Não deixe Overwatch te enganar pela aparência (e fique feliz com isso)

Títulos cheios de nuances, sejam elas personagens diferentes, habilidades para aprender ou sistemas para dominar, sempre deixam os jogadores de primeira viagem assustados. Afinal de contas, se mal se sabe apontar para a frente e apertar o gatilho, quem dirá conhecer as técnicas de mais de duas dezenas de protagonistas, entender como cada um funciona e saber exatamente como montar uma equipe?

Essa é a primeira impressão que fica ao se colocar as mãos em Overwatch, título multiplayer competitivo da Blizzard. Dando seus pulos pelo mundo do FPS, a empresa fez o que não era esperado dela – abraçar os casuais e novatos em um game que tinha tudo para investir na competição, e apenas nela.

São 21 heróis em Overwatch, divididos em quatro categorias. Enquanto alguns são voltados para o confronto direto, sendo mais fortes e resistentes, outros são voltados para uma jogabilidade mais furtiva ou estratégia, enquanto existem aqueles que dão suporte e, em alguns casos, nem mesmo são capazes de atacar direito. Só aqui já dá para sentir que o game tenta se encaixar em todos os quesitos, e entregar aberturas para qualquer jogador.

A primeira etapa, entretanto, é o tutorial, que leva o usuário pela mão e permite que ele aprenda o passo a passo de todas as mecânicas, entenda o conjunto de botões e a forma de utilização de cada personagem. E, em um grande passo para tornar Overwatch acessível, dá acesso direto a todos os heróis em uma arena de testes, de forma que o jogador possa, desde o começo, eleger seus preferidos e conhecer como cada um deles atua.

Batismo de fogo

Nenhum treinamento, entretanto, pode te preparar para a realidade do campo de batalha. Com tantos efeitos, habilidades e ações diferentes para cada personagem, é muito fácil ver os combates se tornando um verdadeiro caos de explosões, tiros, efeitos de cura, bombas e todo tipo de elemento voando por todos os lados. E, na maioria das vezes, vence não aquele que se enfiar no meio de tudo, mas que melhor souber usar a equipe e o próprio personagem a seu favor.

Ao ouvir isso, você pode até pensar que Overwatch não é um jogo para os aficionados por Call of Duty. E isso é verdade, caso você escolha mal o personagem. Os malucos pelo tiroteio desenfreado podem escolher jogar com o Soldado 76, que inclusive, pode usar itens para se curar enquanto atira loucamente. Já os “campers” podem preferir a Widowmaker, enquanto o Bastion manda tudo pelos ares com uma metralhadora giratória e bazuca devastadoras.

É aqui, entretanto, que mora um problema em potencial do game, existente em praticamente todo título que conte com tal variedade e quantidade de personagens – alguns, sempre, serão mais poderosos do que os outros. E nesse caso, o troféu “nerfem, por favor” vai para o já citado Bastion e para o robô Genji, daqueles protagonistas que te matam e você só percebe como isso aconteceu no replay, uma vez que sua cabeça já está no chão.

São coisas que virão com o tempo. Assim como o matchmaking irregular, que às vezes leva menos de dez segundos e em outras exige grande paciência até a localização de uma partida, o balanceamento entre os protagonistas deve ser um elemento sobre o qual a Blizzard deve dar certa atenção, atendendo aos pedidos dos jogadores e entendendo que a presença do robô destruidor, quase sempre, no ranking de jogada da partida, pode não ser algo lá muito leal.

De resto, parece que há pouco mais que a Blizzard possa fazer para entregar aquilo que os “nem joguei e já sou fã” esperavam. Trazendo sua experiência e tradição para um campo todo novo, Overwatch é diversão para quem quer passar algumas horas descompromissadas na frente do console ou PC, e desafio o bastante para quem leva a jogatina a sério e quer competir.

Não será surpresa se virmos, daqui um tempo, o título comparecendo em grande estilo nas competições de e-sports, trazendo momentos eletrizantes e partidas viradas de forma épica pela habilidade dos jogadores envolvidos. E, acima de tudo, podemos ver aqui toda uma nova geração de jogadores que, antes assustados com a ferocidade das ligas profissionais e a complexidade dos esportes eletrônicos, agora verão a habilidade, o tiroteio e a vitória apenas lhes saírem naturalmente das mãos.

Overwatch chega no dia 24 de maio para PC, Xbox One e PlayStation 4.