Resident Evil 5 é a última relíquia de um tempo que muita gente acha que não existe mais. Lançado em março de 2009, o game originalmente lançado para o Xbox 360 e PlayStation 3 inovava ao trazer o modo cooperativo pela primeira vez à franquia, evoluía a partir das bases sólidas do quarto game numerado e trazia uma história que soava como o fim de um ciclo.

Também foi uma das últimas vezes, na saga, em que vimos um primor em termos de narrativa, desenvolvimento e, principalmente, visual. Esse último aspecto acaba evidenciado no relançamento para PlayStation 4 e Xbox One, que vem como, praticamente, a única novidade em um título que envelheceu muito bem. Mais do que isso, Resident Evil 5 retorna para nos lembrar de um tempo que parece não voltar jamais.

Era uma época de grandes blockbusters e o início dos grandes shows em que a E3 se transformou. O orçamento fervilhava e demandava vendas gigantescas, claro, mas a Capcom sabia que isso seria obtido por meio da qualidade, e não de saídas fáceis para emular estilos ou acenos baratos para fãs de jogos de tiro ou filmes de ação. Goste você ou não de Resident Evil 5, concorde ou não com os rumos dados por ele à história, uma coisa é certa: tecnicamente, temos aqui um dos melhores títulos da franquia e também da geração passada.

Com o poder da nova geração, então, temos aqui o que, mais uma vez, pode ser considerado uma “edição definitiva”. O relançamento traz todo o conteúdo de Resident Evil 5 e de sua versão posterior, a Gold Edition, com os dois DLCs do modo campanha. Além disso, estão aqui, também, a modalidade multiplayer Versus e um extra remodelado, Mercenaries United, que como o nome já diz, reúne em um único pacote os dois modos originalmente separados.

Resident Evil 5

Além, é claro, da maior atração desse relançamento, os gráficos em 1080p e rodando a 60 frames por segundo. Pense nessa nova edição de Resident Evil 5 como a versão para PC, rodando em configurações “High” ou “Ultra”, um fato ainda mais evidenciado pela presença do modo No Mercy, que lota a tela de inimigos no Mercenaries e era, até então, inédito nos consoles.

Trata-se, entretanto, de um aproveitamento melhor das capacidades do console, e não de uma remasterização. Aqui, não existe nenhum tipo de trabalho para tornar os gráficos melhores, e o aumento na resolução e performance tem mais a ver com a capacidade maior do Xbox One e PS4, em relação a seus antecessores, do que com algum tipo de alteração feita pela Capcom. A falta desse tipo de atenção é evidenciada pelos serrilhados que podem ser vistos aqui e ali, detalhes que eram imperceptíveis no original, mas agora, aparecem de forma mais flagrante.

É de se questionar, como sempre, a utilidade de relançamentos desse tipo, sem qualquer tipo de trabalho de adaptação. Para quem já virou o título de cabeça para baixo originalmente, há pouco valor aqui, e a compra pode acabar não sendo uma boa opção. O foco, como sempre, é permitir que mais gente tenha acesso ao game, principalmente aqueles que não o jogaram na geração passada. Para estes, Resident Evil 5 representa o que há de melhor na “era de ação” da franquia, que aparentemente, chegou ao final agora.

Colocá-lo, então, em uma sequência de relançamentos logo depois de RE6, é quase como fazer um contraponto entre passado e futuro. E se na análise anterior eu disse que o sexto game da série, se fosse um vinho, já estaria avinagrado, Resident Evil 5 é como aquelas garrafas antigas e de alta qualidade, mas que cuja vinícola decidiu interromper a produção para focar no mais lucrativo segmento das caipifrutas.

Resident Evil 5 foi analisado no PS4, em cópia cedida pela Capcom.

Encontrou um erro?

Envie um email para contato@newgameplus.com.br com a URL do post e o erro encontrado. Obrigado! ;-)