Batman – A Telltate Games Series, é o atual grande nome da desenvolvedora Telltale, apresentado durante a E3 e com previsão de lançamento do primeiro dos cinco capítulos em setembro deste ano. Durante a feira, conversamos com o chefe global de comunicação da desenvolvedora, Job Stauffer, na tentativa de descobrir mais detalhes sobre a série, e, embora bastante comedido, o diretor nos delineou aspectos interessantes sobre o que esperar do jogo.
New Game Plus: Os jogos da Telltale são compostos de estilo singular, que carrega a marca da desenvolvedora. O que podemos esperar dessa assinatura no novo jogo Batman?
Job Stauffer: É difícil falar sobre a trama sem realmente estragá-la, mas podemos dizer que essa definitivamente é uma estória sobre Batman, que explorará a personagem Bruce Wayne tanto quanto a do Homem-Morcego. A personalidade do homem é extremamente obscura, complexa, de grande bagagem emocional. Ele é um bilionário que “conseguiu tudo”, menos suprimir a solidão. O jogo direcionará respostas a questionamentos como o que se passa na cabeça dele, que vai às ruas de Gotham todas as noites numa verdadeira cruzada. O que o motiva a fazê-lo? Por que sua vida o conduz a esses caminhos? São essas as principais indagações.
NGP: Sob essa perspectiva, o que a Telltale traz de diferente ao já foi explorado da franquia? Como será essa distinção entre o homem com e sem a capa?
JS: O diferencial certamente está na pessoa que é Bruce Wayne. Temos mais de 70 anos de histórias do Batman e inúmeros diretores e escritores envolvidos, com diferentes pontos de vista. Conta-se nos dedos, entretanto, os poucos que exploraram quem é Bruce. Quando decidimos trazer a franquia para a Telltale, nos deparamos com um personagem tão rico quanto as nossas narrativas, com um grande potencial de exploração de alternativas e escolhas dos jogadores.
O fantástico sobre Batman é que cabe a você decidir se Bruce se portará – e também o Homem-Morcego – como um cara íntegro ou um completo babaca. O temperamento desse protagonista é tão ambíguo que o público realmente poderá escolher entre caminhos diametralmente opostos para o andamento da estória.
NGP: Como as questões acerca da moralidade, vilão e herói, insanidade e razão, típicas da maquinação Batman serão abordadas aqui?
JS: Na demo apresentada durante a E3, conhecemos vários personagens: o próprio Bruce Wayne, Selina Kyle, Harvey Dent, Alfred Pennyworth, Vicki Vale, Carmine Falcone e etc. Muitos outros nomes familiares surgirão posteriormente, porém seus rostos não serão reconhecidos a princípio. É preciso desenvolver a estória para que se descubra quem são. Nesse decorrer, a discussão aponta para o impasse de os vilões o serem puramente por automotivação, ou se o próprio Batman tem contribuição na constituição do Mau. E essa possibilidade não poupará a ninguém. Teremos, por fim, um difícil jogo de xadrez, cujas peças são todos os residentes de Gotham, da escória criminosa à elite política.
NGP: Os filmes do herói e recentes jogos da Rocksteady ainda estão muito frescos na memória dos fãs. É possível traçar similaridades entre esses e Batman – A Telltale Games Series, ou a abordagem é completamente diferente?
JS: A abordagem é completamente distinta. Não nos baseamos em qualquer roteiro de filme, quadrinho ou jogo. Esse é o nosso jeito, o mais autêntico possível, de abordar esse universo. Somos fãs e devemos respeitar a bagagem da série, mas realmente buscamos retratar a nossa própria visão sobre o Batman, a nossa construção do mesmo, o que, acreditamos, traz uma roupagem totalmente original ao intérprete.
NGP: Dando tanta ênfase à pessoa Bruce Wayne, podemos esperar por algo como, ou próximo a, dois núcleos de estória?
JS: Sim. Temos na demo a cena de confronto entre Batman e Mulher-Gato no terraço do banco. Quem é testemunha? A polícia de Gotham, alguns bandidos e sabe-se lá quem mais. Tudo o que Batman faz está sendo registrado na memória desse público. Gotham se lembrará de seus atos. As coisas que ele faz afetam a vida de Bruce e a das pessoas ao seu redor (o mesmo vale para as ações do homem).
O jogo se passa no começo de sua história enquanto combatente do crime, e a cidade ainda não sabe como tratá-lo, ou mesmo se deveria temê-lo. Batman é, portanto escrupulosamente vigiado, e o jogador deve estar ciente, o tempo todo, de que suas atitudes afetarão o outro eixo da história, que é a vida de Bruce Wayne, até então desanexa da do Homem-Morcego.
NGP: Qual é a perspectiva de suporte do jogo no Brasil? Podemos esperar por dublagem e legendas em português em breve?
JS: O que posso dizer é que, como um pequeno estúdio em crescimento há 12 anos, a Telltale está expandindo sua atuação em dezenas de países. The Walking Dead foi o nosso veículo para isso, e estamos cientes dos pedidos de dublagem para lugares diversos, principalmente na América Latina. Apresentaremos novidades muito em breve, e contamos com esse promissor mercado para construir o nosso nome, a nossa marca. É isso, por ora.
A fala de Stauffer, apesar de cautelosa e bem formulada por um competente media training, não escondeu seu entusiasmo com o lançamento do jogo, refletindo o sentimento da empresa e dos fãs, que como dito anteriormente, esperam pelo melhor trabalho já feito pelo estúdio. O diretor encerrou a entrevista com um apontamento curioso, como que a cereja do bolo para nos instigar à jogatina logo mais, em setembro: “Alguém argumentou comigo que Bruce é o mais louco de todos da estória. Eu lhe disse que, de fato, o homem de terno é quem veste a capa de Batman. É essa a verdade que queremos contar.”