Atendendo aos pedidos de uma grande parcela de fãs, em 1999 a Capcom lançou Resident Evil 2 para Nintendo 64. A alta qualidade do port, com os dados de dois discos do PlayStation colocados sem cortes em um cartucho, impressionou não apenas ao público e crítica, mas também à própria Capcom, que decidiu investir novamente no console da Big N.
No ano seguinte, durante a Tokyo Game Show, Resident Evil Zero foi anunciado. O título seria exclusivo do Nintendo 64 e faria uso de uma das principais (e únicas) vantagens do console: a ausência de loadings. Isso permitiria a inclusão de uma funcionalidade inédita até então: a troca rápida de personagens. Assim, pela primeira vez, uma dupla de protagonistas seria controlada pelo jogador praticamente ao mesmo tempo, com ambos participando ativamente da trama. Esse sistema recebeu o nome de Partner Zapping.
Mesmo com o próprio game já disponível em forma jogável e a divulgação de diversas imagens e vídeos oficiais, a existência de Resident Evil Zero para Nintendo 64 foi curta. Menos de um ano depois de seu anúncio original, o game foi transferido para o Dolphin, plataforma de próxima geração da casa de Mario. O console, mais tarde, receberia o nome oficial de Nintendo GameCube. E agora, quase 14 anos depois de seu lançamento original, o título sonhado por muitos fãs finalmente se torna mais acessível, com a chegada de uma versão remasterizada para PC e consoles da atual e velha geração.
Sutis diferenças
Apesar das óbvias diferenças gráficas, o game parecia bem similar à versão que chegou às lojas em novembro de 2002. Apesar de apenas os segmentos a bordo do Ecliptic Express terem sido divulgados, tudo parecia essencialmente igual à versão final. O encontro de Rebecca com Billy e a morte de Edward Dewey ocorriam da mesma forma e nos exatos locais da edição final.
Estranhamente, Rebecca não aparece como vista no primeiro Resident Evil. Neste Beta, o uniforme da moça lembra bastante o de Jill e, apesar de carregar muitos traços do original, traz também uma boina e ombreiras, além de um kit de primeiros socorros no cinto. As cores são as mesmas. Billy tem duas formas diferentes. Na primeira, parece bem mais carrancudo e com os cabelos compridos. A tatuagem também é bem diferente e apresenta desenhos mais agressivos, com dragões e demônios. Mais tarde, em uma segunda arte conceitual que pode ser vista na galeria ao final do texto, ele surge mais parecido com a forma que todos conhecemos.
Apesar de apresentarem diferenças de design, zumbis e Cerberus também eram os inimigos centrais do trecho no Ecliptic Express. Aqui, porém, não existia a batalha contra o Escorpião no restaurante e, em seu lugar, um monstro parecido com o G-Imago, de Resident Evil 2, seria enfrentado. O D.A.L.I., como era chamado, foi descartado e, até onde se sabe, seus conceitos não foram utilizados novamente na série.
Parte de algo maior
A transferência de Resident Evil Zero para o GameCube também representou um aumento na importância do game. Antes servindo apenas como um mero prelúdio para o primeiro game da série, a aventura de Rebecca passou a ser parte integrante de um projeto de reconstrução do incidente que deu origem à tudo, composto também pelo próprio remake do primeiro game da série, que contou novamente a história e passou a valer, no lugar do clássico de 1996, para a cronologia.
O título também passou a fazer parte de um acordo entre a Capcom e a Nintendo. Segundo o contrato, a Big N teria direitos de relançamento e exploração não apenas sobre Resident Evil Zero, mas também sobre o relançamento do primeiro título e RE4. Além disso, teria direito a ver todos os outros games da série relançados para seus consoles. A decisãocausou ira nos fãs brasileiros da série, principalmente, e somente foi revertida no ano passado.
Mesmo com a transferência para o GameCube e a remodelação completa dos gráficos do game, a Capcom ainda insistiu em modificar o visual de Rebecca. Apesar de imagens dessa roupa alternativa da policial nunca terem sido divulgadas oficialmente, o vídeo abaixo mostra uma animação preliminar da abertura do título, com a moça vestindo boina e seu uniforme diferenciado:
A versão final de Resident Evil Zero chegou às lojas em 17 de novembro de 2002, para GameCube. O título foi relançado uma única vez, em 2008, para o Nintendo Wii.
Imagens e vídeos
A coletânea abaixo reúne praticamente todos os vídeos, imagens e artworks divulgadas sobre o game. As cenas, compiladas pelo site SurvivHor, também exibem gameplays não oficiais, filmadas das telas que exibiam o jogo na Tokyo Game Show.
Confira também a galeria abaixo, com uma série de imagens do Beta de Resident Evil Zero.
Este texto foi publicado originalmente no Resident Evil SAC. Aqui, aparece com pequenas atualizações.