ao adicionar alguns elementos extras, o desenvolvimento da remasterização peca no polimento. Durante nossos testes, Beyond: Two Souls apresentou travamentos aleatórios, que obrigavam o desligamento do console para serem resolvidos. É uma falha esporádica, e que pode acabar não acontecendo para todos, mas quanto dá as caras, quebra totalmente o envolvimento com a boa trama apresentada.
Apesar de todas as adições e novidades, é a performance de Ellen Page que realmente rouba a cena em Beyond: Two Souls. No papel de Jodie, a atriz entrega uma das melhores interpretações já vistas em um game e, não à toa, seu modelo é um dos mais trabalhados do jogo.
Esse foco no trabalho artístico é um dos responsáveis por transformar o título em mais um filme interativo do que um jogo. A história é emotiva e cheia de nuances, perfeita para o show que Page é capaz de dar na frente das câmeras, mas por outro lado, acaba deixando a jogabilidade de lado, baseando-a apenas em pressionamento de botões e movimentos simples do analógico.
Quem já jogou a versão original não perde muita coisa se não tiver acesso ao relançamento nem deve ver grandes atrativos nele. A não ser, claro, no caso dos fanáticos pela história de Jodie.
Além disso, em muitos momentos, as escolhas a serem feitas não ficam muito claras, e existem situações em que, independente da atitude do jogador, o desfecho acaba sendo o mesmo. Ao lado das QTEs, esse aspecto passa a sensação de que o controle está nos sendo constantemente tirado das mãos, e que a tarefa ali é apenas apertar um botão para que a próxima cutscene possa ser exibida na tela.
Esse é um aspecto que pode ser bom ou ruim, dependendo da atitude de cada um. Quem procura apreciar um bom enredo, a partir de uma proposta leve, vai se sentir em casa. Por outro lado, a falta de controle pode acabar incomodando, principalmente quando se leva em conta os amplos cenários, cheios de elementos com os quais não se pode fazer absolutamente nada.
De resto, não há muito o que falar. A remasterização de Beyond: Two Souls traz ao PlayStation 4 exatamente o mesmo game que todos já conheciam, só que com gráficos um pouco aprimorados. É muito difícil melhorar aquilo que já era bom, e a ausência de diferenças claras no conjunto visual, principalmente, são uma demonstração do trabalho bem feito pela Quantic Dream no lançamento original.
Sendo assim, quem já jogou a versão original não perde muita coisa se não tiver acesso ao relançamento, e mais do que isso, não deve ver grandes atrativos nele. A não ser, claro, no caso dos fanáticos pela história de Jodie, que agora, poderão aproveitar o enredo a partir de uma perspectiva diferente e acompanhar seu progresso online, junto com o de outros jogadores. Vai de cada um saber se isso é motivo suficiente para uma nova compra.