Há quase dois anos, comentei aqui sobre como Fatal Fury ficou “À sombra de Street Fighter II“. Alguns podem considerar isso uma injustiça, mas injustiçado mesmo foi o game que falaremos a seguir. Aproveitando o furor que o título da Capcom causou no mundo dos games, a SNK entrou fundo no gênero, lançando três de suas maiores franquias logo em seguida, Fatal Fury (1991), Art of Fighting (1992) e Samurai Shdown (1993).

2080822-art_of_fighting_logo

A historia

O enredo não é dos mais originais, nada muito distante dos Beat ‘em ups que fizeram sucesso anos antes. Ao descobrir que a filha mais nova família Sakazaki foi sequestrada, dois dos mais fortes praticantes do Caratê Kyokugenryu vão em busca da garota. São eles: o japonês Ryo Sakazaki e o italiano Robert Garcia. Para ae, um japones e um estrangeiro que praticam caratê, onde eu ja vi isso mesmo?

Bem, depois de encolher um dos dois, sua missão é investigar o paradeiro de Yuri, pra isso você deve cruzar a cidade, enfrentando e interrogando algumas figuras. De motoqueiros a militares em uma base aérea, opa, Deja vu. Assim como em Fatal Fury, a seleção de personagens é limitada para valorizar o enredo.

https://www.youtube.com/watch?v=nZe4jv7wGt0

O plágio?

Tá bom, vou admitir, o jogo tem alguma similaridade com Street Fighter II. Ryo Sakazaki parece uma mistura de Ken e Ryu. O fato de o jogo apresentar dois personagens, um japonês e um estrangeiro, que lutam caratê e têm praticamente os mesmos golpes, contribui e muito para comparações. E para coroar, temos um personagem militar, lutando numa base aérea e que tem golpes que lembram um tal Guile. Na época, a Capcom recebeu com bom humor essa historia de plágio, e inclusive, fez uma brincadeira em uma das artes promocionais de Street Fighter II: Champion Edition. Pois é, esse cara que esta com a cabeça na mão do Sagat é uma mistura de Robert com Ryo. Essa brincadeira acabou reaparecendo na série Alpha, na forma de Dan Hibiki.

DanSagat-article_image

Mas as similaridades param por aqui. O restante do jogo, além de completamente diferente, apresenta características muito interessantes, que acabaram por introduzir conceitos utilizados até hoje nos jogos de luta.

De onde os outros pararam

Art of Fighting não brincou em serviço quando o assunto foi inovação. Logo de cara, notamos os imensos e detalhados sprites. Os personagens tomam praticamente toda a tela, suas magias também impressionam pela variedade e o tamanho de algumas. A animação era simplesmente incrível, além disso, graças ao tamanho descomunal dos visuais, era possível visualizar os danos que os lutadores recebiam, e eles podiam terminar a luta com a cara totalmente deformada. O cuidado da SNK com os detalhes era tanto que alguns tinham suas roupas rasgadas ou alguma outra mudança visual quando derrotados.

aof_face_details

Arrisco dizer que o tamanho dos sprites pode ser o responsável por outra inovação, que acabou sendo incorporada no gênero luta até os dias de hoje, o zoom. Quando os personagens estão próximos um do outro, a câmera do game acompanhava de perto a ação. Pensando em uma câmera fixa como as dos jogos anteriores, seria praticamente impossível você se afastar do oponente. Para sanar esse problema, ao se distanciar, a câmera abre, revelando mais partes do cenário. Esse recurso não se popularizou muito na época, mas acabou se tornando padrão no games de luta em 3D, como Virtual Fighter e Tekken.

ArtOfFighting-zoom

Outra adição importantíssima para o gênero foi a barra secundaria, aqui chamada de barra de espírito. Visando deixar o jogo mais técnico e menos apelativo, ela limita o uso das magias, obrigando o jogador a partir pra cima no braço ou ficar em desvantagem, com a guarda aberta, enquanto recupera sua barra segurando algum botão por alguns segundos. Novamente, uma inovação que foi incorporada em praticamente todos os jogos de luta posteriores, na forma das barras de especial.

aof_ss

O legado da série

A série Art of Fighting seguiu com mais dois episódios, Art of Fighting 2, em 1994, e Art of Fighting 3: The Path of the Warrior, de 1996. O segundo jogo apresentou poucas melhorias em relação ao primeiro, trouxe mais personagens e a possibilidade de escolher qualquer um deles. Já o terceiro capítulo, que na verdade é um spin off, resgatou a caraterística de inovar da série, trazendo gráficos dignos dos 32 bits da época, uma quantidade absurda de quadros de animação e um sistema de captura de movimento inédito até então nos games de luta.

Mesmo perdendo a característica de exibir na face dos personagens os danos recebidos, Art of Fighting 3 é com certeza o melhor. A melhoria nos controles, a quantidade generosa de quadros de animação, aliado aos mais belos gráficos que a plataforma Neo Geo produziu, colaboram para um experiencia de suavidade e beleza, anos à frente de seu tempo.

https://www.youtube.com/watch?v=kKRBUd6SURw

Os jogos da serie Art of Fighting deram as caras nos Arcades, Neo Geo, Mega Drive, Super Nintendo, Playstation 2, Xbox, PSP e ainda podem ser encontrados na PSN.

Encontrou um erro?

Envie um email para contato@newgameplus.com.br com a URL do post e o erro encontrado. Obrigado! ;-)